Bipolaridade lusa

Gosto muito deste nacional optimismo em relação à selecção nacional: acreditar sempre, crer que é possível, lutar até ao fim e coisa e tal.
É exactamente o oposto quando se pergunta acerca do país e da crise: isto não tem remédio, estamos desgraçados, este país está findo e blá blá blá.
Futebolândia 1 – Pátria 0.

Atravessar a ponte

Pode chover, mas quero acreditar que o S. Pedro vai estar do lado certo da história.ponte_infante

Pode acontecer também, que algum medricas como eu, tenha medo das alturas.

Pode também haver uma ou outra pessoa que concorde com o roubo que o governo está a fazer a quem trabalha e até a quem já deixou de trabalhar.

Pode até existir uma ou outra pessoa que não consiga observar grande eficácia neste tipo de lutas.

Pode tudo!

Mas, amanhã de tarde, como por vezes acontece nas nossas vidas, há dois lados. O lado de lá e o lado de cá. A pé, pela Ponte do Infante vamos procurar unir dois lados com uma Marcha de energia positiva que aponta caminhos diferentes – não estamos, claro, todos a dizer as mesmas coisas. Para alguns a solução está num pinheiro, para outros teria que ser a floresta toda.

Para mim é simples: nasci depois do 25 de Abril e tenho consciências plena que o povo conseguiu construir um país melhor para mim e para os meus. Da luta, muitas vezes na rua, nasceu um país com um fantástico sistema nacional de saúde, com uma Escola Pública, cheia de defeitos, mas das mais eficazes da Europa, uma Segurança Social de todos e para todos.

A direita no poder e quem a apoia não suportam que os pobres possam ser gente. Não admitem que os pobres possam ser tratados nos mesmos hospitais, tenham acesso à mesma escola pública, tenham a mesma dignidade na reforma.

Não admitem que os pobres possam atravessar a ponte da ascensão social. E, caros amigos, é APENAS isto que está em cima da mesa: um ajuste com as conquistas dos meus pais!

Por eles, mas fundamentalmente pelos meus filhos, vou atravessar a ponte.

Das Gerações à Rasca, às manifestações Que se Lixe a Troika*

Estive dois dias a “mastigar” o que foram as manifestações simultâneas do passado sábado.

Pouco tempo, eu sei, para luisproduzir o que quer que seja de uma reflexão aprofundada. Mas mesmo assim, gostaria de partilhar e, para quem o quiser fazer(coisa nada fácil de fazer no nosso mundo-chiclete), colocar a debate, algumas ideias.
Penso que a “Geração à Rasca”, há pouco menos de 2 anos, que estudei em profundidade graças à bem-aventurada aventura académica, marca uma espécie de início visível de um longo processo de re-tomada do espaço público simbólico por um “cidadão anónimo” novo, que já não coloca em campos antagónicos a “cidadania” e o “anonimato”, o que pode significar que estaremos num processo reformulador do próprio conceito de “cidadão”. Trata-se, pois, da possível emergência de algo cujas consequências políticas ainda não temos suficiente informação para perceber.
Digo que se trata da re-tomada, ou re-ocupação do “espaço público simbólico” porque, nas últimas décadas, o capitalismo (chamemos-lhe “democracia de mercado” para sermos, vá, simpáticos) desvitalizou, de facto, o espaço público como “espaço político”. Julgo que é da sua tentativa de revitalização que tratam estas manifestações, o 12 de Março de 2011, o 15 de Setembro de 2012, o 2 de Março de 2013.
Para já, estaremos num período de diagnóstico a que poderíamos chamar “a rebelião dos consumidores”.  [Read more…]

Amanhã, às 15h

Para memória futura ficam as declarações de Nuno Crato:

“O Governo não está a discutir, o Ministério não está a discutir qualquer aumento do horário de Professores e muito menos de 35 para 40 horas. Isso não está em causa” (…) “Eu posso dar essas garantias para que as pessoas estejam tranquilas em relação a isso”

 

Estou tão tranquilo que amanhã, sábado, dia 16 de fevereiro volto à rua!

