Déjá vu…

Durante algum tempo foi o meu voto de refúgio, desde que me zanguei com o PSD quando o cherne prometeu e não cumpriu um choque fiscal. Pelo meio também votei uma vez no 44… Mas já não é! Passei a abstencionista…

Também foi o único partido em cuja jota militei nos idos tempos da minha juventude, ao tempo o partido era liderado por Adriano Moreira e Lucas Pires. A minha militância não durou 6 meses. Não tenho feitio para militar em partidos, gosto de pensar pela minha cabeça. Mas sempre conheço um bocadinho do partido e seus militantes, sei como pensam…

O CDS/PP ficou traumatizado pelo furacão Cavaco Silva, que o reduziu à expressão mínima. Quando se apresenta ao eleitorado como alternativa ao PSD tem espaço político para crescer. Aconteceu em 1995 com Manuel Monteiro mas já com Paulo Portas a disputar protagonismo. Mais tarde a coligação com o PSD reduziu novamente a expressão do partido e convém lembrar que o líder que fez a travessia do deserto foi precisamente Ribeiro e Castro, que contudo nunca foi a votos. Com a liderança de Paulo Portas um mau resultado em 2005, para ser o mesmo Paulo Portas a alcançar um excelente resultado em 2009. Porquê? Precisamente porque em 2009 e também 2011 o partido se apresentou como alternativa ao PS mas também ao PSD. E que obtiveram os eleitores na presente legislatura? Uma excessiva dependência do PSD supostamente em benefício do país. Mas também perdeu identidade. Apesar de tudo a coligação apresenta-se benéfica para o CDS/PP. É talvez a maior realização da actual liderança, porque a concorrer separado o partido corria o risco de bater o triste record de 1991. Os eleitores não são parvos, para quê votar no CDS/PP? Se é para levar a cabo a política do PSD então vota-se PSD e pronto. Se como eu discorda ou desconfia do PSD, é preferível não votar…

Mas a próxima legislatura colocará os partidos da actual maioria na oposição, a coligação apenas tem sentido para governar, logo desfaz-se no rescaldo da noite eleitoral. O PSD irá mudar de liderança, o aparelho ajustará contas com Passos Coelho, onde incluirá os lugares agora oferecidos ao parceiro. O CDS/PP por sua vez será o que Paulo Portas decidir, mas é altamente provável que se afaste à semelhança do que fez em 2005. Só que neste caso irá dispor por força do acordo eleitoral, à custa do PSD, de representação parlamentar bem superior ao actual peso eleitoral. Facto que o aparelho irá agradecer a Paulo Portas e que poderá condicionar ou não uma eventual liderança futura. Ribeiro e Castro já experimentou a dose. Resta saber quem será e que fará o sucessor, porque passar Paulo Portas à História não é tarefa fácil. Mas espaço para um partido alternativo ao PSD existe. Chamem-lhe CDS/PP ou qualquer outro nome, tenha sede no Largo do Caldas ou em qualquer outro sítio…

Comments

  1. Nem tinha parado para pensar nessa hipótese: a coligação perder as eleições VS o CDS ver a sua representação parlamentar aumentar desproporcionalmente. Vai dar granel, vai haver muito boy chateado no PSD…

  2. Nightwish says:

    António, o CDS não é um partido político, é um partido de tachos para quem dizer o que as pessoas querem ouvir mas não cumprir uma única linha vermelha desdizendo-se com vontade é absolutamente normal.

    • O partido até possui excelentes quadros que foram ao longo dos anos afastados pelos carreiristas e yes man…
      O futuro do partido passa pela força que conseguir o próximo líder apesar da condicionante que representa o poder de Paulo Portas. Não creio que este seja capaz de repetir a façanha de 2005. Internamente até o poderá conseguir, tem força para isso, mas colocar outro líder a marinar por ele e regressar obtendo uma excelente votação já me parece mais difícil. Se o conseguisse era feito único, mas não depende dos militantes e sim da sua capacidade eleitoral, que me parece ter limites… Apesar de não o subestimar, reconheço-lhe capacidade política, com tudo o que isso significa…

      • Nightwish says:

        Capacidade política para se manter no poleiro tem, agora qualidades de estadista o irredutível não tem nenhumas.

  3. Só um reparo no que diz a abstenção, grave para quem até se interessa por politica. Talvez o factor que mais prejudica a vida democratica é os que ao absterem-se permitem que incompetentes tenham a maioria

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