Comprar só para relaxar

Tenho uma certa tendência para coisas estranhas e ridículas. Nem preciso de fazer um grande esforço para as encontrar. É uma espécie de magnetismo que não consigo explicar. Há uns tempos atrás encontrei à venda uma “forma I Love You” para tostas!!! Apenas por 4.95 €!

tosta i love youMas quando pensei que não encontraria um artigo mais ridículo, encontro a “Embalagem de Nada“… É um bocado mais caro (6.95€) mas também é muito mais idiota. Ideal para aquelas pessoas que já têm tudo.

bolha com nadaCostuma-se dizer que se existe, está à venda na net. E é verdade. Existe uma variedade quase infinita de produtos totalmente idiotas onde qualquer um pode gastar dinheiro. Pode-se confirmar isto, por exemplo, no site da empresa Blue Q. No entanto, pode também tentar a sorte na Amazon e provavelmente arranjar mais em conta o “Do-it-Yourself Vasectomy Magnet Kit“.

vasecmotia

Para todas aquelas pessoas que têm o frigorífico cheio de ímanes (quem é que não tem?!?), estes são, sem dúvida nenhuma, os mais originais de todos. E também os mais idiotas…

grow up to be gay

Gosto especialmente do ênfase dado às propriedades do produto:

“A fabulous five magnet set for little boys that helps America’s children play and be gay!”

Não Há Justiça Sem Anões:

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Hoje fui à FNAC do Norte Shopping assistir ao lançamento do livro “Não Há Justiça sem Anões” de J. Mário Teixeira, um velho amigo da Areosa.

O Zé Mário é um dos tipos mais brilhantes da minha geração. É senhor de uma cultura geral vastíssima e de um humor apurado. Recordo com alguma saudável saudade as longas noites na “parreirinha”, em pleno centro da Areosa quando, noite fora, discutíamos política, o estado do sítio, os protagonistas do dito e da dita. Eu mais à direita, ele mais à esquerda, horas e horas a fio, por vezes até ao raiar do sol, para desespero do desgraçado que vivia por cima e quando já todos os restantes amigos tinham desistido e rumado a casa. Todos? Todos não, por vezes, o Quim aguentava estoicamente – e, de hora a hora, como que regressado das trevas, lançava uma sentença profundamente filosófica contra os mouros, os lampiões e toda essa “tropa de Lisboa que eu só quero ver a arder” e nós, incrédulos, riamos a bom rir. Sim, depois de longas discussões sobre socialismo, social-democracia, liberalismo, comunismo ou religião, as sentenças do Quim eram um tónico para um regresso à realidade. A vida dá muitas voltas. Quem nos ouvisse diria que o Zé poderia vir a ser jornalista e eu advogado. Foi precisamente ao contrário. Hoje eu estou um pouco menos à direita e, penso, o Zé um pouco menos à esquerda. Foi com ele que aprendi algo que considero importante: por muito diferentes que possam ser, ideologicamente, dois indivíduos, existem sempre pontos em comum e pontes a unirem.

Foi engraçado voltar a encontrar amigos e ver que estamos um pouco mais velhos, com menos cabelo, mais barriga e algumas brancas a surgir, timidamente. A apresentar a obra esteve o Bastonário Marinho Pinto, outro homem de grande frontalidade como o Zé Mário. Não fiquei até ao fim. Hoje não era dia para pegar no Zé e, pé ante pé, rumar à “parreirinha” para uma longa noite de conversa. Para matar saudades. Fica para a próxima.

Obrigado Zé Mário.

Debate sobre o RSI – O Portugal dos Pequeninos

Fico chocado com o facto de a fraude na atribuição do RSI ser um tema suficientemente importante, no contexto actual, para ser debatido.

Sinceramente, penso que o país tem problemas bem mais sérios, com custos económicos e sociais francamente mais elevados, com que se preocupar.

A fraude ao RSI é verdadeiramente insignificante por alguns motivos muito simples:

1 – A expressão orçamental é muito reduzida;

2 – Os beneficiários fraudulentos são pessoas que, tivessem nascido em França, teriam direito ao RSI sem recurso a fraude, uma vez que, no fundo, até nem são “ricos”;

Também não procede muito bem a ideia do subsidio à preguiça. O Homo Preguiçosus parece-me ser dos maiores mitos urbanos que existe. Não vejo uma corrida das pessoas ao desemprego para tentarem obter os subsidios a que essa situação lhes daria direito. Nem conheço pessoas que queiram permanecer propositadamente na pobreza para não perderem o subsídio. Mais frequente é, de facto, ver pessoas a acumularem prestações sociais com salários. Mas nem isso me chateia muito. Por um motivo muito simples: Nem com a fraude conseguem fugir da pobreza! Conseguissem ter condutas fraudulentas na direcção do BPP e talvez tivessem melhor sorte…!

É evidente que situações de fraude existem, assim como existirão um punhado de “ovelhas negras” que estouram as prestações sociais em cerveja e não “gostam” do trabalho. Assim como é evidente que estas situações devem ser combatidas. Assim como é evidente  que as prestações sociais têm que ser aumentadas. Assim como é evidente que estas ovelhas negras constituem uma esmagadora minoria.

Por estes motivos, estou sériamente despreocupado com a fraude ao RSI, e às prestações sociais em geral. Preocupam-me sim as fraudes nos sistemas financeiros e nos concursos públicos, entre outros problemas que podiam ser resolvidos com recursos “desperdiçados” na busca do “desgraçado” que, graças a uma fraude qualquer, consegue ter um rendimento de 700€ em vez dos 450€ do salário mínimo.

Nesta ordem de ideias, só me resta uma última conclusão, em termos políticos: Paulo Portas anda a galopar eleitoralmente a pequena inveja de paróquia, aquela pequenez tão portuguesa, a tal que faz com que estas irrelevantes situações se tornem (no contexto actual) dignas de debates superiores a 5 segundos. Apela ao que de pior existe entre vizinhos. E presta, com isso, um péssimo serviço à qualidade do ar que se respira na nossa sociedade.

DOU COMIGO A NÃO LIGAR A PONTA DE UM CORNO ÀS ELEIÇÕES!!!