14N: Agora é a hora!

Para uma parte significativa do nosso povo Portugal tem que pagar o que deve. E ponto.

Existem, depois, dois grupos, minoritários que têm vindo a fazer opinião:

– para o PSD e seus boys existe um caminho para ser percorrido e que está, ainda, a começar: tornar privado tudo o que possa dar algum tipo de lucro, ou seja, depenar o país de qualquer tipo de possibilidade de se safar. Eles dizem que Nós (o país!) temos que pagar porque esse é um negócio que lhes interessa, e muito!

– para o BE, para o PCP, para uma parte cada vez mais significativa do PS e, claro, para um conjunto cada vez mais amplo de pessoas, independentes e livres, da esquerda à direita, está hoje mais claro o caminho que isto está a levar. Já perceberam qual é a agenda que está em cima da mesa. Já compreenderam o que querem os boys de serviço. Continuam,  no entanto, sem apontar um caminho, sem dizer ” é por ali!”

Hoje, Silva Peneda, aponta um caminho: negociar e já!

Defendo essa exigência! É impossível continuar a pagar, quer os juros, quer a comissão à TROIKA, sem que isso signifique o fim do país.

Confesso que continuo a ter algumas dúvidas sobre o papel do CDS e de uma parte do PS que tendo percebido o que está em causa, continuam a vacilar entre o futuro do país e o futuro das respectivas carteiras – está também visto o que vão escolher quando tiverem que optar.

Neste quadro, meio estranho, onde os políticos se revelam incompetentes para resolver, tem que haver uma resposta das pessoas reais – de mim, de ti, de cada um de nós!

É um momento único este que vai ser vivido na próxima 4ª feira!

Uma EUROPA inteira a lutar!

Este é o caminho e poderá, desta unidade dos povos, das pessoas que trabalham, sair alguma coisa bem positiva.

Dia 14 participo na GREVE GERAL! E tu?

Quantos cabem?

Um país inteiro!

De todos! Mesmo de TODOS!

Claro que a Manif de sábado é de TODOS os portugueses, pelo menos dos que trabalham ou dos que querem e não conseguem trabalho. O 15.S foi o primeiro de muitos dias  – será um marco na história Portuguesa – e descansem os mais sossegados boys de serviço – ninguém se vai calar com a TSU porque quem esteve na rua está tão interessado na TSU como noutra forma de roubo qualquer! O ponto é este amiguinhos laranjinhas: não queremos continuar a ser roubados! Basta! Há outro caminho e já muita gente o diz. Por isso, Sábado, voltamos à rua. E tu? Queres transporte para Lisboa no Sábado? Anda daí!

Movimento pela extinção real dos PCT

No ad duo e nos Professores Lusos a questão já tem uns dias, mas meus caros colegas, o tema tem toda a actualidade.

A legislação que regulava o ensino básico era de 2001 (Dec. Lei 6/2001, de 18 de janeiro) e na sua introdução, a referência ao Projecto Curricular de Escola e ao Projecto Curricular de Turma (PCT) era evidente:

“No quadro do desenvolvimento da autonomia das escolas estabelece-se que as estratégias de desenvolvimento do currículo nacional, visando adequá-lo ao contexto de cada escola, deverão ser objecto de um projecto curricular de escola, concebido, aprovado e avaliado pelos respectivos órgãos de administração e gestão, o qual deverá ser desenvolvido, em função do contexto de cada turma, num projecto curricular de turma, concebido, aprovado e avaliado pelo professor titular de turma ou pelo conselho de turma, consoante os ciclos.” [Read more…]

General Humberto Delgado regressa hoje ao Porto

Não vivi os sentimentos de 1958 no Porto.

Ouvi falar muito de Humberto Delgado pela voz de pessoas que no dia 15 de maio (há quem escreva 14) estiveram no Porto.

Sente-se algo de parecido hoje. Há qualquer coisa no ar de diferente. Há gente que nunca vai e hoje telefona a dizer que vai lá estar.

