A bicicleta como substituta do passe escolar e da Educação Física

Beatriz Pereira é professora na Universidade do Minho (podem ler um resumo do seu curriculum) e propõe que os municípios dêem uma bicicleta a cada estudante, em substituição do financiamento do passe escolar. Para além de defender que essa medida pouparia dinheiro às autarquias, acrescenta que serviria para levar as pessoas a fazerem mais exercício físico.

Como acontece tantas vezes, as visões universitárias sobre Educação limitam-se a contactos intermitentes com a realidade, mesmo que as intenções sejam as melhores. Ainda assim, comentemos.

Para reforçar a argumentação, Beatriz Pereira alude aos países nórdicos, onde, apesar do frio, há uma quantidade enorme de alunos ciclistas. Ora, sendo Portugal um país mais ameno e sabendo-se que, não sei como, “a distância média do aluno português até à instituição de ensino é de três a cinco quilómetros”, a bicicleta poderia ser uma boa solução.

Beatriz Pereira começa a afastar-se da realidade, quando, no que respeita ao problema da segurança, afirma que onde “circula um automóvel pode circular uma mota ou uma bicicleta, basta haver uma cultura de respeito pelo outro”. O problema é que não há palavras mágicas que façam surgir civismo na cabeça dos condutores portugueses. Juntar isso ao mau estado de muitas estradas e ao encerramento de centros de saúde no interior poderia ser um bom caminho para o aumento da mortalidade infanto-juvenil.

Para além disso, se é certo que não somos um país de grandes altitudes, não é menos verdade que temos percursos suficientemente difíceis para causarem engulhos a trepadores profissionais. Imagino, por exemplo, que descer do Sabugueiro para Seia seja um instantinho, mas o regresso a casa, no fim das aulas, com noite a cair e a estrada a subir, constituiria um momento marcante na vida dos jovens.

A investigadora considera que isso poderia compensar o facto de que “o período lectivo dedicado à prática de Educação física – 2h15 (90 minutos mais 45 minutos) – é bastante inferior à recomendação da Organização Mundial da Saúde de 1h diária.” Pergunto, ingenuamente, se uma investigadora nesta área não deveria, antes, defender que o Ministério da Educação criasse as condições para que a dita recomendação fosse cumprida.

Quem se preocupar com a educação dos jovens portugueses deveria aproveitar as tribunas a que tem acesso para criticar a diminuição de tempo para actividade física nas escolas (não só no que se refere à Educação Física, mas também ao Desporto Escolar), para criticar o encerramento cego de escolas e o amontoamento de alunos em mega-agrupamentos, para criticar o facto de as escolas serem obrigadas a receber comida de empresas (com queixas frequentes acerca da respectiva qualidade), enfim, questões mediata ou imediatamente relacionadas com a condição física dos jovens.

De qualquer modo, para não destoar do disparate, podemos, ainda, colocar a hipótese de propor que as câmaras ofereçam umas botas aos petizes e, depois, é mandá-los a pé para a escola, poupando ainda mais do que nas bicicletas. O facto de as crianças transportarem mochilas pesadíssimas constituirá, ainda, oportunidade para poderem ir fazendo musculação pelo caminho. Também há a hipótese de pôr os pequenos a caminharem descalços para as aulas, porque haverá sempre alguém a dizer que também passou por isso e aprendeu na mesma, para além de que poderá reforçar a selecção natural, levando a que sobrevivam os mais resistentes.

Comments

  1. martins says:

    Facilmente se percebe que a pessoa que realizou este comentário á proposta de Beatriz Pereira não anda de bicicleta nas estradas de Portugal, caso contrário já se tinha apercebido que a grande maioria dos condutores são pessoas com civismo.
    Tambem se percebe que não é minimamente dinámico, tendo uma mentalidade fechada á mudança, tipica de pessoas com poucos estudos.
    Quanto á senhora Beatriz Pereira, parabens pela proposta. A educação fisica é muito mais do que obrigar um grupo de alunos a fazer um desporto programado, é isto mesmo, dar-lhes condições de eles proprios realizarem desporto e procurarem o conhecimento no desporto.
    Quanto á mobilidade, sem duvida que em grande parte dos casos a bicicleta traduz-se numa redução do tempo de percurso e redução do congestionamento do transito e poluição perto das escolas.
    Para finalizar, tal medida deveria ser implementada gradualmente.