FUI DOS QUE, EM TEMPOS IDOS, LUTARAM POR ELEIÇÕES LIVRES, SEM SONHAR SEQUER A MERDA EM QUE ISTO IA MERGULHAR.

 Teoricamente, não é difícil conceber os caminhos para uma sociedade saudável, justa e equilibrada.

 1 – Prioridade máxima às crianças, a todas as crianças, sementes da saúde de uma sociedade futura.

2 – Educação e Cultura, sangue de uma sociedade nova.

3 – Justiça social, fiel da balança de uma sociedade digna e honrada.

Estes três caminhos constituem, do meu ponto de vista, os grandes passos na promoção da saúde de um país. Esta, a única forma válida de eliminar o mais possível o fantasma do futuro.

 Na prática, tais caminhos são de difícil percurso, por quatro razões principais:

1 – Os ricos e poderosos são voluntariamente cegos e egoístas, tendo como única obsessão na vida a acumulação incondicional de dinheiro. Não vêem ou não querem ver que é muito maior a felicidade de viver numa sociedade justa e equilibrada do que a felicidade de contemplar a pobreza do alto do um monte de notas.

2 – O poder político pouco mais é do que o executor dos interesses do poder económico. Além disso, os políticos são, muitas vezes, medíocres, facilmente corruptos, insensíveis e sem qualquer visão construtiva do mundo.

3 – O povo não é suficientemente culto para entender as complexas relações de causa e efeito, daqui decorrendo a sua incapacidade para romper o amorfismo e empreender as mudanças de comportamento necessárias à germinação da semente de uma sociedade nova.

4 – Os mais responsáveis, os ditos intelectuais, aqueles que, por força do conhecimento, mais próximos deveriam estar da verdade e da sua irmã gémea, a moral social, os detentores da ciência nos seus mais diversos ramos, os agentes da abertura das mentalidades, estão obrigatoriamente enfeudados, consciente ou inconscientemente, nas formas de pensamento único impostas pelas linhas dos grandes interesses.

 Estas razões constituem, a meu ver, os maiores e mais graves factores de risco da nossa sociedade doente, razões a que não se alude em nenhuma das  conferências e crónicas sobre o tema, e que sistematicamente se escamoteiam, para não libertar a verdade, sempre INCÓMODA, SEMPRE NEFASTA, SEMPRE INIMIGA DA MENTIRA.

Escolas secundárias: O «ranking» do Aventar

Ano após ano, a comunicação social apresenta-nos resultados completamente falaciosos do panorama das nossas escolas secundárias. Quem vir esses «rankings» chega à conclusão de que se vive o melhor dos mundos nas escolas privadas e o «inferno na terra» nas escolas públicas. São «rankings» que ignoram a componente sócio-económica dos alunos que compõem cada escola. São «rankings» que ignoram também a localização de cada escola – estar situada no litoral ou no interior não é despiciendo. São «rankings» que ignoram ainda o número de alunos que cada escola leva a exame – nuns casos, 50; noutros casos, 500.
Bastava deslocar os alunos de uma escola privada para uma pública, e vice-versa, e os resultados seriam exactamente o oposto. Uma escola em 400.º lugar no «ranking» pode fazer um trabalho melhor do que uma escola classificada nos 10 primeiros lugares.
Como não é possível transferir os alunos, o Aventar decidiu elaborar o seu próprio «ranking» das escolas secundárias em 2009. Partindo das Classificações de Exame em cada escola, decidimos acrescentar uma variável sócio-económica e uma outra relacionada com o número de alunos que cada escola levou a exame. Estas variáveis destinam-se a corrigir as assimetrias regionais e económicas que se verificam no nosso país e a dimensão de cada estabelecimento de ensino.
Essas duas variáveis traduzem-se da seguinte forma no nosso «ranking»:

– bonificação de 20 pontos (em 200) para as escolas públicas dos distritos do interior do país;
– bonificação de 10 pontos (em 200) para as escolas públicas dos distritos do litoral do país (excepto Lisboa e Porto)
– bonificação de 10 pontos (em 200) para as escolas privadas do interior do país;
– bonificação de 5 pontos (em 200) por cada 100 exames realizados para todas as escolas.

Tendo em conta estes valores, obviamente subjectivos (mas tão subjectivos como a lista que a comunicação social anualmente publica), o «ranking» do Aventar é o seguinte:

1 – Escola Secundária Alves Martins (PUB, Viseu) – 215,69
2 – Escola Secundária Jaime Moniz (PUB, Madeira) – 196,37
3 – Externato Ribadouro (PRI, Porto) – 183,58
4 – Escola Secundária Garcia de Orta (PUB, Porto) – 182,14
5 – Escola Secundária Carlos Amarante (PUB, Braga) – 181,41
6 – Escola Secundária Gabriel Pereira (PUB, Évora) – 176,25
7 – Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo (PUB, Leiria) – 176,28
8 – Escola Secundária Domingos Sequeira (PUB, Leiria) 174,54
9 – Escola Secundária de S. João do Estoril (PUB, Lisboa) – 172,46
10 – Escola Secundária Eça de Queirós – Póvoa (PUB, Porto) 171,53
11 – Escola Secundária de Raúl Proença (PUB, Leiria) – 171,11
12 – Escola Secundária Vergílio Ferreira (PUB, Lisboa) – 173,56
13 – Escola Secundária Infanta D. Maria (PUB, Coimbra) 171,69
14 – Escola Secundária Leal da Câmara – Sintra (PUB, Lisboa) – 171,10
15 – Escola Secundária Santa Maria de Sintra – Sintra (PUB, Lisboa) – 170,84
16 – Escola Secundária D. Maria II (PUB, Braga) – 170, 20
17 – Colégio Nossa Senhora do Rosário (PRI, Porto) – 169,83
18 – Escola Secundária de José Gomes Ferreira (PUB, Lisboa) – 168,78
19 – Escola Secundária Dr. Ginestal Machado (PUB, Santarém) – 167,17
20 – Escola Secundária Sebastião e Silva – Oeiras (PUB, Lisboa) 165,40
21 – Escola Secundária Poeta António Aleixo – Portimão (PUB, Faro) – 164,04
22 – Escola Secundária Camilo Castelo Branco (PUB, Vila REal) – 165,16
23 – Colégio Luso-Francês (PRI, Porto) – 163,17
24 – Escola Secundária da Amadora (PUB, Lisboa) – 162,97
25 – Escola Salesiana do Estoril (PRI, Lisboa) – 162,51

(continua)

A assistir lesionado também não pode ser

a assistir

Já chegou a assistência ao Sabrosa com a Hungria, não já?

