Havia necessidade? Governo de cobardes!

Bastou o homem apontar-lhe o dedo e dizer que o ia encontrar. O medicamento já está a caminho. Shame, shame, everybody knows your name!

Figo

Os ridículos devaneios patrioteiros a propósito da candidatura de Luís Figo à presidência da FIFA são intragáveis. O homem que se candidate ao que quiser, fazendo o frete a quem lhe apraz, ou satisfazendo a sua necessidade de aparecer, mas não acrescente mais lixo ao debate público, trate da vidinha e deixe-nos em paz. É que depois do seu pequeno almoço socrático, dispensamos bem o espectáculo do caricato apoio do governo actual – que não perde uma oportunidade para se agarrar a tudo o que mexe, como as carraças -, só pelo facto de ser português.

Figo é bom de pés mas severamente limitado noutros aspectos, designadamente habilitações literárias e carácter. A sua candidatura, ao contrário do que a nossa excitada imprensa alardeia, não vale um caracol, a não ser que venha a servir de passadeira a outras, o que é provável. Esta tendência de apoiar gente desta só por ser portuguesa não nos proporcionou já suficientes vergonhas internacionais? Agora, até na bola? Ora bolas!
Nota e declaração de interesses: sou sportinguista, sim; e depois?

Nessa espécie de notícia onde o TC era força de bloqueio

Acabo de ouvir no Telejornal, RTP1, uma notícia que começava por dizer que o Tribunal de contas desbloqueou hoje uma verba para pagar 2/3 do valor que o estado deve aos professores do ensino artístico. Seguiu-se uma reportagem sobre casos de pessoas que estavam há meses sem salários e, para todos, ficou claro que vivem uma situação incomportável. Fim da reportagem, notícia seguinte.

O diabo, como deus, está nos detalhes e nesta “notícia”, eles são o fulcro da questão. Na notícia não há uma referência quanto à razão destas pessoas não estarem a receber salário. Apenas que o Tribunal de Contas que desbloqueou qualquer coisa. Portanto, havia um bloqueio. O Tribunal de Contas estava a bloquear. A causa do problema foi o Tribunal de Contas. Este raciocínio não é desenvolvido na notícia mas a linha de pensamento está lá, na frase sobre o desbloqueio, complementada pela ausência de qualquer outra explicação. [Read more…]

Um pequeno golpe no terrorismo internacional

S&P

Na passada Terça-feira, a organização terrorista norte-americana Standard & Poor’s sofreu um pequeno golpe na sua actividade. Segundo o site da Agência Lusa, os fundamentalistas da S&P terão que pagar 1,3 mil milhões de euros para conseguir um acordo e fechar o processo judicial onde são acusados de manipulação de ratings pelo Departamento de Justiça, pela capital federal e por 19 estados norte-americanos. “Peanurs” diria Jorge Jesus.

Parece-me pouco. Sabemos bem que com fundamentalistas não se pode facilitar. Bom bom era bombardear os gajos, queimar tudo e prender os sobreviventes em Guantánamo, onde poderiam ser posteriormente sujeitos a técnicas democráticas de tortura, acompanhadas por fotografias em poses animalescas com primatas de uniforme, de forma a contarem tudo o que andaram ou não andaram a fazer.

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“A austeridade e a dívida são o ovo da serpente”

À saída de um encontro sem acordos, Varoufakis falou claro, e sem medo das metáforas, a uma Europa que tem de respeitar compromissos “mas sem esmagar a democracia com uma marreta”.

Sem Palavras

Exigir o que, comentar o quê, se é o próprio Primeiro-Ministro que põe preço na vida das pessoas? Sim, todos não passamos de um número.

Vida a prazo, salvação, atraso

A cena, passada na Comissão da Assembleia da República em que era ouvido Paulo Macedo e em que estavam presentes doentes e familiares de doentes de hepatite C, deixou-nos imagens pungentes de uma televisão-verdade que, por raras – sobretudo no âmbito da AR e dos seus protocolos -, nos despertam como bofetadas.