    • Maquiavel says:

      Facilmente se percebe que a pessoa que escreveu “a grande maioria dos condutores são pessoas com civismo” sofre, pelo menos, de cegueira, ou entäo de qualquer disfunçäo psicológica gravíssima.

    • António Fernando Nabais says:

      Martins, tenho estudos suficientes para perceber que o senhor desconhece a maioria das regras de acentuação gráfica. Para além disso, não sei se a grande maioria dos condutores revela grande civismo, mas a minha experiência diz-me que, em Portugal, há demasiados condutores que confundem o carro com uma arma. Aliás, até parece que Portugal não está entre os países europeus com maior sinistralidade.

  2. Alexandre says:

    A professora Beatriz Pereira é uma das pessoas que mais tem investigado sobre a violência no meio escolar. Mais uma excelente proposta como seria se os alunos pudessem ir a pé para a escola. Infelizmente opta-se sempre pelo mais fácil.

  3. eyelash says:

    Oh martins, oh Alexandre, oh Beatriz Pereira…!!!

  4. Jorge Bulha says:

    Excelente ideia. É de acrescentar que poderíamos optar por bicicletas portuguesas.
    No caso de cidades com orografias mais complicadas poder-se-ia optar por bicicletas elétricas.
    Parabéns à professora.
    Como cidadãos deviamos reforçar esta sugestão nos nossos Municipios.

    • O Jorge Bulha tem razão. Em vez de criticar a proposta da professora, devia-se pensar na melhor possibilidade de a pôr em prática. É mesmo típico dos portugueses: não temos estradas próprias, não vale a pena. Que tal, ir começando a ver onde essa sugestão seria mais viável de pôr em prática? E, depois, há as bicicletas elétricas, sim senhora!
      Vivo num país onde, seguramente, mais de metade dos alunos vai para a escola de bicicleta. Não me consta que sejam prejudicados por isso; nem que o país não funcione.

      • Carapau de Corrida says:

        Que eu saiba no Estados Unidos a tradição é o School Bus à porta de casa principalmente nas zonas rurais.

      • Maquiavel says:

        E nesse país onde vive qual é a média de distância entre o aluno e a escola?
        Só por curiosidade. É que da maneira como fecham escolas, se hoje em dia já deve ser para cima de 5km, em estradas que nem para carros servem, imagino no futuro.
        E väo na estrada nacional, ou em via própria?

        Se eu tivesse a ideia peregrina de ir para o Ciclo ou Secundária de bicicleta tinha de fazer mais de 6km indo pela N3 (näo há mais hipótese nenhuma), arriscando-me a ser passado a ferro pelos milhentos camiöes que lá passam. Assim como já aconteceu aos poucos corajosos que se aventuram (mesmo com coletes reflectores há quem lá morra).

        • Não há dúvida de que, em Portugal, as condições para os ciclistas são péssimas. E, tratando-se de crianças, nem se fala. No entanto, penso que não se devia recusar categoricamente tal proposta. Podia ir-se devagar, começando por escolher zonas onde ela teria viabilidade.

          A falta de exercício e movimento das crianças e jovens é um mal da nossa civilzação, que causa obesidade e outras doenças. E a poluição é outro mal.

  5. Piçalho says:

    Vê-se logo que esta estúpida não conhece a realidade das crianças de Trás-os Montes ou da Serra da Estrela. Ela é que deveria ir de Vilela a Chaves no pino do Inverno para ver o que é “exercicio físico”. E é este tortulho professora na universidade. Ai ai santa puta madre

    • No país onde vivo, os alunos (também da primária) vão para a escola de bicicleta com neve e/ou temperaturas de 10 graus negativos. Ainda não observei nenhum caso por congelamento. E o país é dos mais avançados do mundo. Eu própria ando de bicicleta no pino do Inverno.
      Não sejam tão coitadinhos!

      • António Fernando Nabais says:

        Cristina, deixe-me citá-la: “o país é dos mais avançados do mundo”. Portugal não é e não está próximo disso. De resto, nada tenho contra a utilização da bicicleta – ou até das pernas – e há regiões do país em que isso até faz parte da tradição, como é o caso de Aveiro. O que é, para mim, admirável é fazer uma proposta que não tem em conta factores como a taxa (e pela natureza) de sinistralidade, o mau estado das estradas ou a ausência generalizada de civismo. Para além disso, é uma proposta que parece revelar conformismo face à redução de horas para actividade física nas escolas.