VERGONHA!

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A ENERGÚMENA MAITÊ PROENÇA
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Circula uma petição a exigir um pedido de desculpa aos Portugueses. ASSINE-A!

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JM
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QUADRA DO DIA

Portugal da bancarrota
Com toda a corja bandalha
Nem c’os santos a ajudar
Vais ganhar esta batalha.

CALINADAS E CALINADINHAS

“MAIS CASOS QUE VAI HAVER” e não “MAIS CASOS QUE VÃO HAVER” (Brrrrrr).

“NÃO PRECISAM DE SER ESTUDADAS” e não “NÃO PRECISAM DE SEREM ESTUDADAS” (Brr).

A escola pública autónoma

Reforçar a autonomia da escola pública face ao Ministério da Educação e dos Sindicatos é o grande salto em frente para a qualidade.

Há cinco anos que são conhecidos “rankings” das escolas segundo determinados parâmetros. É já possível tirar conclusões quanto à capacidade da maioria das escolas públicas. Temos escolas que se classificam sistematicamente nas primeiras cem, as que se classificam nas primeiras duzentas e as que se classificam nas primeiras 500.

Estas escolas dão todas as garantias para receberem com sucesso, plena autonomia de meios financeiros, técnicos e humanos. Se os burocratas se sentirem muito incomodados por virem fugir das suas garras de uma só vez, tantas escolas, pode avançar-se por modelos em que no primeiro se integrem as primeiras cem, a seguir as segundas cem e por aí fora.

A autonomia é que cria as condições para uma verdadeira escola competitiva, não só a nível dos objectivos que venha a acordar com o Ministério, mas tambem porque as melhoras, reconhecidas, serão mais procuradas.

Estarão criadas as condições para que os professores sejam pagos segundo uma avaliação por objectivos, sem divisões artificiais na carreira e sem burocracias que só dificultam, e que dão pretextos para que sindicalistas e políticos se degladiem à custa dos professores e dos alunos.

Para quem quer que a escola patine, então é fazer de conta que são os sindicalistas e os burocratas é que são os verdadeiros actores da Educação, ou então baralhar e dar de novo e propor o cheque ensino para uma suposta liberdade de escolha.

Porque os que podem escolher já o fazem como atesta a existência das escolas privadas ! E pior, o factor dinheiro nem é o preponderante na escolha. Resta-nos elevar o nível do ensino em todo o país, segundo as características do lugar onde a escola funciona.

Maitê Proença de Saia Justa e agora numa camisa de forças

Conheço algo sobre o Brasil e os brasileiros. Não tudo, o Brasil é um continente, não é um país. Já vi de tudo. De pessoas muito inteligentes, cultas, até muito ignorantes e uns tantos estúpidos. Daqueles que já trazem o carimbo a quilómetros de distância. Lá como cá. É natural que em cerca de 180 milhões haja mais parvos que nos nossos 10 milhões. Maitê Proença é gira mas deve fazer parte do lote de alguns milhões de parvos que por lá existem.

O caso do vídeo onde a actriz e escritora fraquinha, muito fraquinha, goza com os portugueses e Portugal é uma irrelevância, que não merece muita atenção. Nem será caso para nos espantarmos. Os portugueses há muito que são alvo de anedotas por parte dos brasileiros. Algo que não espanta. Faz parte dos preconceitos. Como nós os temos, aliás. A maior parte dos portugueses vê os brasileiros como completamente estúpidos e burros.

A própria Maitê colobora para essa ideia, ao cometer erros absurdos, demonstrando que não fez os trabalhos de casa e fala do que não sabe.

 

P.S. Consta que um grupo de tugas indignados começou a inundar de mensagens o site / blog da actriz, onde Maitê fez questão de dizer que não quis ofender “Portugau” e os “portuguezess”. Deve ter sido bem tramado porque há muito que o site está em baixo. É caso para dizer que depois do programa “Saia justa”, a senhora, no que a Portugal diz respeito, ficou numa camisa de forças.

Quando o céu de Moscovo ficou diferente

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Estão a ver a imagem acima? Olhem outra vez. Analisem, observem muito bem. Especulem… Uma nave extra-terrestre? O escudo anti-mísseis EUA / Rússia? O buraco onde Fátima Felgueiras se vai enfiar depois destas autárquicas?

Antes de começarem com as teorias da conspiração ou previsões de que é desta que os extra-terrestre cheguem ao nosso planeta, fiquem a saber que os meteorologistas da Rússia explicam o fenómeno do ponto de vista científico.

Várias frentes de ar passaram por Moscovo recentemente, incluindo uma frente de ar proveniente do Ártico, e o Sol estava a incidir de oeste, e assim se produziu o efeito óptico”.

Pronto, tudo explicado. Tudo? Não, numa pequena aldeia podem juntar-se todos os adeptos da conspiração que lutam, agora e sempre, contra os invasores. Apenas temem que o céu lhes caia na cabeça.

Veja o vídeo:

O menino, quer dizer, o cromo, é um democrata e tanto. Mesmo não permitindo comentários às suas postas, quanto mais não seja para lhe explicar alguns pormenores, coisas sem importância: a bandeira, menino, não significa que seja monárquico (que não sou) mas representa, como noutros blogues, o Condado Portucalense. Mas devemos ser comprensivos, é fruto da derrota. Mas isso também passa ó supostamente.
Quanto ao mais, é melhor o menino ler ISTO e já agora ISTO, ISTO, ISTO.

https://aventar.eu/2009/10/13/196923/

Quente e Seco

O mês de Setembro de 2009 foi o mais seco dos últimos 22 anos, em Portugal continental, sendo o 9º mais seco desde o início dos registos, em 1931.