Hoje respira-se Liberdade por aqui!

Rigorosamente a não perder numa Praça perto de si.

Por mim, vou! AGORA!

Pelo NOSSO futuro, façam a VOSSA parte

Hoje abdiquei de um dia bem especial por uma causa maior. Aquela a que decido parte da vida há uns anos. Os Professores e a Escola Pública. Saíram as colocações.

Estive na Avenida dos Aliados no Porto para, em tempo real, mostrar ao país a vergonha que Passos Coelho, Paulo Portas e Nuno Crato trouxeram para as nossas escolas.

Sobre o desemprego provocado, por opção, subscrevo integralmente o António Nabais.Voltarei com uma reflexão pessoal mais tarde.

Por agora queria só partilhar a minha tristeza pela TUA ausência! Sim! A TUA que és Professor e que preferes o silêncio da tua casa, ou os likes no face, os comentários nos fóruns e nos blogues e que teimas em não perceber a importância da  rua!

Preferes bater nos sindicatos e em especial na FENPROF – hoje é um bom dia para me dizeres onde andam as outras amostras de sindicato- em vez de fazeres a tua parte.

Hoje é um daqueles dias! Eu faço a minha parte! Posso fazer mal, mas faço! Pode ser uma atitude ingénua e até pouco eficaz. Admito que sim, mas até prova em contrário não estou a ver outra melhor.

Qual foi a tua desculpa para hoje? Dentista? Compras? Micose?

Como costumo dizer, estou “efectivo à porta de casa“, a minha parte está feita, mas nem por isso perco uma (uma que seja!) oportunidade de lutar.

E tu? O que tens feito por ti? Acorda! 

Nota: desculpem lá a azia, mas o power volta na segunda-feira.

 

Já saíram as listas de colocação de Professores, vamos para a rua

São conhecidas as listas de colocação dos docentes que concorreram aos Açores.

Mas esta será a mensagem sobre o concurso para o Continente que todos vão querer ouvir e ler nos próximos dias.

A data prevista é a próxima sexta-feira, 31 de agosto e são muitos os milhares de professores que não fazem, ainda, a mais pequena ideia do que vai ser a sua vida na próxima segunda-feira.

Se para uns a questão é saber em que escola vão trabalhar, que alunos e anos vão ter, para a maioria a questão é bem mais grave – há ou não emprego?

Por mais que se concentrem nas ofertas de escola que estão a decorrer, essa é também uma solução pouco interessante porque as vagas podem (e serão!) ocupadas por colegas dos quadros que ainda estão sem serviço atribuído. O que deveria ter acontecido era um bocadinho mais de dignidade do MEC – publicavam as listas de colocações no dia 31 e no dia 3 abriam as vagas, em oferta de escola, que realmente o são.

É que quase todo o trabalho (imenso!!!) que estão a ter agora será simplesmente para nada.

Até por isso e porque 6ªfeira vai ser um dia bem especial penso que fará sentido que todos os professores se juntem, na rua,  ao fim da tarde. É o momento de mostrar ao país o que nos vai na alma!

Vais?

Chile e a escola pública

Desta vez são os estudantes chilenos que parecem apontar o caminho e dia 28 há mais gente para se juntar ao protesto.

E ninguém está a falar ou exigir vantagens pessoais ou profissionais, ninguém exige nada de individual. Apenas a Escola Pública.

de Não há assim tantas diferenças entre o que eles exigem e aquilo que deveriam ser as nossas lutas. Vamos seguir com mais atenção a inspiração chilena.

O meu movimento

Aí está a segunda oportunidade de conseguir falar com o Pedro Passos Coelho.

Reconheço que há coisas mais interessantes para fazer, nomeadamente em férias, mas entendo o aproveitamento legítimo da cobertura mediática que este tipo de iniciativas acaba sempre por ter.

A inutilidade deste processo está comprovada no que resultou do movimento vencedor do ano passado – nada!