        • Carapau de Corrida says:

          Isso e sem contar com o peso considerável das mochilas que as crianças teria que transportar.

        • Concordo com os seus argumentos. Só não acho que se deveria rejeitar a ideia, mas, sim, ir criando condições, gradualmente, para que ela fosse possível. Infelizmente, Portugal está a tomar o caminho oposto, o que torna propostas destas cada vez mais difíceis de realizar. O que é pena, com um clima tão bom, a gasolina tão cara e as crianças e jovens cada vez mais preguiçosos, como ouço dizer.

          • Maquiavel says:

            Ainda näo disse é onde é esse país täo desenvolvido!
            Eu também vivo num país desenvolvido e ando diariamente de bicicleta, mas porque tenho vias próprias para o fazer. E mesmo que tenha de andar na estrada normal, essas têm bermas (e largas) e os condutores respeitam-me.

          • Vivo na Alemanha. Como já o disse aqui, não me queria repetir, mas, claro, se não o sabe, eu repito. As condições são boas, sim. Comparando com Portugal, são excelentes. As pessoas, por aqui, dizem apenas que são aceitáveis. Mas o que está em causa é também o clima péssimo. E, no entanto, não há chuva, nem neve, nem frio que remova a maioria de andar de bicicleta (incluindo crianças e jovens).

    • Jorge Bulha says:

      O insulto não argumenta. Para os casos mais complicados como o de Seia para Sabugueiro poderão ser utilizados os meios tradicionais, mas isso não implica que não se possa implementar gradualmente esta ideia pelo País fora ( a maior parte da população escolar vive em Zonas Urbanas ou Zonas Rurais planas ).
      As vantagens são inumeras, logo para começar na redução dos encargos familiares, passando pela melhoria do ambiente, da saúde, e caso seja generalizado poderá contribuir para diminuir a nossa dependência do petróleo.
      Em Berlim até os deputados vão para o Bundestag de bicicleta.
      E aqui neste País “RICO” circulam quase todos de “petroMOBI”.

      • Piçalho says:

        Vocês devem estar a brincar. De Vilela do Tamega a Chaves são 10 km e pelo meio não existe uma única escola primária pois fecharam todas o que significa que uma criança de 7 anos teria de fazer 20 Km diários de bicicleta para ir á escola com neve e temperaturas negativas. O que acontece no hipotético país maravilhoso onde vive a Cristina Torrão é a criança no máximo ir até ao próximo quarteirão e mais nada… agora 20 km por dia é algo impensável muito mais por uma estrada nacional EN2 com elevada taxa de sinistralidade. E o ridículo exercito de opereta que temos e que não serve para nada a gastar centenas de milhares de litros de combustível por ano a brincar às guerras My god que está tudo louco … Eu quero voltar para a ilha

        • Helena Sequeira says:

          Tem toda a razão. Uma criança de Cheleiros teria que subir uma encosta de 700m com uma inclinação de 13% e percorrer 3 km de estrada nacional (EN8) sem bermas até à Igreja Nova no meio de carros que chegam a atingir os 100km/h. Esses senhores(as) são loucos mas as crianças não tem culpa.

        • Jorge Bulha says:

          Não é pelo facto de haver casos onde não funciona que se deita abaixo esta excelente ideia. Se analisarmos bem a realidade portuguesa, estes exemplos de Trás- os -Montes e da Serra da Estrela não são o País. A maior parte dos alunos em idade escolar vive em zonas planas sem estes constrangimentos. Para as situações mais complicadas podem continuar a funcionar como até aqui.

          • António Fernando Nabais says:

            Ninguém, a começar por mim, contesta a ideia de que é importante que as pessoas façam mais exercício físico. O que me irrita, num país em que nada se planeia, estar constantemente a inventar remendos e chamar-lhes propostas válidas. O que se passa com os passes escolares e com a Educação Física é uma vergonha. Querer resolver isso com bicicletas, sem sequer perder tempo a pensar em todas as consequências, é giro, mas é um remendo.

          • Carapau de Corrida says:

            Mas a ideia pode ainda ser melhorada pois se enfiarmos uma vassoura no cu dos meninos e meninas eles podem ir varrendo a estrada enquanto pedalam alegremente a caminho da escola cantando o hino nacional. Assim reduzia-se a despesa com a limpeza e incrementava-se o sentido ecológico e patriota dos juvenis.

