Adeus, até logo, até à próxima ou um problema de expressão

Por causa deste post dei-me a pensar na fórmula de despedida “adeus”. Raramente digo adeus. Prefiro um ‘até à próxima’, ‘até logo’, um simples informal ‘inté’ e um informalíssimo ‘xau’… Nesse aspecto acho que o ‘au revoir’ francês (que também usam o ‘adieu’) ou o ‘goodbye’ inglês têm mais sentido. Soam mais ligeiros e não contém uma certa carga negativa que, mal ou bem, atribuimos ao ‘adeus’.  A culpa não é da palavra, apenas da forma como interpretamos o seu significado.

Adeus!

O ‘adeus’ soa mais distante, como algo definitivo, embora na realidade seja uma recomendação. Estamos a recomendar ‘a Deus’ que acompanhe a quem nos dirigimos, ao mesmo tempo que encomendamos essa pessoa ‘a Deus’. Que tudo te corra bem, se Deus quiser. Vai com Deus.

É uma palavra com uma forte componente religiosa. Nem é apenas consequência de um certo espírito português que nos acompanha há séculos. Veja-se o ‘adiós’ espanhol e o ‘addio’ italiano, embora o corrente em Itália seja o belo ‘ciao’, que funciona para o ‘olá’ como para o ‘adeus’.

Afinal é como o inglês ‘goodbye’ (que nasce de God be with you – que Deus esteja contigo). Só que dizer ‘goodbye’ é muito mais ligeiros que ‘adeus’.

Já diziam os Clã, em Problema de Expressão, que é mais fácil dizer ‘I love you’ que ‘Amo-te’.

Comments

  1. Patrícia says:

    Nunca tinha pensado sobre estas palavras. Gostei de ler! : ) Depois de ver o 2º significado da palavra “adeus”, acho que o que a estraga é o som “dê” que faz com que a palavra seja tão forte e por isso se torne distante.

  2. Natercia says:

    Gostei desta interpretação. Bem haja quem a fez e tão bem a fez entender

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