A quantidade de precipitação registada no mês, no continente, situou-se bastante abaixo dos valores médios de 1971-2000, com uma expressão de 18% em relação ao respectivo valor médio, classificando-se, assim, Setembro como seco a muito seco na grande generalidade do Continente, com uma única excepção para o Baixo Alentejo. Em termos mensais, o mês registou uma quantidade de precipitação, em relação ao valor médio (1971-2000), inferior a 60% em quase todo o território, sendo mesmo inferior a 10% na região Norte e parte do Centro. Somente no Baixo Alentejo este parâmetro se situou acima do respectivo valor médio.

Setembro caracterizou-se por valores médios de temperatura máxima do ar superiores aos valores normais, 1971-2000, em todo o território do Continente, com uma anomalia de + 1,6ºC. A temperatura mínima situou-se muito próxima dos valores normais, com uma anomalia de + 0,1ºC e a temperatura média também acima dos valores normais com uma anomalia de + 0,8ºC.

No final de Setembro mantém-se a situação de seca meteorológica, com agravamento em relação ao mês anterior, com a totalidade do território continental em situação de seca meteorológica, sendo que 43% se encontrava em situação de seca severa, 3% em seca extrema , 44% em seca moderada e 10% em seca fraca. (Fonte: Inst. de Meteorologia)

Nada de muito preocupante como se pode constatar, até porque 54% do território encontra-se apenas em seca moderada e fraca. Há que ver as coisas sempre pelo lado positivo, não é verdade? Em pleno Outubro, há pessoas a fazer praia! Mais grave ainda, é ouvir conversas de rua em que as pessoas acham que isto (o tempo) deveria sempre assim, porque o frio e a chuva são muito desagradáveis!!! Pode ser que a preocupação apareça no mesmo momento em que as torneiras lá de casa deixem de pingar…

A máquina do tempo: ainda a palavra – no princípio era o trabalho

A máquina do tempo: ainda a palavra – no princípio era o trabalho

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Hoje, não vou estar com meias medidas: vamos fazer uma viagem de algumas centenas de milhares de anos. Vamos até aos alvores do Paleolítico inferior. Abordando o interessante tema da origem e evolução da poesia, o filósofo e antropólogo britânico George Derwent Thomson (1903-1987), publicou em 1945 um estudo a que deu o título de «Marxism and Poetry» (com uma edição portuguesa, da Teorema, em 1977 – «Marxismo e Poesia»). O ensaio analisa a questão de uma óptica onde se integram a sociologia, a antropologia e a linguística. Baseia-se, principalmente, em estudos de campo feitos pelo autor e na recolha de testemunhos de sociedades primitivas, já que a poesia produzida por esse tipo de sociedades não pode ser estudada em espécimes escritos; a sua natureza oral antecede em muitos milhares de anos a escrita e o conceito de literatura. Como Thomson diz, a poesia representa um tipo especial de palavra – se queremos estudar a sua origem, temos de a procurar na origem da palavra e isto, em última análise, significa estudar a origem do homem, pois a palavra constitui um dos traços distintivos mais importantes do homem.
Na realidade, ainda que o aparecimento do homem não esteja ainda cabalmente explicado e localizado no tempo, há um ponto em que os investigadores estão de acordo – o homem diferencia-se dos outros primatas através de duas características principais: pelo uso sistemático de utensílios especializados e pela palavra. De uma forma mais geral, os primatas diferem dos vertebrados inferiores por serem capazes de permanecer de pé e de usar as extremidades anteriores como mãos.
Ter-se-ão desenvolvido e evolucionado a partir de condições particulares do meio e que determinaram um progressivo aperfeiçoamento da região do cérebro que comanda os órgãos motores. Animais florestais, a vida nas árvores, exigiu-lhes agilidade, rigorosa coordenação da vista e do tacto (visão binocular e um delicado controlo muscular). Desenvolvidas as mãos, elas colocaram ao cérebro uma gama de novos problemas, recebendo em troca um mundo de novas possibilidades. Desde a origem, portanto, existiu sempre uma total ligação entre a mão e o cérebro.
Por seu turno, o homem difere dos outros primatas evoluídos, por conseguir não só colocar-se de pé, mas andar erecto, usando só os membros inferiores. Há quem defenda que esta aptidão se desenvolveu em consequência de um despovoamento arborícola que o forçou a instalar-se no solo. Seja isto verdade ou não, o importante é ele ter operado uma completa divisão, uma especialização, entre as funções das mãos e as dos pés. Os dedos grandes dos pés perderam a preensabilidade; os dedos das mãos atingiram um elevado grau de destreza, desconhecida entre os demais primatas superiores – gorilas e chimpanzés, por exemplo, podem manipular troncos e pedras e usá-las como armas ou ferramentas, mas só as mãos humanas conseguem transformar esses materiais em utensílios especializados.
Esta terá sido uma etapa decisiva, pois marcou o início de um novo sistema de vida – o homem, agora equipado com utensilagem, lançou-se na produção dos seus meios de subsistência, em vez de pura e simplesmente deles se apropriar – cavou a terra, plantou-a, regou-a, colheu, moeu os grãos, fez o pão. De utente passivo da natureza, passou a controlá-la e, nessa luta por dominá-la, apercebeu-se de que ela se regia por leis próprias, independentes da sua vontade. Apreendendo o sentido dessas leis naturais, deixou de ser escravo da natureza, passou a ser seu amo.
Necessitando de encontrar uma explicação para o universo, concebia-o como coisa que pudesse ser transformada por actos arbitrários da vontade – terá surgido a magia como técnica ilusória compensadora da falência da técnica real; ou digamos antes que é a técnica real apresentada sob um aspecto subjectivo. O acto mágico é a tentativa que os homens fazem para impor a sua vontade ao meio, imitando o processo natural que querem desencadear – se querem chuva, executam uma dança em que imitam o movimento das nuvens adensando-se, o ruído do trovão, o raio que cai…
Nos estádios iniciais, o trabalho de produção era colectivo. As mãos da comunidade trabalhavam em conjunto e, o emprego de utensílios, motivou um novo meio de comunicação. A gama de gritos animais é limitada. No homem, porém, esses gritos tornaram-se articulados, foram elaborados e sistematizados como meios de coordenação dos movimentos do grupo. Por isso, quando inventou os utensílios, o homem inventou a palavra. Mais uma vez se verifica a ligação entre a mão e o cérebro.
Quando vemos uma criança a tentar manejar pela primeira vez um pequeno martelo, podemos imaginar o grande esforço mental que as tentativas iniciais para usar um utensílio devem ter custado ao homem. Tal como as crianças na orquestra do infantário, o grupo trabalhava em comum e cada movimento da mão ou do pé, cada golpe sobre uma pedra ou sobre uma vara era ritmado por um recitativo mais ou menos inarticulado que todos cantavam em uníssono. Sem esse acompanhamento vocal o trabalho não poderia ser executado. A palavra terá, pois, surgido como elemento essencial da produção colectiva.
À medida que a habilidade foi evoluindo, o acompanhamento vocal ritmador foi deixando de constituir uma necessidade psíquica. Os elementos do grupo foram sendo capazes de trabalhar individualmente. Mas o aparelho colectivo sobreviveu sob a forma de uma repetição executada antes do início da tarefa concreta – uma dança através da qual os trabalhadores reproduziam os movimentos colectivos que anteriormente eram indissociáveis da tarefa propriamente dita. É aquilo a que os antropólogos chamam «dança mimética» e que ainda hoje se pratica entre as tribos primitivas.
Entretanto, a palavra desenvolveu-se – de acompanhamento directo do emprego de utensílios, na origem, transformou-se em linguagem tal como hoje a conhecemos – um meio de comunicação, consciente e articulado, entre os indivíduos. Sobreviveu na dança mimética e, enquanto parte falada, manteve a função mágica. Assim, em todas as línguas, encontramos dois modos de conceber a palavra – a «palavra corrente», o meio de comunicação quotidiano entre os homens, e a «palavra poética», material mais expressivo e mais apropriado aos actos colectivos do rito fantástico, rítmico e mágico.
Tentei aqui sintetizar, reproduzindo o sentido, o raciocínio de Thomson. Se o seu raciocínio é correcto, isso significa que a linguagem poética é essencialmente mais primitiva do que a palavra corrente, na medida em que preserva em elevado grau as qualidades de ritmo, de melodia, de fantasia, inerentes à palavra enquanto tal. Sendo apenas uma hipótese, apoia-se no que se conhece das sociedades primitivas – verificamos que a diferenciação entre a palavra poética e a palavra corrente é relativamente incompleta.
Thomson estabelece, pois, uma íntima ligação entre colectividade, trabalho e poesia. É uma tese que vem colidir com os que querem que a poesia se situe num plano isolado (e superior) da realidade objectiva; esta teoria vincula a palavra poética, desde a sua mais remota origem, às tarefas concretas do quotidiano, nomeadamente ao trabalho.
Isto permite-nos tirar muitas conclusões e a minha adesão a esta teoria é tudo menos inocente. Como noutras viagens da minha máquina teremos ocasião de comprovar.

