Olhares sobre as legislativas 2015: Passos ganhou!

Ronaldo Bonacchi

A primeira coisa que me vem à cabeça é que aquela que queria ser uma piada por absurdo, dita em um “O Esplendor de Portugal” da Antena 1, não era assim tão absurda: falando das sondagens que o davam por vencedor eu disse que os eleitores portugueses são um pouco masoquistas, pois gostam que lhe batam mais, ou dito de outra forma parecida, sofrem de síndrome de Estocolmo, pois tem afeição para com aqueles que os fizeram reféns da Troika, que mesmo fora de Portugal, ficou bem representada por Passos, Portas e Cavaco.

Passos ganhou, mas não com maioria absoluta. Ganhou apesar do enorme aumento de impostos, das muitas privatizações e do parcial desmantelamento do estado social.
Se tivesse posto a sobretaxa IRS a 5% ou até 7% e o IVA a 25% ou até 30% e tivesse privatizado completamente saúde, educação e justiça provavelmente teria ganho com maioria absoluta.

Classicamente em democracia um governo desgasta-se naturalmente ao longo da legislatura, e mais ainda se não cumpre com o que prometeu como aconteceu com o Passos. Se isto não aconteceu é porque a nossa não é bem uma democracia.
Sim, foi a maioria que escolheu livremente, mas só formalmente, porque a liberdade sem a capacidade critica é muito condicionada pelo medo e pelas mentiras repetidas vezes em conta até se tornarem verdades.

E o quinto poder, a imprensa, não ajuda muito, alias! E ainda mais as televisões que prosperam na consolidação da idiotice generalizada lentamente alcançada.
Uma última nota: não vejo provável que o Costa lidere uma coligação de esquerda, in primis porque duvido da capacidade e vontade real de compromisso entre todas as esquerdas e, depois, porque acho quase contra natura nomear como primeiro ministro o verdadeiro perdedor destas eleições. E isso contrasta escandalosamente com a vontade de uns bons 60% dos eleitores que votando PS, PCP ou BE expressaram claramente não querer um novo governo de direita. Viva Passos! Viva Portugal!
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“Olhares sobre as legislativas 2015” é uma série de perspectivas diferentes, políticas ou não, num espaço de temática marcadamente política. Escreva-nos.

Comments

  1. joao says:

    A democracia habitual de quem uma vez num ‘esplendor de portugal’ disse que certas pessoas não deveriam se manifestar porque não eram povo ou pobres. Penso que foi na altura das greves na TAP. Não vou emitir opinião sobre ela mas seria incapaz como democrata de dizer algo do género mas depois vêm falar em democracia

    • Nightwish says:

      Se aceita a mentira como democracia, você lá sabe. Mas a realidade há-de os apanhar, que ainda nada se fez contra a crise.

    • Ronaldo says:

      Fico sinceramente lisonjeado q lembre uma coisa dita faz tempo e q tome tudo o q digo tão a serio. Eu não lembro bem do q disse na altura, mas tentando reconstruir o raciocínio acho mesmo q quem ganha mais q 8.000 euros por mês não deveria brincar aos pobrezinhos. Eles tem advogados para negociar os seus direitos. E dizer q não deveriam se manifestar desta forma não é por falta de democracia da minha parte – quem poderia proibir a alguém de se manifestar? – é mais uma critica à falta de vergonha da parte deles.

      • joao says:

        Ronado gosto muito do programa e sou ouvinte assíduo. Se me lembro disso não é para que fique lisonjeado se fixei tal foi porque fiquei bastante marcado negativamente com tal afirmação. Tenham ou não razão, o que eu aprendi na democracia é que quer ricos, quer pobre têm direito a se manifestar. Quer ricos quer pobres têm direito à greve. A indignação, o direito ao protesto não têm dono. Quem não concorda tem o direito a dizer que não concorda. Eu não concordei com a greve na TAP mas nunca na vida iria dizer que eles não tinham direito de protestar só por serem trabalhadores que tem vencimentos mais elevados. As acções têm consequência e todos vivemos de acções. Um bem haja. E obrigado por ter esclarecido o que queria dizer e continuação de bom programa.

  2. Nestas eleições o fosso entre os jornalista ,tudologos e trolls (que escrevem como donos da verdade), e a realidade (alias antecipada pelas traking polls) foi por demais evidente, para que gente inteligente não se interrogue e arrepie caminho, do lirismo bacoco em que tem vivido.
    Se tivesse privatizado a saúde , educação e justiça, teria ganho com maioria, é um frase típica dum lunático que tivesse apanhado a boleia do vaivém espacial e tivesse aterrado no domingo em Portugal.