Um doente que vê esgotar-se-lhe a vida por falta de tratamento, qual náufrago que se sente morrer à vista da praia, interpelou e invectivou o ministro da saúde e, pedindo desculpa aos deputados, retirou-se. Deixou, olhos nos olhos, uma velada ameaça no ar – “a si, eu vou encontrá-lo” – que, se não é caminho para a solução da sua vida e dificilmente poderá ser apoiado como via justa de luta, não deixa de nos motivar empatia e fazer-nos sentir como nosso o drama daquele homem que ali surge como uma figura viva, individual, irredutível, como que emergindo das estéreis estatísticas em que o poder tenta dissolver as pessoas e mantê-las à distância. As pessoas.

Imprima-se a lenda

 

A Arthur Machen (1863-1947), escritor galês que ficou conhecido pelos seus relatos de terror e sobrenatural, aconteceu a fatalidade que atinge alguns ficcionistas: não foi capaz, ainda que muito tenha tentado, de convencer os seus leitores de que aquilo que contara não tinha acontecido.

Em Setembro de 1914, publicou no jornal londrino “The Evening News”, um conto sobre a Batalha de Mons, o primeiro embate entre forças inglesas e alemãs durante a I Guerra Mundial, no qual os alemães, apesar da superioridade numérica (160 mil contra 80 mil ingleses) sofreram mais do dobro das baixas (não há consenso sobre os números, mas fala-se em perto de 5000 contra as pouco mais de 1500 do lado inglês). Machen descreveu um momento crucial da batalha, quando tudo parecia perdido para os ingleses e estes, com a fleuma que se lhes conhece, previam, entre comentários sardónicos, a inevitabilidade da derrota face a um inimigo muito mais poderoso. Um soldado inglês lembra-se, então, de uma figura de S. Jorge que havia visto anteriormente e, ao evocá-la, surge, em pleno campo de batalha, uma fileira de anjos arqueiros, que em instantes dizimam as forças alemãs, para assombro dos ingleses que assistiam à intervenção sobrenatural. [Read more…]

Algo de diferente para 14 de Fevereiro

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Para comemorar o dia dos afectos, ou do amor, ou do que lhe quiserem chamar, o Sim, Nós Fodemos vai organizar precisamente no dia 14 de Fevereiro a sua Primeira Conferência. Com o tema geral «Sexualidade e Deficiência», este evento ocorrerá no Porto, no Espaço de Intervenção Cultural Maus Hábitos, na Rua Passos Manuel 178, 4º andar (frente ao Coliseu). Não sei se concordam comigo, mas eu acho de um enorme sentido de humor que algo que pretende incutir tão bons hábitos tenha lugar no Maus Hábitos (que é um nome irónico, dado o que por ali se faz).

A interessantíssima agenda é a que se segue:

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Um conto de crianças versão hardcore

Este é José Carlos Saldanha, um doente de Hepatite C que poderá em breve morrer porque o governo entende que a vida dele e de outros na sua situação não vale o elevado valor que a farmacêutica Gilead exige pela venda do medicamento. A menos que, como notou o Fernando Moreira de Sá, se trate de um caso de pura incompetência, e a notícia que dá conta da intenção da Gilead em oferecer 100 unidades do medicamento gratuitamente para doentes de risco, algo que aparentemente não aconteceu porque a farmacêutica não recebeu qualquer encomenda, seja verdade.

Espero que tenham gostado de mais um episódio da apaixonante conto de crianças “A vida quotidiana das pessoas não está melhor, mas não tenho dúvidas que a vida do país está muito melhor do que em 2011”. Depois do sucesso do episódio rodado em vários serviços de urgências de hospitais públicos portugueses, o governo que “salvou o SNS” continua igual a si próprio. Inútil e incompetente. O escarro metafórico do António Fernando Nabais. Ou será que é o monte de merda? Descubram mais nos próximos episódios.

Ui que radicais que eles são, tenham todos muito medo!

Alexis Tsipras, o Fidel Castro das alucinações mais profundas e patetas de Paulo Rangel, continua a fazer amigos. É tudo por hoje. Boa noite Castelo de Vide.