Coimbra não vota em traidores

Era uma vez um concelho chamado Coimbra onde reinava Carlos Encarnação. A concorrência directa chamada PS achou que não o iria destronar, e andou andou andou para encontrar alguém que fosse perder com ele.

Mas também havia um vice-reinador de seu nome Pina Prata que se tinha desentendido com o reinador-mor, sendo por ele demitido dos seus poderes, e se preparava para afrontar nos votos do povo o que perdera em votos no seu partido.

O partido chamado PS acabou por ir buscar um doutor à universidade. Ora neste concelho o povo tinha um ancestral segredo: quando dizia senhordoutor, pensava filhodaputa. Coisas de uma velha luta de classes entre o povo e os doutores, que nem mesmo um ainda jovem partido de esquerda percebe.

Como o desentendido Pina Prata  se intrometia, traindo e fazendo-se a uma campanha desabrida, ainda  nasceram esperanças nas hostes oposicionistas de penetrar pelas tropas adversárias assim rompidas.

Sucedeu então que Coimbra não votou no traidor, e votou no senhor que já reinara oito anos.

Ficou tudo como dantes, mas pelo menos vou gramar com menos ranchos (essa coisa do António Ferro promovida a muito antiga quando ainda é só velha), reformando-se o mais inacreditável vereador da cultura das autarquias nacionais de todo o sempre, espero.

E somos todos muito felizes.

Contos Proibidos – Memórias de um PS desconhecido. Salgado Zenha

continuação daqui

«Quem ironicamente tudo percebera – e digo ironicamente a pensar no que viria a acontecer, dez anos depois, em 1985 – foi Salgado Zenha que, apesar do importante trabalho que desenvolvia no Ministério da Justiça, passou a dar maior importância às actividades do Partido Socialista. Mas a sua total lealdade para com o sempre ausente Mário Soares era um raro exemplo nas relações entre os dirigentes socialistas . Não fosse isso e teria facilmente sido ele a liderar o Partido Socialista. É que, com algumas raras excepções, entre os quais me conto, os principais quadros de então estariam com Zenha se assim ele o desejasse. Este apercebera-se durante o Congresso da manobra do PCP, sendo bastante expressiva a cerimónia de encerramento do I Congresso, em que Soares e Serra de pé cantam o hino do Partido de mãos dadas ao ar, com um Zenha «carrancudo» sentado entre ambos. Convencido de que chegara a altura de travar o avanço dos comunistas, e enquanto Soares em Moscovo se esforçava por estabelecer com as autoridades soviéticas relações tão cordiais quanto possível, passa ao ataque empenhando, pela primeira vez, a bandeira da resistência contra o sonho bolchevique. No dia 6 de Janeiro publicaria um artigo no «Diário de Notícias» contra a «unicidade sindical», decretada pelo então Secretário de Estado Carlos Carvalhas, que Zenha afirma ser inconstitucional. A firmeza com que foi lançada esta inesperada oposição do PS provocaria o abandono de Manuel Serra e mudaria o rumo dos acontecimentos em Portugal. Salvaria o país da ditadura que estava na forja sem qualquer reacção até então das forças democráticas e salvaria Mário Soares de vir a desempenhar o papel de Kerensky que Henry Kissinger lhe preconizara em Outubro de 1974.
Foi o grande herói socialista e aquele que, um dia, feitas todas as análises e escritas todas as memórias, os Socialistas portugueses recordarão como, provavelmente, a sua maior figura do século XX. Mas disso falarei mais à frente quando, com total candura, também explicarei os pontos que me levaram a dele discordar em várias ocasiões. Mas como diria Mário Mesquita, em 1976, “ao fim destes dois anos de excessos vários e alguma anarquia, Salgado Zenha, pela sua visão englobante e nacional, credita-se como um dos nossos raros homens de Estado. O que não é, necessariamente, boa sina, porque o Estado ainda está por fazer e os portugueses nem sempre perdoam aos que fogem à bitola comum.»

