Tudo indica que a Europa mudou, virando à esquerda, seduzida, mesmo que não apaixonada, por um discurso que torna evidente a evidência: durante os últimos anos, acentuou-se uma governação submetida ao poder financeiro e à visão macroeconómica pura e dura, em detrimento do bem-estar dos cidadãos. Como é óbvio, porque o ensina a pedagogia do bom senso, a virtude está no meio e governar implicará sempre a procura do equilíbrio entre o individual e o colectivo, equilíbrio difícil que não se alcança, com certeza, governando contra as empresas ou contra os trabalhadores.
Tudo truísmos, dirão. É verdade, mas, por vezes, tendemos a esquecer o óbvio. Por falar em óbvio, está à vista o resultado da obsessão pela austeridade: as contas públicas continuam a derrapar, o desemprego aumenta, a dívida cresce, o nível de vida dos cidadãos regrediu. Como se de uma religião se tratasse, os responsáveis por estas políticas garantem um futuro paraíso aos que agora sofrem.
Face a tudo isto, os cidadãos europeus começam a dar sinais de que querem outra coisa e, insensivelmente, consideram que essa coisa está nas mãos da esquerda que tem passado os últimos anos a avisar para os resultados da austeridade excessiva. A realidade tem confirmado os discursos.
Quer isto dizer que a esquerda toma o poder e tudo fica resolvido, de repente? É claro que não. Nada é, infelizmente, assim tão simples. Amanhã, veremos o que acontece. O que é curioso, no entanto, face a esta viragem é o apelo que a direita, assustada, faz à História, relembrando as antigas e actuais ditaduras da esquerda e os pactos entre Estaline e Hitler, a mesma direita, curiosamente, que, em nome dos negócios, está pronta a vender, patrioticamente, o país à cleptocracia angolana ou a rir-se muito nas fotografias em que está abraçada a empresários do Estado Chinês.
Não defendo que se esqueça a História, mas usá-la como único argumento para afastar qualquer corrente do poder só serviria para acabar com repúblicas, monarquias, igrejas, esquerdas e direitas. Portanto, quando quiserem responder ao discurso em que a esquerda moderna e europeísta defende a renegociação da dívida ou o doseamento da austeridade, vejam lá se se lembram de qualquer coisa melhor do que o Muro de Berlim ou os presos políticos em Cuba ou as sinistras palhaçadas do presidente venezuelano.
E ministros até escrem “livros para crianças” a explicar a CRISE – esplicam aos meninos “de direita” e aos meninos de “esquerda” – será um best seller da Feira do Libro ?? ah – a feira fechou – só não fechou o Circo – e os saldos não são só no Pingo Doce – há um Stockmarket em Lisboa – e pede-se comida em lata – ir ver a feira à Cordoaria – é perto de mim – aqui tenho amostras de todos os tipos de “feiras” – mas que rico bairro que me basta para confirmar os “noticiários” e politólogos” de profissão assegurada e sem ameaça de desemprego – quantos ordenados míninos são aqui “comidos” e acumulados com a profissão base ?? mas que mina de oiro
Engraçado que diga que a esquerda não irá resolver tudo logo, mas seja isso que exige à direita. Que em 10 meses acabe com o buraco que a esquerda cavou em 16 anos. Ou não foi a esquerda que esteve por aqui, e na grécia e em espanha?
Caro Orlando Teixeira, se por acaso é rico e esta crise lhe passa completamente ao lado, então, embora revelando não ser muito solidário, pelo menos, é compreensível. Se tem necessidade de trabalhar para sustentar a família, deixe-me dizer-lhe que não lhe fica nada bem defender uma ideologia que se tem mostrado sempre hostil a quem trabalha. Aconselho-o a fazer uma pesquisa que o elucide exactamente o que significam os conceito de direita e esquerda. Acho também curioso que venha defender que a direita está a acabar com o buraco que a esquerda cavou: por acaso não o espoliaram de dois subsídios legalmente consignados na lei? Cordialmente, um muito bom dia para si.
Peço desculpa pela redundância “legalmente na lei”.
Caro Orlando Teixeira, o buraco não tem 16 anos. Começou a ser cavado nos anos 80, quando foi eleito, por maioria absoluta, um senhor chamado Cavaco Silva. As tais famosas parcerias público-privadas, inventadas nesse “reinado”, é que começaram a cavar o buraco. Infelizmente, muitos portugueses têm a memória curta e só se lembram do passado mais recente. Cumprimentos.
#2
Há algumas coisas que me parecem óbvias:
– nada pode ser resolvido tudo logo;
– dá-lhe jeito esquecer o que está antes dos últimos 16 anos;
– não foi a esquerda que esteve aqui, na grécia e na espanha;
– não lhe garanto que a esquerda seja a solução, mas sei que PS-PSD-CDS-Merkel-Sarkoz são elementos do problema. No mínimo, está na hora de experimentar outra coisa.