Tenho pelo Arq. Ribeiro Telles o maior dos respeitos. Pelos vistos a Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas (IFLA) também.
Gonçalo Ribeiro Telles, pioneiro da arquitectura paisagista, pregou quase sempre no deserto, entre assentimentos de cabeça e palmadinhas nas costas, como as gentes arrogantes sempre fizeram com os visionários, do género “será génio, mas é maluco”.
As mesmas gentes que nos deixaram como legado um país caótico e desordenado, muito longe da suficiência agrícola, com imensas quantidades de solos inutilizados e impermeabilizados, destruidor de biodiversidade, um país desintegrado e desmemoriado em relação à sua própria cultura e natureza.
Perseverante, lutou décadas pela implementação e manutenção, por exemplo, do Corredor Verde de Monsanto. A sua marca em Portugal é, felizmente, maior do que a obra que lhe foi permitido concretizar e visível no número e qualidade de seguidores e discípulos que granjeou.
Tenho a infeliz sensação de que, não fosse a pequenez e a hipocrisia com que foi tratado pelos poderes que foram sucessivamente administrando o território, ministros e ministérios do ambiente incluídos, e Portugal seria hoje um país mais equilibrado, belo, justo e sustentável.
Parabéns Arquitecto, devo-lhe muitas coisas que aprendi ao lê-lo e ouvi-lo, e algumas tardes maravilhosas de preguiça, conversa e lazer – alguns dos mais importantes sinais de civilização – nos Jardins da Gulbenkian.
Nos antípodas de Portugal, na Nova Zelândia, deram-lhe o maior prémio de arquitectura paisagista, uma espécie de Nobel, eis a triste felicidade de um dos portugueses que não trocou a lucidez pelo imediatismo inconsequente.
“Portugal seria hoje um país mais equilibrado, belo, justo e sustentável”
E também: Mais decente.
Quem porfia, sempre alcança.
Parabéns para quem possui uma história porfissional e de entrega aos valores cívicos.
Não são só valores cívicos os de Ribeiro Telles – além de ter acabado alguns dos projectos que NÃO LHE QUIZERAM CONSTRUIR pois que trabalhei naquela inenarrável CML – e que inenarrável continua – fiz “oficina no seu atelier” e Quando instituíram o prémio ÁRVORE de CRSTAL (Caldas da Raínha) não estava um único paisagista a não ser eu e os seus velhos amigos da sua idade como se nada fosse importante celebrar este “senhor” que não tem muitos “iguais” – ir às Caldas não é o mesmo que ir `receber o prémio Jellicoe pois claro
São Homens destes que admiro. Parabéns!