Quem tem medo de encarar a brutalidade?

Ou quando a violência doméstica é para ser mantida dentro de portas

São dois minutos que nos contam uma história. Como deve fazer qualquer anúncio publicitário ou de sensibilização, como é o caso. São dois minutos intensos que nos atingem a sério, a doer. Mesmo que não saibamos ao que vamos, a partir do primeiro quarto desse filme começamos a adivinhar o que nos espera. Já percebemos tudo ou quase. Entramos pela porta, como Keira Knightley, a actriz que dá vida à personagem principal, à espera do inevitável. Estamos lá, com ela, como ela.

Sentimos tudo. Repulsa, revolta, indignação, vergonha.

Este é um spot da “Women’s Aid“, uma organização de prevenção e combate à violência doméstica. Destinava-se a ser passado na televisão, numa campanha contra um flagelo mundial, que atinge todos os países e estratos sociais. Não foi autorizado. Num gesto de censura legal, a Clearcast, organismo do Reino Unido responsável por “examinar e autorizar” anúncios televisivos, chumbou o anúncio.

O anúncio é brutal? É, pois. E a violência doméstica? É um “walk in the park?”

Comments

  1. Pois é! É sempre a mesma questão. Pode-se falar, mas não se pode ver que traumatiza! É o que dizem. Faz-me lembrar quando há uns tempos queriam fazer outdoors com acidentes reais de automóveis e colocar imagens chocantes nos maços de tabaco. É melhor fazer de conta que estas situações não existem…

  2. Pois, é mais fácil dizer à criança que o papão existe do que ter de mostrar o dito cujo. É a cobardia de uma sociedade pouco séria nestas coisas, onde o “entre marido e mulher…” ainda pulsa com vigor.

  3. Luis Moreira says:

    É uma lástima o preconceito acerca da violência doméstica a começar pelas autoridades.Falou-se há tempos que íria ser considerado crime público, o que seria um avanço muito grande, mas não sei se avançou. Crime público, para os que não sabem, quer dizer que o Ministério Público é obrigado a mover acção crime mesmo sem queixa da vítima.

  4. Luís, a violência doméstica é crime público desde 2000.

  5. Luis Moreira says:

    Óptimo, não tinha a certeza.

  6. Carla Romualdo says:

    Acho inacreditável que se censure um anúncio por ser demasiado “realista” quando o número de mulheres assassinadas não pára de crescer! Façamo-lo pelo menos circular pela internet.

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