  6. John Silva says:

    Mais uma pérola frutuosa da nabiça carunchosa que alguém usa entre as orelhas. Fala-se em fornecer bicicletas aos miúdos em vez do passe social e um cidadão comum pensa ‘boa ideia’, um nabo prevê de imediato o aumento da mortalidade infantil, as dificuldades de pedalar na intransponível cordilheira do Sabugueiro, a animalidade homicida dos condutores nacionais e as picadas selvagens por onde os púberes ciclistas terão de atravessar.
    A minha esperança restaura-se quando a espuma desta baba nauseabunda é limpa na caixa de comentários através de comentários de pessoas aparentemente racionais que poderão talvez pouco a pouco iluminar ou arejar a escabrosa mente do retrógrada.

    • Helena Sequeira says:

      Deves ter os teus meninos no colégio privado com direito a carrinha. Ou então és gay e nem filhos tens… Vai-te f… mais a tua prosa rebuscada e superioridade intelectual de treta seu rabicho.

      • Jorge Bulha says:

        Argumentos de peso e educados são o fundamento de quem não muda e gosta do cheiro a petróleo… Será árabe ou tem acções na GALP????

      • É de muito mau gosto usar o argumento gay para insultar alguém. O que tem contra gays, Helena Sequeira? De que tem medo? Eu sou mulher, não sou gay e não tenho filhos. Algum problema com isso, sua rabicha?

        • Vasco Monteiro says:

          Pois claro a senhora não tem filhos e vive num país muito evoluído por isso acha esta ideia absurda tão genial e praticável aqui na terrinha. Devia casar-se cara Cristina e ter uns 2 ou 3 filhos e regressar cá para Portugal para uma aldeia do Gerês para perceber a revolta da Helena. Helloowww

          • Sou casada há vinte anos e, se não tenho filhos, é porque Deus não quis (não eu e o meu marido, que é alemão e a única razão porque mudei de país). Já sabia que ia pegar nisso, pessoas sem filhos (mesmo que involuntariamente) são sempre desautorizadas por quem é pai/mãe. Mas nós também temos direito a dar a nossa opinião. Ou ainda há censura, em Portugal?
            De resto, conheço bem a província montanhosa portuguesa, o meu pai é transmontano, desde bebé que conheço Trás-os-Montes, as suas dificuldades e a sua gente!
            E agora vá insultar a sua tia!!!

          • Maquiavel says:

            Näo meta o deus ao barulho, se näo tem filhos é porque näo quer. O que näo faltam para aí säo casais que näo conseguem ter filhos, e como querem mesmo ser pais e dar amor a uma criança adoptam. Como fez um amigo meu, de resto.

        • Vasco Monteiro says:

          Peço desculpa mas não vejo nenhum insulto que lhe tenha sido dirigido cara Cristina Torrão. Gay é uma opção sexual e não um insulto e não lhe foi dirigida a si e rabicho é o calão para homem homosexual bem preferível a “paneleiro”. Estarei a ver mal? E supondo que frequentou a escola primária em Trás-os-Montes diga-nos a que distância ficava de sua casa e como é que deslocava para lá. É que não sei se sabe mas na última década a opção política (certa ou não) foi fechar as pequenas escolas das aldeias e muda-las para as sedes de conselho que ficam vários quilómetros de distância. Daí os municípios dada a carência económica das populações terem alugado autocarros ou subsidiado os passes para as crianças em idade escolar obrigatória. Querer substituir isso por bicicletas é um absurdo que não toleramos sejamos pais ou não. Passe bem

    • António Fernando Nabais says:

      Ó Silva, tenha calma, não deixe que a paixão que sente por mim lhe obscureça tanto a compreensão.

      • John Silva says:

        O cerne da minha paixão, caro Nabais, é a sua flagrante estreiteza de espírito e visão ultrapassada. Fora tudo isso, tudo bem.

  7. Alexandre says:

    Enquanto uns vêm só problemas outros vêm desafios para o futuro. A fronteira é ténue mas vai definir quem seremos no futuro.

    • António Fernando Nabais says:

      Ora aí está: uma variante de frases célebres, como “fazer mais com menos” ou “o desemprego deve ser visto como uma oportunidade” ou “temos de ser menos piegas”. Entretanto, e espero que não me leve a mal, usou o verbo vir, quando queria usar o verbo ver: é “vêem” e não “vêm”.