  3. JgMenos says:

    O povo é que é estúpido!
    Persiste a memória do óleo de fígado de bacalhau, que lhe diz que do sofrimento pode vir a cura, mas é estúpiod!
    Sabe bem que não se passa da pobreza à riqueza por obra dos Governos, mas é estúpido!
    Olha em volta e vê gente e empresas falidas por todo o lado. e não acredita que tudo isso pode ser evitado, mas é estúpido!

  4. JgMenos says:

    Na hora em que o PS se alie à esquerda perde pelo menos metade dos eleitores e a coligação terá de imediato uma maioria no parlamento.
    Berraram aos 4 ventos que o PS não é de esquerda. Agoram fazem ciontas como se fosse!

  5. Rui Silva says:

    Não me parece que o Povo seja masoquista ou sofra do Síndrome de Estocolmo. Antes pelo contrário, o Povo sabe bem que foi o PS que nos trouxe aqui. O atual governo apenas foi um gestor de massa falida. A mim parece-me que quem sofre do referido síndroma ( caso não sofra de alguma patologia que lhe afete a memoria), é o autor.

    cumps

    Rui Silva

    • Ronaldo says:

      Sempre critiquei Socrates, e mesmo agora tenho um arrepio em defende-lo: desde q Portugal entrou na União Europeia todos os governos viveram uma euforia financeira que só agora se demonstrou desastrada. A Europa dava dinheiro e não aproveitar teria sido uma bobeira e Cavaco foi ainda mais despesista do Socrates. Mas na altura a Europa tinha um programa de convergência e agora a Europa não só não dá mais dinheiro, mas quer de volta tb o q já deu. Aliás, caro Rui, na inconsistência da governação parecida à do Cavaco, Socrates teve algumas raras e boas ideias, como o Magalhães, o simplex, o inglês… do Cavaco não lembro nada. Sim, talvez sofra de falta de memoria.

      • Rui Silva says:

        Grandes ideias ! Tão grandes tão grandes que deram uma grande … falência.

        cumps

        Rui Silva

      • Nascimento says:

        Do Cavaco o ruizinho tem uma lembrança…. sabe qual? O Bolo- Rei!!!!O rapazola adora bolinhos!

    • j. manuel cordeiro says:

      Ó Rui, você cansa. Mas vou escreve o mesmo uma vez mais.

      “o Povo sabe bem que foi o PS que nos trouxe aqui”

      Sabemos bem que foi o PS e o PSD, ajudado pelo CDS, com as suas políticas de investimento público, que fizeram a dívida pública chegar a um ponto em que ficámos nas mãos dos credores. E que, quando os juros começaram a disparar em 2008, ficámos sem hipótese de os pagar. Se é verdade que o PS chamou a troika, também verdade que PS/PSD/CDS, ao longo das suas governações, foram, em conjunto,que até aqui nos trouxe.

      • Rui Silva says:

        Caro J.Manuel Cordeiro,
        Eu concordo consigo, o PSD também é culpado. No entanto os últimos 6 anos de PS (Eng. Sócrates) foram absolutamente alucinantes. Era responsabilidade do PS evitar o pior. Mas o que se viu, foi á inconsciente desorçamentação do défice .
        Não podemos esquecer já em plena crise o aumento de 2,9 % da FP e o abaixamento do IVA.

        cumps

        Rui Silva

        • Nightwish says:

          Já andar a brincar aos bancos e a destruir a economia baseado em achismos é responsabilidade.

    • Nascimento says:

      Tu és um ganda maluco ruisinho…. essa da MASSAMÁ-FALIDA!!! Rui vais já para suuuuubsecrrrretario de uma segurrradorra ok…. mas, olha amor, leva papel e tinteirinhos ok?xauzinho.

  6. Passos ganhou por desmérito das alternativas… branco mais branco não há!

  7. Abel B. says:

    “Se tivesse posto a sobretaxa IRS a 5% ou até 7% e o IVA a 25% ou até 30% e tivesse privatizado completamente saúde, educação e justiça provavelmente teria ganho com maioria absoluta.”
    Não teria ganho com maioria absoluta mas teria ganho na mesma, porque o eleitorado do PSD/CDS que vota no “seu partido de sempre”, porque “os outros não fazem melhor”, assim o permitiria. (É claro que se poderá dizer o mesmo do eleitorado típico do PS).
    No fundo, 40 anos de ditadura não serviram para nada; os portugueses continuam na mesma.

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