Jogar à Porto!

Após uma exibição soberba, o FCP arrancou um resultado que lhe dá direito a sonhar com a passagem à fase seguinte. Vamos ter os “olheiros” habituais que viram o que ninguem mais viu, etc e tal. Mas a verdade é que aqueles jogadores têm uma intensidade de jogo que não se encontra cá nos “relvados”. O Sporting joga 20 minutos com esta intensidade (e por isso levou 11 a 1 nas duas mãos) e o Benfica não joga com intensidade nenhuma. Quem não quer ver vai continuar a chamar “filho da puta” ao Pinto da Costa e ano após ano a não ganhar campeonato nenhum. Bem diz o sagaz Paulo Bento:”Estamos na corrida”. Pois estamos. Para a segunda posição. Um abraço ao Porto!

Ainda bem que as nossas escolas não são como as inglesas

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Aviso: Viram a bolinha vermelha? Indica que este texto contém linguagem capaz de ferir a susceptibilidade de betinhos, tótós, santinhos, cromos e hipócritas. Portanto, se se encontram dentro de uma destas categorias passe ao post seguinte. Se quiser seguir, faça-o por sua conta e risco e não venha dizer que não avisei.

Em Inglaterra, a escola primária de Saint Laurence, em Bradford, foi alvo de um escândalo pelo estilo adoptado na disciplina de Educação Sexual. O jornal The Sun adianta que era ensinado aos alunos o significado dos palavrões mais usados na língua inglesa. Pais e a opinião pública ficaram, com naturalidade, indignados com o professor da disciplina. A direcção da escola defendeu-se e salientou que era uma forma de “desmistificar os palavrões”. Bullshit, é o que era.

Um dos pais disse que era uma desgraça, porque as crianças vão à escola para serem educadas, não para se especializarem em palavrões. Compreendo, claro. A escola serve para educar as coisas boas, porque para as más estão lá os pais. De outra forma não seriam úteis os estabelecimentos de ensino, senão para ajudar os petizes a aprender e apreender aquilo que interessa para o resto da vida. Os palavrões, está bom de ver, não interessam e provavelmente nunca os seus ouvidos inocentes terão contacto com semelhante coisa.

Argumenta, de forma correcta, um dos pais indignados: “Muitas crianças nem faziam ideia do significado daquelas palavras”. Como é óbvio. Não acredito que nenhum dos pais em questão tenha alguma vez proferido uma caralhada à frente dos miúdos. Nem mesmo quando estão a conduzir ou a discutir com o vizinho. Era o que faltava.

Sabiamente, a direcção de ensino da região deu conta que a aula não deveria ter sido focada nos palavrões e que a responsabilidade pelo teor dos cursos de educação sexual é do Governo. Faz sentido. Por cá também é assim.

Por cá ainda não há educação sexual nas escolas? E as fantásticas 12 horas anuais? Ainda não entraram em vigor… compreendo, é uma maçada ter de colocar mais um ror de horas no horários dos alunos.

Ainda bem que o caso se passou em Inglaterra, terra onde estão habituados a obscenidades. Em Portugal não seria assim, com toda a certeza. Imagine-se que esta contestação acontecia numa qualquer escola do país. Já imaginaram? Façam um esforço. Ali ao fundo, vejam, um pai aproxima-se da escola. Está nitidamente furioso. Vê-se pela forma como arrasta o filho. Miguel (nome fictício, claro, se fosse televisão aparecia com a cara pixelizada e a voz de um robot), 11 anos, tinha chegado há pouco a casa e respondido “o significado de caralho”, quando o pai lhe perguntou o que tinha aprendido na escola. Atónito, o progenitor quis esclarecer o caso, antes de pregar um par de estaladas nas bochechas da criança (Se fosse em Inglaterra diríamos “antes de lhe foder a tromba”). Miguel explicou.

Sem mais, pai e filho saem porta fora. O mesmo acontece com mais pais e mais filhos. Todos juntos, pelo mesmo ideal, uma turba imensa segue para a escola, ao encontro do mestre. Estão indignados. Qual quê, furiosos é mesmo o termo. Enfim, quilhados. Estão a acompanhar? Óptimo. Nesta altura já estamos dentro da sala de aulas. O professor está encurralado, por detrás da secretária. Encolhido, quase não consegue respirar quanto mais responder ao que lhe dizem. “Ó seu filho-da-puta, isto é coisa que se ensine às crianças, caralho?”, diz um. Outro toma a dianteira: “É para estas merdas que lhe andamos a pagar, paneleiro de merda?”. “Tás a precisar é de levar dois socos no focinho, que te fodo, pá!”.