De qualquer forma e por uma questão de visibilidade entendo a opção por criar um movimento. Já lá fui e vá votei.

 

Lutador dos sete ofícios

Portugal é um país muito pequeno, uma espécie de aldeia à escala planetária. Não me surpreende a presença duma pessoa em vários momentos da vida cívica até porque a cidadania lusa já teve melhores dias. A experiência vai-me mostrando que as pessoas que fazem as associações recreativas são as mesmas que estão no folclore, nas associações de pais, na igreja, nos clubes, nos partidos, nos sindicatos…

Alguma direita tem procurado apontar o dedo a quem aparece na rua a protestar contra algo, nomeadamente quando se trata de pessoas ligadas ao PCP e ao BE. Desta feita trata-se da luta contra as portagens no Algarve e o BE é o bombo da festa. Parece-me excessivo que um partido ou uma organização tenham que mandar nos seus membros, quando estes actuam numa outra condição. Parece-me estranho que alguma direita, sempre tão liberal, ache que o presidente do meu partido tenha que ter opinião sobre o que eu faço no clube de futebol da minha terra ou naquilo que faço na minha comunidade, por exemplo, como elemento de uma associação de pais.

Esta transparência e divisão de “tarefas” não é uma condição da democracia? O que sugere Helena Matos?

Que cada um dos cidadãos só possa ter um papel na sociedade? Ou que, no caso de ter mais do que um, tenha de fazer uma declaração de interesses? É isso que sugere? Que traga na lapela um pin de cada uma das suas funções?

Será que teremos este tipo de considerações para os cargos de chefias de empresas, na promiscuidade entre as empresas e o estado, entre os partidos e a comunicação social? Os de confiança

Fica a sugestão para o Blasfémias.

Há um momento em que temos de ir para a rua

O Público de hoje traz um texto com declarações de vários professores, procurando equacionar a resposta da classe às propostas do MEC sob o ponto de vista das redes sociais. Há declarações minhas, onde me assumo, como sempre, como Dirigente do SPN (FENPROF) e como elemento do Aventar. Além das minhas há declarações do Dirigente da FNE, Arlindo Ferreira, do Nuno Domingues, do André Pestana e do Paulo Guinote.

No caminho anti-sindical que tem marcado a prática do Paulo, tudo que aparecer com o rótulo FENPROF é para deitar abaixo – agora é o Purismo Divisionista. É curioso que me acuse de dividir quando ele se atira à FENPROF, que bem ou mal é a única organização que tem estado na rua. Será que as outras, as que têm lugar à mesa, são mais confiáveis?

E já agora Paulo, creio que já não faz sentido que me continues a atirar para um lado da FENPROF que tenho vindo a combater há anos. E tu sabes isso! É atirar areia para os olhos dos mais atentos. Sugeria uma leitura, no texto, destas linhas:

“Apesar de ser dirigente do Sindicato dos Professores do Norte, afecto à Fenprof, João Paulo Silva, um dos autores do blogue Aventar, partilha algumas das críticas feitas à actuação dos sindicatos,”

Quanto aos argumentos por mim utilizados, penso que não há nada de outro mundo na  afirmação que a maioria dos professores votou neste governo e que uma parte significativa da classe recebeu bem o Ministro. É uma ideia que  tem tanta validade como o seu contrário, mas ainda podemos ter liberdade de expressão ou não?

Mas que diabo, porque é que esta afirmação, meramente pessoal, é divisionista? Porque é que esta afirmação é assim tão dramática? Será que te tocou em algum ponto sensível? Sinal de falta de democracia da minha parte? Limito-me a tentar perceber o mundo à minha volta, nada mais. [Read more…]

Ainda os horários zero dos professores, uma explicação simples

Este é um verão estranho para os professores – é o único momento do ano em que podem ter férias e nem isso o governo permite. Para os que estão com horário zero (sem serviço atribuído) os últimos dias têm sido passados à volta dos concursos e dos erros, sucessivos, do MEC. Para os contratados é o precipício, com o Nuno Crato a insistir no passo em frente.