Parece que o povo não vota nos supérfluos BE e PP porque na hora da verdade ele é:

“vamos lá votar a sério, que aqui trata-se do alcatrão da minha rua”,

acha RCP.

Assim fala o povo de Gondomar a Oeiras.

A máquina do tempo: «Salgalhadas na Lusolândia» ou como nada há de mais sério do que o humor

Hoje, a nossa máquina viaja até ao território da ficção. «Salgalhadas na Lusolândia»? Mais um título roubado? Não, desta vez, a minha cleptomania que tem vindo a agravar-se nos últimos tempos, não me atacou. Desta vez, não se trata de um furto, mas sim de uma citação, da transcrição pura e simples do título de uma novela do amigo José Luís Félix, um romancista outsider. Edita as suas obras em pequenas tiragens, funcionando à margem do mercado convencional. Isto porque as editoras (por razões compreensíveis) apenas publicam livros de autores muito conhecidos e comerciais – o que gera um círculo vicioso de dinâmica fácil de entender: não se é publicado porque não se é conhecido e não se é conhecido…

Há uns meses, José Luís Félix, lançou uma novela – «Salgalhadas na Lusolândia». Por «salgalhada» entenda-se confusão, mistura de coisas, mixórdia, trapalhada… Tudo coisas impossíveis de acontecer em Portugal, mas que na Lusolândia, um país imaginário (mas fácil de imaginar), se desenrolam a alta velocidade. Vou só dar algumas pistas.

Carlos Manuel, um alto funcionário da polícia secreta, uma espécie de Pepe Carvalho, vê-se envolvido numa trama de espionagem internacional. As personagens vão surgindo em catadupa – o primeiro-ministro Aristóteles, o político que implementou o Acelerex e o Melhorex, a veterana socialite Titi Canecas, o jovem Cristino Reinado, um ídolo do futebol e muitas outras. Carlos Manuel anda enquerençado até mais não poder pela Professora Maria Adelaide Rodrigues, uma assessora de informática da polícia. Uma assessora boazona, entenda-se. E essa fixação não vai facilitar nada um límpido discernimento por parte do alto funcionário, porque a Maria Adelaide (Milai para os amigos) faz mais parte do problema do que da solução.

Tudo começa quando a polícia secreta seguia um vendedor de tapetes, com turbante e tudo, e com uma grande pinta de terrorista. Será que o homem apenas vende tapetes, como afirma, ou anda a engendrar alguma tramóia contra a civilização ocidental? As coisas complicam-se com o envolvimento da CIATICA nas investigações, dado que se descobriu que os fundamentalistas da Alta Queda também estão envolvidos.

Através da CNN, o presidente da grande super-potência, o Cheap Valium faz uma comunicação ao mundo, sentado solenemente na Sala Esdrúxula, em plena Casa Preta. Na Lusolândia, o Berloque Sinistro entra também na dança denunciando estranhas cumplicidades… Há muita acção, perseguições vertiginosas através do Eixo Sudoeste – Far West, escutas comprometedoras e gravações das câmaras de videovigilância… Enfim, tudo coisas que só podem ocorrer em países imaginários como a Lusolândia.

José Luís Félix cria um retábulo delirante que merece a pena ser lido. Por isso, não revelo o enredo da história, limito-me a referir alguns aspectos da narrativa, sem vos dar pistas quanto ao seu percurso e desfecho. Se conseguirem encontrar o livro, não hesitem, comprem-no. E quando acabarem de o ler, depois de se terem rido, dirão. «O que vale é que isto é tudo fantasia». Ou não será?

Se o PS agora tem mais votos…

2083833, do que nas legislativas onde teve 2077695, dá que pelo menos 6138 votantes do PS, neste Domingo,  não gostaram do governo anterior, no outro Domingo.

Claro que podem ser familiares de candidatos, amantes e simples interessados na manutenção do emprego. A proximidade entre o eleitor e o candidato. Simpatias, sinergias, a admiração pelo serviços prestados pelo autarca.

Mas também pode ser outro afastamento – e contando a diferença no número total de eleitores que votou, pode mesmo ser.

O interesse das fontes no jornalismo

Se os jornalistas não fizerem o seu trabalho de investigação, cruzando fontes e confirmar o “material” que lhes foi oferecido, estão sempre a fazer um trabalho encomendado. As fontes não estão interessadas em repor a verdade ou em denunciar situações de abuso. A ser assim não precisavam de serem protegidas. Davam a cara.

Há centrais de informação ligadas a interesses instalados muito poderosos, que fazem publicar “notícias” que lhes servem para manter esse poder, afastando adversários . Nessa perpesctiva, certo jornalismo de que o “Independente” foi líder, objectivamente, ajuda a que as corporações se mantenham e se perpetuem no poder. Ao contrário do que querem fazer crer, que se tratam de uma espécie de lutadores pela liberdade, são exactamente o contrário, dando voz ao que há de pior na vida pública .

Publicar notícias sem qualquer contacto pessoal ou telefónico tive várias experiências . Numa delas a jornalista, quando confrontada com documentos que provavam o contrário do que tinha publicado, diz-me “nós não sabemos quando é verdade ou mentira”. Mas nem um contacto prévio fez.

Noutro caso, os jornalistas, se assim lhes podemos chamar, ficaram muito surpreendidos quando perceberam que o projecto de que me acusavam nem sequer estava sob a minha accção, nada tinha a ver com o assunto, e nem havia pessoas comigo ligadas envolvidas, em tal concurso.

