O big bang de Rubem Alves
31/10/2012 by
Livro curioso é, sem dúvida, Do Universo à jabuticaba (2010) de Rubem Alves e que tem vindo a acompanhar-me nas últimas horas do dia!
É «ave rara» este brasileiro. Escreve cada coisa, mas eu gosto:
Onde estive eu, durante esse tempo imenso, bilhões de anos, que vão do big bang até o meu nascimento? (…) Para mim, o mundo foi criado quando eu nasci. O big bang aconteceu para mim quando minha mãe me pariu. Foi grande a demora? Custou-me esperar bilhões de anos? Não. Foi menos que um segundo. E agora, que a morte se aproxima, sei que vou voltar para o lugar onde estive. De novo, a espera vai ser grande? Não. Não esperarei mais que um segundo…
Lembro-me agora da visão da Física sobre este assunto, como não poderia deixar de ser. S. W. Hawking, o físico inglês que escreveu a célebre Breve História do Tempo (1988) dedica dezenas de páginas ao big bang:
(…) o tempo começou com o big bang, no sentido em que os primeiros momentos não podiam ser definidos. (…) não há necessidade física de um começo.
P.S.- O título deste post foi difícil de escolher! Foram muitas as hipóteses: «O meu big bang»,«o big bang importa», «o big bang que importa» ou «o big bang, que importa isso?»
A felicidade
20/01/2010 by
Meus amigos:
Os meus amigos e a nossa Carla em particular põem-me cada questão que eu fico sempre naquela…que o mesmo é dizer: é melhor ficar calado. E é, é melhor ficar calado, porque há assuntos em que nos perdemos sempre que neles nos aventuramos a entrar. A felicidade…sei lá eu o que é a felicidade! Sabe lá a Carla o que é a felicidade! sabemos lá nós o que é a felicidade! A felicidade do meu organismo, ou seja do meu ser global, porque eu não aceito qualquer dualidade corpo-espírito, é aquilo a que chamamos a homeostasia, isto é, a sintonia de todos os fenómenos que em mim se processam. Se há um desequilíbrio, grande ou pequeno, em toda a constelação de vivências da minha harmonia, há um grito de alarme, mais estridente ou menos estridente. Se eu tenho dor, dita física ou dita psíquica, essa dor é um sinal ou um alarme acusando que a sintonia está perturbada. E a felicidade é a sintonia do meu ser. A felicidade é a ausência do sentimento da dor, dor como sentimento de desequilíbrio, seja ele qual for. Portanto, no seio de tão complexa textura, dizer que a felicidade está no dinheiro ou na carteira vazia, no carro topo de gama ou no andar a pé, no poder ou no desprendimento, no hotel cinco estrelas ou na casa de campo em que a Carla foi passar o fim de semana com lobos à mistura, na vivência da nossa razão ou na esperança das crenças sobrenaturais é puro disparate. A felicidade possível pode estar ou não estar em qualquer destas circusntâncias, porque ela só está na nossa homeostasia, na ausência de dor, como sentimento de alarme. E a dor tem uma escala incomensurável que abrange, felizmente, todos os seres humanos do mais rico ao mais pobre, do mais pensante ao mais irracional. Graduar a felicidade é, no fundo, mas bem no fundo, como pretender guiar o nosso fluxo neuronal através de três biliões de neurónios.
Os crimes no Colégio Militar
23/10/2009 by
Jovens selvaticamente sovados por colegas muito mais velhos e graduados, a coberto de uma pretensa disciplina e tradição.
Os jovens ficaram com sequelas físicas para toda a vida e tiveram que ser tratados num hospital. Quanto às sequelas psicológicas são menos visiveis mas tambem estão lá para o resto da vida. A disciplina militar do colégio achou que uma pena razoável seria 5 dias de afastamento do colégio, mas os pais dos jovens agredidos é que não estão pelos ajustes e avançaram para os tribunais. O crime cometido tem uma pena que pode ir até 5 anos de cadeia.
Agora correm por aí umas versões que tentam deitar areia para os olhos dos observadores e mudar a opinião pública. Vem uma mãe e diz que o filho nunca foi magoado e que tira óptimas notas, que o Colégio é uma mais valia a preservar, e vai adiantando que estão ali 9 ha de terreno, no centro de Lisboa, que abriram o apetite aos especuladores imobiliários. Daí a quererem fechar o Colégio . Outros dizem que o Colégio tem cada vez menos alunos e que não se justifica aquela aparato de instalações.
É melhor pôr um ponto de ordem à mesa. A violência está provada e nada justifica que cobardes matulões resguardados por tradições vis e superioridade física, agridam jovens de 12 anos, a ponto de ficarem com sequelas físicas para o resto da vida.
Bem podem marchar com garbo e passo certo mas a lei não fica cá fora dos muros do Colégio. Quanto ao terreno vai ter o destino que a oferta e a procura determinarem, neste país onde o betão sai sempre vencedor.
Infelizmente!
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