Escândalo no exame nacional de Português do 12º ano

Da prova hoje realizada constavam uns versos de um tal Camões, vetusto decassilabista, onde, pasme-se, abundavam os erros ortográficos.

Cos e co, algũa, assovia, hómidos, hórridos todo um baxo trato humano à ortografia superiormente ditada por todas as normas ortográficas.

Uma vergonha. Depois disto tudo pode acontecer. É  certo que em letra mais pequena se avisava ter-se usado a edição de um tal de Costa Pimpão, que não faço ideia de quem seja mas certamente não andou na escola,  está mal, deviam  ter escolhido outra, em português de lei. Esta gente deve pensar que a ortographia é uma convenção qualquer de somenos importância. Cáfila de traidores.

Comments

  1. palavrossavrvs says:

    Pois eu acho muito bem que se dessacralize a ortographia com citações fidedignas e se sinthethise diachronicamente toda a riqueza poliphónico-synphónica do Português de sempre e para sempre [o que quer que eu tenha acabado de dizer.]

  2. Flávia says:

    Sou brasileira e por alguns instantes tive a impressão de não estar a ler um texto redigido na língua portuguesa, visto tamanho desconhecimento da grafia utilizada, e por vezes enigmática.

    • Donde posso depreender que no Brasil não circulam textos quinhentistas respeitando a grafia original. Está mal. A Peregrinação, que indirectamente saiu no mesmo exame, publicada de acordo com as convenções ortográficas tem a sua graça, lida no original preserva todo o génio do nosso primeiro romancista.

      • Pedro Marques says:

        Já por si os mandantes num estado realmente democrático e justo seriam presos por atentar contra a cultura portuguesa e a língua. Então esses bandidos que fizeram isto deviam ficar 25 anos a ver o sol aos quadradinhos.

  3. “É forte pena; olhe não fique a casa arruinada…” como bem escreveu o nosso Nicolau Tolentino e eu cito, a propósito do desconhecimento que o escrevinhador transmite sobre Álvarto Júlio da Costa Pimpão.
    Talvez a filologia não seja um dos seus amores, talvez os arcaísmos não lhe digam nada, mas desconhecer a existência da palavra “hórridos” já ultrapassa o limite do razoável.
    Num local onde tanto professor aparece talvez melhor fosse pedir-lhe uma revisão dos textos…

    • Pois é Teofilo, tanto professor, como eu, que se calhar se sente filólogo não sendo linguísta, e prefere as grafias na forma original do seu autor, de acordo com o seu tempo.
      Ora neste tempo, e neste suporte nem manuscrito nem gutenberguiano, convém aprender a ler um artigo, sobretudo quando acaba assim: “Tagged With: 12º ano, camões, exame nacional, ironia, ortografia, português”.
      É a chamada hiperescrita. Permite-nos, entre muitas outras cousas, deixar um recado a quem não percebeu.

      • Pois João, o que me levou a dar um desconto à ironia foi apenas o “hómidos” que não sei de onde terá saído, nem o já falado “hórridos” que é corrente, bem assim como a referência a um “desconhecido” Costa Pimpão que, para a maioria dos leitores, não deve ser referência de grande significado.

  4. maria celeste ramos says:

    Se há um secretário de estado da cultura que não sabe quem é Joana de Vasconcelos e pró anos vai corrigir o lapso de não ter sabido que tinha havido “festa da joana” em itália e agora em Versailles, porque há-de saber ler e escrever ? Há muito tempo que não aparece nos écrans da TV nem é noticiado “por escrito” – onde andará a fazer o quê ?? pelos vistos não faz falta nenhuma – e há ministro da educação ?? se há nem o nome consigo saber – só me lembro da drª lurdes e da festa da educação e da arquitectura escolar – mas em todos os canais da TV tenho a toda a hora peogramas de criticos de futebol e desenhos animados e até um programa de alta pornografia – alias a TV é toda pornográfica – por acaso ontem às tantas da manhá houve um programa sobre parimónio unesco para ser vsito por padeiro e agentes de segurança nocturna – agora (22:50H) decorre um programa de criticos de futebol em hora nobre mas um dos criticos devia ser erradicado – o do benfica que é jurista mas podia vender peixe na praça – é demais

  5. Vá lá… Não sejam assim… 😆 Isto é que vão ser notas BOAS!

    Se quiserem arriscar uma detenção sob a acusação de “terrorismo” e traição à (outrora) pátria façam clique aqui…
    Depois não digam que não avisei! Boas leituras! 😎

  6. Ana Silva says:

    Qual é o espanto? Qando estudamos os Lusíadas também o fazemos, de acordo com a sua escrita original. Sendo assim, qualquer aluno que frequente um nível igual ou superior ao 9º ano (ano em que obra é estudada pela primeira vez) não terá dificuldade em perceber o texto, visto estar familiarizado com este tipo de escrita.

    • O espanto é este: mesmo depois de ter explicado tudo muito bem explicadinho ao leitor e comentador Teofilo ainda recebo comentários como o seu.

      • Nuno Silva says:

        Já não o deveria espantar que algumas pessoas não reconheçam ironia quando lêem um texto, nem que outras façam comentários a um texto sem o terem lido até ao fim. Se passar numa caixa de comentários de um qualquer jornal irá ver com frequência pessoas que fazem comentários à notícia sem sequer terem lido uma linha do primeiro parágrafo. Pelo que também não deveria estranhar que algumas pessoas não leiam os comentários anteriores antes de publicarem o seu.

        • Ana Santos says:

          E ainda porque este blog publica certos textos que só podemos entender com profunda ironia, como foi o caso do da tal escritora sobre o amor à língua, pelo chorrilho de disparates que escreveu.
          Logo, no Aventar, é sempre a bombar…!

        • Maria Antonieta das Dores e dos Bolores says:

          Acordando com concordatas acordativas…

  7. Maria Antonieta das Dores e dos Bolores says:

    Já agora, porque não usais o galaico-português (desculpem: galaicoportuguês) ou o latim nos exames de português. “Nô mais, Musa, nô mais,/ Que a lira tenho destemperada”

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