      • Jorge Bulha says:

        A proposta da professora do Minho substitui uma despesa por outra, com a diferença que investe num bem duradouro, que permite o exercicio fisico e não parece ser destinada a remendar nada. A não ser que a professora queira substutir a educação fisica pelos pedais. Se não há dinheiro para os passes também não há para as bicicletas. Nas grandes cidades onde se concentra grande parte da população já se notam muitas pessoas de bicicleta. E só não há mais por falta de condições, sobretudo de aparcamento.
        Bicycle Rush Hour in Copenhagen
        https://www.youtube.com/watch?v=FXw_t172BKY&feature=related

        • John Silva says:

          Sim senhora, muito bem.. A dar uma de professor, ou melhor intelectual e claro, logo no comentário, a meu ver, mais interessante. Sem contar com o da Helena Sequeira, a quem agradeço o elogio da minha prosa rebuscada.
          Recordo que este é o mesmo mamífero de cérebro vegetal que não soube utilizar apropriadamente a palavrinha “cerne”.

          • António Fernando Nabais says:

            É uma pena faltar-lhe educação e capacidade de argumentar, porque essa do “mamífero de cérebro vegetal” saiu-lhe muito bem.

          • John Silva says:

            Lá me vou ver ser plagiado por aí… Mas você tá à vontade Nabais, use a expressão como quiser.

          • António Fernando Nabais says:

            Ó Silva, vocês estraga-me, caramba! Posso plagiá-lo? A sério?! Obrigado, Silva! Beijo-lhe as mãos! Mesmo que hoje estivesse a chover, eu seria capaz de ver o Sol a brilhar!

          • John Silva says:

            Fazendo de sua perícia apelido Nabais, coloca na púcara do seu indigesto cozinhado de ideias mais um ingrediente dispensável.
            Não me beije as mãos, lave-me os pés, como eu farei assim que os seus descerem à terra.

      • Alexandre says:

        António obrigado pela correção, confesso que nem reparei aquando da escrita. Quanto ao seu comentário, não encontrei nenhum argumento para rebater a proposta da Investigadora. Sinceramente eu penso que não percebeu a intenção da proposta; segundo o António olhou para a proposta e só viu defeitos (é isso que a frase quer dizer); Terceiro aconselho a procurar perceber o que, por exemplo, as crianças têm perdido pelo simples facto de deixarem de ir a pé para a escola, um dica, nem falo nos aspetos relativos à aptidão física!

        Se quiser discutir argumentos óptimo, agora poupe-me de conversa fiada de café.

        • António Fernando Nabais says:

          Peço desculpa, mas o seu comentário pareceu-me, exactamente, qualquer coisa entre conversa de café e vulgaridades de discurso político. A proposta da investigadora tem, na minha opinião, muito mais defeitos do que virtudes e, no meu texto, procurei demonstrá-lo, não me limitando a dizer mal. A importância da actividade física merece ser valorizada na escola e na sociedade. Querer substituir o financiamento do passe escolar (caríssimo para muitas famílias) e o apagamento da Educação Física nas escolas pela entrega de bicicletas é conformismo disfarçado de ideia alegadamente luminosa.
          O facto de haver transportes escolares de qualidade (e/ou, nos países civilizados, ciclovias e civismo na estrada) é um avanço e não um retrocesso. O que muitos pais têm descurado é a importância da actividade física e de uma alimentação saudável.

          • Alexandre says:

            António, quando refere “A importância da actividade física merece ser valorizada na escola e na sociedade”, fá-lo num plano teórico, não é o que acontece na escola porque a área das expressões é menorizada quando comparada com as outras (quando todas deveriam ter um patamar igualitário no ensino; uma sociedade é constituída por médicos, advogados, carpinteiros, picheleiros, modistas, enfim uma variedade de profissões e não apenas as ligadas a determinadas áreas) e nem vou falar na redução da carga horária; quanto à valorização perante a sociedade, bem isso então é pior, mas esta sugestão dada pela investigadora era um contributo para a mudança de paradigma, talvez se vivêssemos na Bélgica (em que o deslocamento em bicicleta é bastante utilizado por todos, desde estudantes a trabalhadores), talvez tivéssemos uma reação bem diferente perante a redução da carga horária da educação física e desporto escolar. Depois escreve “Querer substituir o financiamento do passe escolar (caríssimo para muitas famílias) e o apagamento da Educação Física nas escolas pela entrega de bicicletas é conformismo disfarçado de ideia alegadamente luminosa”, a investigadora apenas fala no complemento à educação física e ao desporto escolar na busca por um estilo de vida mais saudável, visto que como as expressões não são “importantes” toca a cortar e como a nossa sociedade não tem estilos de vida muito saudáveis, lá está não houve grande sentimento de revolta; por fim, quando diz ” O que muitos pais têm descurado é a importância da actividade física e de uma alimentação saudável” deveria então perceber que se os pais não prestam muita atenção a esses aspetos, “alguém” terá de o fazer e, quem melhor do que o estado para incentivar isso, mesmo que não existam as condições ideais, mas seria um ponto de viragem. Assim quando eu disse, “Enquanto uns VÊEM só problemas outros VÊEM desafios para o futuro”, não tem nada de conversa de café, nem sequer tem ligações políticas (diga-se, ao Primeiro Ministro como quis fazer referência), trata-se apenas da realidade, da minha realidade e convicção. A justificação está mesmo aqui nos comentários, em que grande parte das críticas centraram-se apenas e exclusivamente na exequibilidade da mesma e não na importância que ela teria para os jovens. Enfim, e assim continua a vida.