Mas porque é que Nuno Crato arriscou perder o capital político que tinha num processo tão complicado como o dos concursos?

Há, basicamente duas teorias, mas antes disso queria formular uma história que ajuda a perceber isto dos horários zero: [Read more…]

Crato inclinou-se tanto que abriu um buraco

São quase três da manhã e a plataforma continua em baixo. Os Professores continuam a não poder concorrer.

É perfeitamente estúpido que o Mestre da exigência se preste a este papel. Não há adiamento que resista a tanta incompetência.

E reparem, não se trata de estar ou não estar de acordo com as políticas: para lutar pela Escola Pública, fomos, no Porto, outra vez para a rua!

Não é essa a questão.

O ponto é mesmo a incompetência desta gente em gerir uma coisa tão simples como um concurso de professores. Nos anos 80, quando eram em papel, tudo era possível. Agora com computadores e fibra óptica e sei lá mais o quê, não conseguem? Ou são incompetentes ou querem acabar com os concursos nacionais?

Será que sobre isto, a FNE terá algo a dizer? É que à hora em que uns estavam nas ruas do Porto a lutar pela escola pública, outros estavam a Despachar serviço no gabinete do Ministro.

Nota de rodapé: passaram 11 minutos e a plataforma continua como o Crato! Um zero!

 

 

Vigília pela Educação já mexe

A Vigília já está a mexer e até o sr. Ministro começa a dizer coisas – sabemos que ninguém vai ser despedido agora, mas sabemos que a esmagadora maioria dos docentes contratados não vai ser contratado, isto é, vai ser despedido. Mas e amanhã, o que vai acontecer aos Docentes dos Quadros? Poderá o Ministro garantir isso? Claro que não!

As notícias sucedem-se e a República vai mesmo sair à rua: no Diário de Notícias, na RTP, no Público.

Mais do que uma questão de Professores, trata-se de defender a Educação, o serviço público de educação e em particular a Escola Pública.

Um movimento de pessoas que não desistiu, que não desiste e por isso amanhã vou estar na Praça da República.

Para que servem os professores? Para o presente do país!

Andei uns dias com a pergunta na cabeça: “Para que servem os professores?

Fui pensando que, de facto, os Professores, enquanto classe são algo muito diverso que, na sua maioria, levam a sua prática profissional centrada em dois eixos:

– o trabalho com os alunos, na maioria dos casos, excelente, de grande empenho e de muita entrega;

– uma visão individualista da profissão, quer enquanto agente diário de mudança social, quer enquanto autor permanente de mudanças para o futuro.

A maior estrutura coletiva de professores, a FENPROF, tem, desde sempre, exigido ser um parceiro ativo nas questões educativas, mesmo que fora da  esfera profissional, mas os professores nunca se sentiram verdadeiramente envolvidos nessa dimensão. Penso, pois, que aqui está parte da resposta à questão colocada: os professores estão disponíveis (estiveram!) para sair à rua contra a sua avaliação, mas não se conseguem mobilizar para lutar por uma coisa tão “simples” como a ESCOLA PÚBLICA! [Read more…]

Desemprego de Professores: dito assim, por outros, ganha mais força?

O dia de Santo António está por aí a chegar e às vezes sentimos alguma afinidade com os discursos aos peixinhos. Vamos escrevendo e falando sobre o que tem sido feito ao nível dos despedimento dos Professores, mas até parece que ninguém nos quer ouvir.

Fala-se da necessidade de lutar, de aparecer nas Manifestações e nas Greves, mas…

Depois abre-se o jornal e … Alguém diz o que andamos a dizer. Mas não somos Nós a dizer. São Eles:

“Em Dezembro de 2011 existiam 7892 diplomados desempregados na área de Formação de Professores/Formadores e Ciências de Educação, mais do dobro do número registado em Junho do mesmo ano (3874). Os dados agora revelados pelo GPEARI (Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais) do Ministério da Educação e Ciência (MEC)”

Será que assim ganha mais força a afirmação que o MEC dispensou milhares de Professores este ano e que se prepara para dispensar ainda mais no fim deste ano? Será?