Mas ninguem tem dinheiro para manter acções em tribunal contra estes senhores, a não ser quem lhes paga, esses sim ricos e poderosos.

Lembrei-me agora disto ao ver e ouvir aquele “Prós e Contras” em que foram os jornalistas que se queimaram. Foi bom ver e ouvir como se fabricam notícias .

Claro, que a médio prazo quem pratica este tipo de jornalismo miserável, tem o lindo enterro que o “Independente” teve.

E a Justiça que não temos em Portugal tambem ajuda !

Melhoramentos

O Isac Caetano já aqui chamou a atenção por mais de uma vez para a generalizada manipulação de imagens no Photoshop sem que a maioria de quem as consome (nós todos) saiba que houve manipulação. Volta e meia, quem manipula, ou por desequilíbrio próprio ou porque a isso é obrigado(a) por quem lhe paga, exagera na manipulação e dá bronca. Desta vez aconteceu isso mesmo com a imagem de uma modelo de Ralph Lauren, a quem aconteceu esta bizarria: Ralph Lauren Cintura de vespa, braços e pernas escanzelados e uma cabeça maior do que a pélvis. Agora vejam a mesma rapariga, tal como ela é realmente:

O porta-voz da marca pediu desculpas e assumiu que a marca é responsável pela manipulação. Claro que a marca não se comprometeu a não efectuar manipulações futuramente, nem seria realista esperá-lo, quando todas as imagens publicitárias que nos chegam foram “melhoradas”. Creio que está na hora de deixarmos de usar seres humanos para promover as grandes marcas. Os seres humanos, como se sabe, são inevitavelmente imperfeitos e nunca dispensarão uma correcção mais ou menos profunda. As mulheres nunca são suficientemente magras, os homens raramente têm músculos bem definidos, ambos tendem a acumular gorduras inestéticas. Está na hora de abrir caminho aos homens e mulheres do futuro, os virtuais. Perfeitamente delineados, dourados por um sol também ele virtual, simétricos, esbeltíssimos, o sonho de qualquer Ralph Lauren.

Liberdade de escolha nas escolas? Teria a sua piada…

Por causa dos «rankings», que abordei ontem, o Insurgente propõe que os pais possam livremente escolher a escola para os seus filhos, seja pública ou privada.
Isso significa, se quisermos ser coerentes, que as escolas privadas têm de aceitar os alunos que lá quiserem estudar.
Não consigo esconder que acharia uma certa piada aos putos do Bairro do Aleixo a entrarem, todos contentes, pelo Colégio de Nossa Senhora do Rosário adentro. Sim, porque a liberdade, quando nasce, é para todos…

Por falar em democracia a mais

o PND/Madeira, que  levou na cara por denunciar as inaugurações jardinistas, elegeu um vereador no Funchal. Não tinha.

Afrontar compensa. O BE, por exemplo, ainda não tem.

Autárquicas – Maia – Uma estrondosa vitória

Análise mais demorada merece a Maia. Sim, porque esta cidade é minha!

As eleições de 2009 tiveram uma diferença muito importante em relação a 2001 e 2005. Ao contrário destas, o povo não saiu de casa com vontade de castigar o PS. As contas com o Governo já se encontravam saldadas. Isto fez-se notar particularmente na onda “rosa” que varreu o país. Em termos nacionais, é evidente que o PSD sofreu perdas muito importantes de votos, o que se traduziu em reduções de mandatos e de presidências de câmara.

Foi um PSD ferido o que se apresentou nestas eleições, e as urnas confirmaram algo que é evidente: O PSD está doente.

No entanto, em munícipios onde o PSD tem gerido com competência reconhecida, a “setinha” aguentou-se bem. Na Área Metropolitana do Porto são disso exemplos Porto, Gaia e também a Maia.

A Maia é um municipio com uma população sociológicamente de esquerda, onde, nas eleições autárquicas, ganha sistemáticamente a direita. No entanto, é óbvio que em termos autárquicos a diferença esquerda/direita é inexistente, sendo a Maia igualmente um bom exemplo disso.

Parece cada vez mais claro que em municipios em que o povo se identifica com as pessoas, o partido é indiferente. Note-se que até a capital portuguesa do rodeo elege uma presidente do único partido assumidamente anti-rodeos (o BE mantém Salvaterra de Magos, com maioria absoluta). E são esses os municípios mais independentes da popularidade dos seus respectivos partidos.

Posto isto, tenho que reconhecer que na Maia há um fenómeno “Salvaterra”. O PSD é fortemente minoritário em eleições legislativas. No entanto, nas autárquicas, esmaga. Em 27 de Setembro, o PSD tem 29%. Em 12 de Outubro, o PSD fica com 58. As pessoas da Maia gostam dos protagonistas do PSD.

É evidente que também há o reverso da medalha, que facilita. As pessoas da Maia não gostam dos protagonistas do PS. Veja-se que Mário Gouveia, candidato pelo PS à câmara que era presidente da junta de Milheirós, conseguiu, em Milheirós, a “proeza” de ter uma votação para a câmara inferior à alcançada nas autárquicas de 2005 pelo PS liderado por Jorge Catarino, resultado ao qual não será certamente alheio um mandato na junta globalmente fraco e com episódios demonstradores de uma total falta de carácter, como no caso da propaganda que financiou com o orçamento da junta (que fica a anos-luz de poder ser considerada publicidade institucional). Isto quando Jorge Catarino enfrentou umas eleições marcadas por um acentuado voto de castigo ao PS. No entanto, esta incapacidade do PS seduzir o eleitorado está intimamente ligada à absoluta inexistência na sua militância de quadros à altura do desafio de tomar as rédeas do municipio. Por vezes até penso que quando Cavaco Silva se estava a referir à boa moeda expulsa pela má, fenómeno palpável nos aparelhos partidários, se estava a referir ao PS da Maia. Especialmente no que tange ao candidato, a fraqueza do PS foi embaraçosa e, sinceramente, durmo melhor de noite por saber que a câmara não é presidida por Mário Gouveia.