            Não quis com este extenso texto criticá-lo mas apenas discutir os argumentos de cada um, isto porque como professor de Educação Física e investigador/curioso nas questões do brincar e da atividade física nas crianças, incomoda-me que boas ideias sejam logo criticadas, fazendo crer que tudo é mau mas nunca nada muda!

          • António Fernando Nabais says:

            Alexandre, pode ter a certeza de que é muito mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. É evidente que é necessário que o Estado intervenha em benefício da educação física dos portugueses e é evidente que o facto de existirem cortes disparatados nas escolas não pode ser pretexto para que as pessoas deixem de praticar exercício. Limito-me a insistir na ideia de que não se pode aceitar o corte no financiamento dos passes e nas horas de Educação Física e do Desporto Escolar. Tudo a favor de incentivar o exercício e criar o máximo de condições para que as pessoas possam praticar exercício físico. Insisto na minha opinião: a proposta da investigadora é disparatada, porque despreza muitos problemas, como o mau estado de muitas estradas e a falta de civismo dos condutores portugueses em geral, para além de muitos outros problemas. Volto a insistir: considero a proposta uma manifestação de conformismo.

        • Rantanplan says:

          As crianças deixaram de ir para a escola a pé porque a escola mudou de sítio lol (e ficou mais longe)

          • Alexandre says:

            Pois foi mesmo isso que aconteceu nas últimas duas décadas, as escolas ficaram localizadas longe de casa.

  8. António Duarte says:

    Uma defesa interessante desta proposta da professora universitária seria ela própria, ou algum dos que aqui defende a ideia, poder dizer assim: os meus filhos moram a 5 quilómetros da escola e mando-os para a escola, todos os dias, de bicicleta. Pela estrada nacional fora, com a mochila carregada e esteja o tempo que estiver.

    Infelizmente, o que vejo é demasiada gente a achar que sabe aquilo que seria bom, mas só para os outros…

    • Claudia says:

      Infelizmente tem razão António. Eu moro numa aldeia tenho 3 filhas que frequentam a escola na sede do concelho a 12 km de distância a mais nova tem 6 anos e no inverno chega a casa já de noite fechada sendo o único caminho a estrada nacional cheia de trânsito de camiões por vezes debaixo de chuva ou neve carregada com uma mochila cheia de livros. Gostaria de ver esse “inovadores” todos que acha a ideia assim tão “brilhante” no meu lugar! A pata que os pôs

      • Jorge Bulha says:

        Não vale a pena insistir nos casos em que não é exequível implementar a ideia.
        As ideias só vingam se forem melhores que a situação actual.
        No seu caso parece óbvio que não será uma alternativa. Mas isso não significa que nos casos em que a ideia melhore a qualidade de vida das comunidades não possa ser implementada.
        De resto para os casos mais dificeis a opção da mobilidade electrica começa a ser acessível ( os preços das carrinhas electricas está a descer) e o preço da electricidade gerada por energias renováveis já é inferior ao preço de mercado (0,07 € / Kwh).
        Desde que o futuro seja mais económico e menos poluente, todas as ideias realizáveis são bem vindas…
        http://www.youtube.com/watch?v=2REmNE7Fuvo&feature=related

        http://www.autoportal.iol.pt/noticias/geral/caetanobus-inicia-testes-do-autocarro-electrico-em-gaia

        • António Fernando Nabais says:

          Vai desculpar-me, Jorge, mas é evidente que vale a pena insistir nos casos que tornam a ideia inexequível ou de difícil aplicação, porque é assim que um estudo sério deve ser feito. De resto, tudo a favor de um futuro mais económico e menos poluente, com muito melhor educação física. Limitarmos isso à ideia de que basta substituir passes e horas de EF por bibicletas vai uma grande diferença.