Será que este título te vai levar à rua? Ou será que vais às compras para depois fechar o dia a ver o Ronaldo?

Vamos a isso!

António José Seguro mostra-se disponível para sair à rua, à frente de uma manifestação, se sentir que estão a ser colocadas em causa as funções sociais do estado. Permite-me que pergunte: quando é a manifestação? Ontem?

FMI: a culpa é VOSSA

Nesta pausa de Maio em que o trabalho aparece entre o Vítor e o Jesus porque o Mortimore e o Meirim já eram, apetece lembrar o FMI de José Mário Branco, na altura com 37 anos! Uma idade que me diz muito!

Porque o respeitinho é muito lindo:

Também está disponível a segunda parte: [Read more…]

pedir

para a minha mulher, adoentada nestes dias..

Amiúde oiço a palavra pedir no nosso país. Dizia a minha mulher hoje de manhã, que este era um país de pedinchas. Um aglomerado de pessoas que procuram favores, empréstimos, crédito, dinheiro dos amigos, pessoas sem o valor de agarrar a vida com as suas duas mãos e seguir em frente nos piores minutos da vida. Piores momentos da vida, são quando gastamos em excesso, quando não medimos a nossa capacidade de adquirir o que compramos, como se diz en calão português, à toa, por outras palavras, sem rumo definido, a esmo, ao léu. Estas duas últimas palavras precisam também de uma definição antes de recuperar a frase anterior: pessoas que se prendem muito nas palavras sem uma gota de verdade, esquecendo o conjunto (olhar, vivência, pensamento), sem uma gota de verdade ou muitas de dúvidas, se podermos saber qual é a verdade e a realidade da pessoa que fala a esmo. Pessoas que acabam por se tornarem vítimas em potencial do que chamamos falha ou decepção.

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A Lurdes está a fazer o que sempre fez. Lutar!

Au mulheres Rocha são fortes, convictas, cheias de talentos vários, mil vezes melhores que os homens Rocha. E as duas gerações a seguir que já estão aí vão no mesmo caminho.

 

A Lurdes nasceu e viveu até ao antigo 7º ano no meu bairro, no Bairro do Cansado, em Castelo Branco. É da idade da minha irmã mais nova e sempre que eu impunha a minha autoridade de irmão mais velho, a Lurdes corria-me à pedrada e metia-me em casa.

 

Veio para Lisboa e tirou medicina, é a primeira mulher da família que tirou um curso superior, junta à determinação e capacidade de trabalho, outros talentos, como uma boa voz que faz ouvir nas festas de família, escreve e tem dois livros publicados e pinta quadros magníficos que eu ainda não consegui surrepiar, nem um.

 

Pois a Lurdes está aí no Porto, a travar a sua última batalha. Há dez anos teve que tirar as duas mamas e agora algo maldito que começou com uma dor, coisa de somenos, mas que se veio a revelar  um inimigo implacável.

 

Aguentou um tratamento intensivo fortíssimo mas no último dia diversos orgãos começaram a desistir. Ela não desiste, diz ao irmão para lhe apertar a mão para ver como ela está cheia de força, diz aos filhos que não quer que nenhum deixe de cumprir as suas obrigações, só não tem coragem de chamar a mãe.

 

É que a mãe não a deixaria  tirar os vários tubos  que a apoquentam, a mãe é  feita da mesma natureza, tem 82 anos e é a pessoa mais serena que conheço. Sempre a conheci, a tomar conta de todos. Dos filhos, do pai dos filhos e das crianças, que como eu, não tinham ninguem em casa durante o dia.

 

A Lurdes sempre tomou conta de todos, dos filhos, do pai dos filhos e dos doentes que não pagam por serem pobres. E tomou conta da minha irmã que é da idade dela.

 

Se a maldita lhe der uma hipótese que seja, a Lurdes vai tomar conta dela!