Olhando para a Maia, para o PSD, para os candidatos e para os resultados, torna-se evidente que o PSD de Bragança Fernandes é muito mais do que o mero PSD da direita conservadora que a oposição tenta retratar. Aliás, em bom rigor, não se nota que o PSD Maia tenha alguma ideologia senão o interesse dos maiatos. Existe claramente uma coligação do PSD com os maiatos, e vice-versa. Esta estrutura que abrange o universo dos militantes do PSD Maia bem que se podia apresentar a eleições com a sigla PPV, PCTP-MRPP, PTP, PND, PPM ou até POUS, que teria exactamente o mesmo resultado. O povo da Maia quer estas pessoas à frente dos seus destinos, o que é revelado pela enorme penetração deste PSD na sociedade civil e nas elites maiatas. Chego ao ponto de desconfiar que o PSD Maia tem imensos militantes que não são fieis ao PSD nacional quando é este que entra na disputa e que apenas lá militam porque é a única forma de poderem influenciar a vida pública maiata.

Alegar que estes resultados só são possíveis graças a maquinações propagandísticas, por muito que possa fazer corar o FMS e que este não desdenhe os louros, é uma interpretação fantasiosa do voto expresso pelo eleitorado, digna de quem continua a recusar-se aprender com os seus próprios erros. Se há situação que ficou demonstrada mais uma vez nestas autárquicas é  que o poder da “propaganda” vinda do “poder” é limitado quando confrontado com gestões incompetentes ou protagonistas pouco dignos de confiança. Para além dos exemplos nacionais óbvios, Mário Gouveia e Susana Pinheiro que o digam.

Ora, quando assim é, está tudo dito. Os maiatos votaram, e votaram bem. Ganharam os melhores.

Uma última nota para dizer que Bragança Fernandes melhorou o “score” de Vieira de Carvalho em 2001, o que poderá ajudar este executivo a libertar-se de alguns fantasmas que pudessem subsistir. No reverso da medalha, Mário Gouveia conseguiu piorar em quase 5% o “score” de Jorge Catarino contra Vieira de Carvalho em 2001. Parece pouco,  mas dava para eleger o quarto vereador.

O meu tio Alfredo Prior eleito em Longroiva

O meu tio Alfredo, ainda não eram 20 horas e já me telefonava a dizer-me que tinha ganho. Diz à família que ganhei, continuo presidente da Junta e que não consigo livrar-me disto, mesmo que eu faça ver que com 80 anos isto já não é para mim. E eu, na conversa mole de há 30 anos, mas tio tem que ser, o tio é quem melhor conhece a freguesia, tem tempo para ir às courelas e tratar das suas coisas, afinal quem é que fica no seu lugar ?

A verdade é que o meu tio Alfredo, poeta popular, músico e “entretainer” popular, que toca três instrumentos sem saber uma nota de música que seja, 1.60 m de altura e 60 kilos de peso, é um autarca como já não há mais. É presidente da Junta porque para ele política é dar o exemplo,é gostar das pessoas, ajudar quem precisa, ser a voz dos que não a têm, sujeitar-se a pedir aos poderosos o que é necessário para a sua freguesia e para a sua gente, ele que não precisa, nos anos sessenta foi de assalto para França, com um rancho de filhos atrás.

Não vai ao médico, mesmo quando é preciso não vai, há dez anos começou a ver mal, foi ao médico, julgava que lhe davam uns óculos, em vez dos óculos deram-lhe injecções nos olhos, melhorou, mas nunca mais.

Há cinco anos, em dia de chuva, ía ele no seu carro com a mulher para a Meda, foi albarroado por um carro que perdeu a mão e o atingiu em cheio. Três mortes, as duas mulheres do outro carro e a minha tia. Telefonei para o Hospital, o melhor era não pensar mais no meu tio, ía a caminho do Porto muito mal, já operado à boca e ao maxilar para poder respirar, mas muitas contusões internas, enfim é a vida.

No outro dia de manhã, já os familiares o encontraram pior que estragado porque lhe queriam dar de beber por uma palhinha o que, para ele, isso sim era matá-lo. Ele bem sabia o que é que os “francius” diziam de quem assoprava na palhinha, nem morto. Dois dias depois estava melhor, precisava só de lhe comporem a boca e de lhe ajeitarem o externo e uma vértebras, partidas e fora do sítio. Coisa pouca, dizia o meu tio, meio palavras, meio escrita, em verso claro!

E eu para o médico, mas sr dr. o homem tem a idade que tem, aguenta-se?

São assim os vencedores!

IGREJA-ELEIÇÕES

IGREJA DA  POLÍTICA E POLÍTICA DA IGREJA

 Há pessoas crentes, inteligentes e cultas. Simplesmente, em meu entender, não foi a cultura, mas outra razão qualquer, que gerou e enraizou a crença. A verdadeira cultura é, habitualmente, um obstáculo e remete muito mais para o antagonismo do que para o agonismo da fé. A Igreja tem homens inteligentes, não podemos negá-lo, embora minados de contradições que, na minha opinião, resultam de uma estrutura anquilosada e de uma hierarquia fundamentalista que impõe, pela inércia das ideias paralíticas e pela força do poder temporal a que sempre esteve ligada, uma mensagem que nada tem a ver com a do verdadeiro Cristo nem com a libertação do Homem.

 Antes pelo contrário, explora e expande todos aqueles conceitos arcaicos que sempre contribuíram fortemente para a exploração e a repressão, liderando sofismaticamente a luta pelos fracos, no terreno fértil de uma humanidade sofredora, aterrorizada e inculta, vítima maior desse mesmo poder que sustenta e sempre sustentou a Igreja.

 Entre a mentalidade e a “verdade” de monsenhores que acreditam tanto no que dizem, como eu, entre as habilidades retóricas, os rendilhados e emaranhados raciocínios de homens inteligentes, entre as palavras de homens bons, palavras, no entanto, não alheias a uma incapacidade de definição e de posicionamento quanto à etiopatogenia dos males da humanidade, entre tudo isto, repito, e a reflexão, a coragem, a lucidez, a clareza e a serenidade vai um abismo.

 A Igreja católica, essa portentosa catedral multinacional, historicamente enrodilhada num mar de escândalos e de obscuras e complexas ligações, adquiriu tal poder que já nem se importa que o produto que fabrica seja o antídoto de tudo aquilo que pretende proclamar.