          • António Fernando Nabais says:

            O último período saiu defeituoso e deveria terminar com qualquer coisa como “é muito diferente”.

  9. Tá tudo doido. Este ano há um vago compromisso de as crianças não fazerem mais de 30m até à escola, de autocarro.
    Claro que nas poucas cidades planas até podia ser uma ideia, desde que tirassem espaços aos carros que ficassem reservados às biclas. Repito: nas poucas cidades planas. A malta por aqui teve sempre a mania de fundar cidades em torno de elevações onde se construíam castelos. Além de Aveiro, arranjem-me lá mais meios urbanos sem grandes declives. Prometo que por cada cidade respondo com duas. E não, não estou a falar do mundo rural.

    • John Silva says:

      Há que aprender a andar a pé novamente. O limite deveria estar em 30km não 30m. Tá tudo é muito barrigudo.

    • Jorge Bulha says:

      Cidades planas: todas as cidades do litoral português de Lisboa ao Porto. Todas as cidades do Alentejo e Algarve. Nas cidades com orografia mais dificil o que importa é saber se os percursos a fazer são planos ou ingremes. Para estes ultimos há as bicicletas electricas de produção portuguesa.
      Para andar de bicicleta não é necessário que a cidade seja plana. Coimbra não é uma cidade plana, mas cada dia que passa há mais pessoas a circular dessa forma.
      No caso das crianças o que é importante é garantir segurança na deslocação. Mas isso é como tudo na vida. Há um começo para tudo e é hora de deixarmo-nos de comportar como um País RICO, que bebe petróleo nas deslocações pendulares, enquanto os países POBRES” da europa Central usam cada vez mais a bicileta como meio de locomoção.

      Bicycle Rush Hour
      https://www.youtube.com/watch?v=FXw_t172BKY
      NYC Bike

  10. Rantanplan says:

    Acho que o uso de meios de transporte menos poluentes e mais económicos é uma tendência a incentivar desde a mais tenra idade mas sejamos razoáveis e não imponhamos à força ideias totalmente desajustadas a quem já tem uma realidade quotidiana bem difícil. Mesmo em Lisboa acho arriscado uma criança ir da Rua do Alvito para a escola da Tapada de bicicleta devido ao transito caótico.

