Desilusão

adão cruz

 Olho as folhas caídas na espiral de espinhos e flores e água sem regresso.

Minha voz de gravador que outros ouvem só eu não tem milhões de segundos num segundo que já foi meu.

Sonho de amor invisível e ateu.

Pela escada fantasma do falso destino destino essencial quem subia ou descia afinal…era eu.

Nos gestos por dentro nos jardins de contraste da natureza fecunda no penoso brio de um curriculum lavrado na areia meti as mãos na areia e palpei o futuro.

Palpei a filosofia dos cadáveres e em febril pulsação espremi a vida dentro de uma mão cheia.

Enchi de virilidade a cidade a cidade e o lixo o lixo e o luxo a luz e eu.

No fundo das veias nasceu gelado um provinciano despojo feito de tempo gasto e de nojo.

Por dentro e por fora saltaram faíscas de senso e contra-senso que apenas escreveram epitáfios de sangue em letra de amor e fizeram um caixão com as tábuas da verdade.

A verdade era uma mesa a vida os dados e o amor a saudade de quem jogou a certeza nos passos errados.

Entre a tese e a antítese nada voa nem mexe não há sim nem não entre passado e presente e o futuro é o deserto que temos à frente.

Neste chão de lama na ejaculação abortada nos restos de orgia da orgia de restos em ritmo de coração moribundo sobra o tremor da carne adormecida.

A arte o sonho a verdade o viço e a cor perderam o brilho e a esperança sopra cinzas que ninguém sabe do que são

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