A véspera (rutilante) do futuro (ainda) adiado

moç2

Ela era linda. Morena, como ainda convém hoje aos meus olhos, fiéis a esse tom de pele inultrapassável e absoluto. Tinha 17 anos; eu, 23. Partilhávamos ao jantar a mesma sala, as mesmas mesas (uma em frente da outra) e trocávamos olhares desde o primeiro dia em que entrei na Tubuci para uma das especialidades da sua cozinha. Eu estava fardado, ela vestia de negro. Quando a via de negro, deixando faiscar os seus incríveis olhos verdes num contraste de sonho, todo eu me derramava por dentro e deixava que a minha energia voasse pela sala ao seu encontro.

Decidimos namorar aí por finais de Fevereiro. Exacto, nos meus anos. Ia buscá-la ao liceu, ficávamos a semear beijos e a cultivar a ternura até quase à hora de jantar. Depois, chegavam os meus camaradas de mesa, ela ia deixar os livros ao quarto e descia.
[Read more…]