  11. Penso Logo Desisto says:

    Obesidade Infantil
    A obesidade é uma doença crónica, representando actualmente um dos grandes problemas de saúde pública nos países industrializados.
    Tem-se assistido a um crescente aumento da prevalência da obesidade infantil. Segundo a comissão Europeia, Portugal está entre os países europeus com maior número de crianças com excesso de peso. Mais de 30% das crianças entre os 7 e 9 anos tem excesso de peso ou são obesas, o sexo feminino apresenta valores superiores às do sexo masculino. A nível regional, o Alentejo é onde se verifica a maior prevalência de obesidade.
    Como se define obesidade?
    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afectar a saúde. Este excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, isto é, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia gasta. A obesidade é uma doença crónica, é a doença nutricional mais prevalente a nível mundial e a epidemia do século XXI.
    Como é que se sabe se uma criança está obesa?
    Para o rastreio da obesidade recomenda-se o uso do Índice de Massa Corporal (IMC), isto é, a relação entre o peso (Kg) e a altura ao quadrado (m2), dado tratar-se de um indicador fiável de adiposidade. Uma criança, com idade superior a 2 anos, é considerada obesa quando o seu IMC é igual ou superior ao Percentil 95 (P95) para o sexo e a idade; e com excesso de peso quando o IMC está entre o P85 e o P95. Os novos Boletins de Saúde Infantil têm tabelas de percentis de IMC.
    Quais as causas da obesidade infantil?
    A etiologia da obesidade é multifactorial, sendo a maioria dos casos de causa exógena. As síndromes genéticas e as doenças endócrinas são responsáveis apenas por 1% da obesidade infantil. Alguns estudos concluem existir 5 a 25% de responsabilidade genética na ocorrência de obesidade, desta forma o risco de obesidade é de 9% quando nenhum dos pais é obeso, 50% quando um dos progenitores é obeso e 80% quando os dois progenitores são obesos. Contudo, são os factores ambientais, nomeadamente comportamento alimentar e exercício físico, que exercem a maior influência na magnitude da expressão clínica da doença. A maioria das crianças come muito e mal! Fazem uma alimentação com baixo consumo de fibras (poucos vegetais e fruta) e com excesso de açúcar (refrigerantes, bolos, doces…), gorduras saturadas
    (batas fritas de pacote) e sal. A esta alimentação desequilibrada associa-se o sedentarismo e a reduzida prática de exercício físico, a qual pode ser atribuída: diminuição de espaços livres apropriados para actividades ao ar livre, associado a um aumento da insegurança, que favorecem a permanência em casa e ao aparecimento de actividades lúdicas mais sedentárias e acessíveis a uma grande parte da população, entre os quais a Televisão e os jogos electrónicos, os jogos de computador.
    Qual o papel da Televisão no aumento da obesidade infantil?
    Segundo a literatura mais recente, a televisão parece desempenhar um papel importante na génese da obesidade infantil. A televisão reforça o estilo de vida sedentário e promove uma alimentação desequilibrada através da publicidade. Segundo um estudo da DECO realizado em 2004, a categoria de produtos mais publicitados, durante a programação infantil, é a dos bolos e chocolates, alimentos ricos em açúcar e gordura e portanto pouco interessantes numa alimentação saudável. É, por isso, importante reduzir o tempo que as crianças despendem a ver televisão, recomendando-se menos que 2 horas/dia.
    Quais as complicações associadas à Obesidade infantil?
    Já vai longe o tempo em que gordura era formosura! Actualmente, sabe-se que a obesidade na infância é prejudicial à saúde física e mental da criança e predispões à obesidade na idade adulta.
    As crianças obesas têm uma menor qualidade de vida: cansam-se com facilidade, têm dificuldade em mexer-se, é difícil comprarem roupa, têm baixa auto-estima, podem ter dificuldades de relacionamento comos seus colegas ou serem descriminadas por estes.
    A obesidade está associada ao aparecimento de Diabetes tipo 2, hipertensão arterial, aumento do colesterol, puberdade precoce, problemas ortopédicos e psicológicos em crianças e adolescentes obesos. Mas se esta situação não for precocemente tratada estas crianças serão adultos obesos com risco aumentado de doenças cardiovasculares!
    Como vamos ajudar as crianças a não serem obesas? A serem crianças saudáveis?
    É imprescindível o envolvimento da família e de todos os prestadores de cuidados às crianças e adolescentes na mudança de hábitos e comportamentos. É adopção de hábitos saudáveis a melhor medida de prevenir e tratar a obesidade.
    Durante a infância e adolescência não se recomendam dietas restritivas, porque as crianças estão em desenvolvimento e não podem privar-se dos principais nutrientes. É preciso é que as crianças aprendam e tenham uma alimentação saudável.
    Serviço de Pediatria
    Serviço de Pediatria
    Devem fazer pelo menos 5 refeições por dia (pequeno almoço, merenda a meio da manhã, almoço, lanche e jantar), comendo ás refeições principais sopa, prato principal (com vegetais) e fruta e acompanhando a refeição com água. Os refrigerantes e néctares, com elevado teor calórico, ficam para os dias festivos! No intervalo destas refeições devem comer pão, leite, iogurte, fruta,… e não os bolos, bolachas, snacks, gomas, batatas fritas…
    A uma alimentação equilibrada deve-se associar a prática regular de exercício físico na escola e nos tempos livres em detrimento da televisão e dos jogos electrónicos. O sucesso da adesão e permanência em programas de actividade física é maior quando estas são práticas desportivas organizadas (na escola, através de clubes desportivos, etc.) e quando existe um envolvimento activo dos pais. Deixo aqui um apelo a esta colaboração das escolas e dos pais no combate à obesidade infantil!
    No Hospital de Évora existe uma consulta para estas crianças. Chama-se Consulta de Obesidade e Nutrição Pediátrica, a responsável é a Dra. Lia Ana Silva e tem como principal objectivo ajudar as crianças e as suas famílias no controlo da obesidade através de um plano alimentar e de exercício físico.

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  1. […] a pena ler esta publicação no blog Aventar sobre a presença da bicicleta na escola, e a proposta da […]

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