Autor convidado – Pedro Andrade

O meu 25 de Abril… uns anos depois do primeiro

Pedro Andrade
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Em 1974 ainda não tinha nascido, pelo que não tenho memórias do 25 de Abril. Da minha família também não recebi alguma memória particularmente marcante desse dia. Passei a minha infância nos anos 90, uma época que em retrospectiva parece quase mágica, de “vacas gordas” como se costuma dizer, em que Portugal se encheu de optimismo. Na minha infância e adolescência o 25 de Abril era só mais um feriado, mais um dia sem aulas, e pouco na escola se fazia por nos passar o verdadeiro significado da data. Se calhar porque, passada a revolução, tudo está bem. Como se Portugal tivesse o seu próprio “fim da história”…

Não tenho memórias de 1974, mas tenho memórias de outros dias 25 de Abril, em que participei nas ruas para que Portugal não se esqueça do seu próprio passado, mesmo não o tendo vivido pessoalmente. Gostei particularmente do 25 de Abril de 2012, passado no Porto. No seguimento dos ataques da Câmara Municipal do Porto ao projecto Es.Col.A da Fontinha, a população saiu à rua e num acto de grande simbolismo recuperou a posse de um edifício abandonado pela CMP, mas que estava há já vários meses a ser reabilitado pelo projecto. Para mim foi bonito ver aquela gente toda na rua, na escola, a lutar pela liberdade de organização num protesto completamente pacífico. Vi muita gente a cantar, dançar, a gritar pela liberdade, a falar, vi gente feliz por lutar.

Infelizmente foi Sol de pouca dura, e apesar de a luta ter continuado, em pouco tempo o projecto parece ter esmorecido. Infelizmente, e como noutros dias de luta, o tempo foi apagando o fogo… como no 12 de Março, ou noutros dias 25 de Abril, ou no 2 de Março, ou no 15 de Setembro. Com o 25 de Abril de 1974 talvez tenha acontecido o mesmo… talvez esteja só a demorar mais tempo a apagar o fogo. Alguns certamente saberão tirar proveito da escuridão. Não será a maioria de nós.

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