O professor permanece no seu canto. Tenta dizer alguma coisa mas não consegue, uma mão atinge-lhe o rosto. “Que é que vais a dizer, cabrão? Não tens nada de útil para ensinar vai para a puta que te pariu, pá, desaparece”. Os impropérios repetem-se. Uma cadeira é atirada contra o novo quadro interactivo e um Magalhães cai ao chão, sendo pontapeado por um dos senhores presentes. A cena repete-se por mais uns instantes. Por fim, um dos pais atira, ainda irado: “Estás com sorte de termos trazido a canalhada, senão levavas nas ventas”.

Aos poucos, abandonam a sala. É chegado o momento anti-climax. Quando, de repente, sem ninguém esperar, um dos alunos, ao sair pela porta, mostra a língua ao professor. Só este viu o gesto revelador.

Ainda bem que o caso se passou em Inglaterra, onde não há respeito nenhum. Se fosse cá, seria tratado com a devida elevação.

Memórias da Revolução: 7 de Abril de 1974

A 7 de Abril de 1974, diz o «Jornal de Notícias», decorrem em Paris as últimas homenagens a Georges Pompidou. À margem das cerimónias fúnebres, chefes de Estado de todo o mundo encontram-se para conversações informais.
A grande entrevista do dia é com Sarmento de Beires, que explica «como voei até Macau». Sarmento de Beires foi o primeiro piloto a efectuar uma missão de voo nocturno em Portugal em 22 de Janeiro de 1920. Em 1924, realiza com Brito Pais e Manuel Gouveia um voo até Macau.
No Porto, as crianças das escolas foram ao teatro e tiveram a surpresa de ver Cubillas, o jogador do F. C. do Porto. Na Taça de Portugal, o Tomba-Gigantes foi o Salgueiros, que eliminou a Académica.
No Festival da Eurovisão, o resultado do costume. Paulo de Carvalho terminou em último com 3 pontos, sendo que 2 deles foram atribuídos pela Espanha. A grande vencedora da noite foi a Suécia, com a canção «Waterloo». Os intérpretes? Um grupo que iria dar muito que falar nos anos seguites: os ABBA.
Faltam 18 dias para a Revolução.

A Agenda Perdida

Não sei se lhe chame a agenda perdida, se a agenda perdida manipulatória. Ou a agenda patética. Para mim é a prova provadíssima de que os nossos governantes, sejam eles de que cor forem, seja quem for que sirvam, usam de um alto grau de manipulação da opinião pública. E se o usam, é porque têm algum objectivo. Fazem-no como se sabe, através dos respectivos meios de comunicação. Isto não quer dizer que os meios de comunicação seja os culpados da dita manipulação. Isto só quer dizer que são os únicos com que se pode manipular a opinião pública. O Estado, por muitos instrumentos de divulgação que tenha, por muitos sites que construa, nunca vai fazer com que eu os consulte diariamente. Nem eu, nem ninguém. Já as notícias, os jornais e a informação em geral, essa entra-me pela porta dentro, aos pontapés. Hoje em dia, já se torna difícil evitar as notícias. Aliás, um dia sem notícias é impensável…
Olhando um pouco para trás, lembro-me que quando começou esta “crise”, além do Governo ter ignorado a questão – e tanto a ignorou que apresentou um Orçamento de Estado que teve de alterar mais tarde, mais adaptado à realidade de “crise” – apareceram aí uns questões metidas à bruta na discussão pública. Eu fico confuso. Afinal, pessoas do mesmo sexo já podem casar, ou não? A eutanásia já foi legalizada? As drogas leves já foram despenalizadas? Perdão! Esta “questão fracturante” – e dou desde já os meus parabéns a quem inventou esta expressão – parece que ficou para a próxima crise. Existirá alguma dúvida que isto são questões que se sabe que causarão discussão pública, permitindo aos governantes, algum à vontade para esconderem as verdadeiras questões fracturantes, como o desemprego, a pobreza, e em geral, o nível paupérrimo em que este país se encontra, e pior que tudo, que ainda vai piorar mais?
No meio de um turbilhão de informações em que se tiveram que tranquilizar as pessoas para não correrem aos bancos para levantar o dinheiro; em que se nacionalizaram bancos falidos; em que se criou um sistema qualquer que já ninguém se lembra como funciona, mas que permitia vender a casa ao estado e pagar-lhe uma renda e depois não sei o quê; em que gestores de topo se suicidavam nas suas elegantes secretárias; em que parecia que o dinheiro estava a desaparecer; em que parecia que Madoffs & Amigos tinham roubado todo o dinheiro do mundo com os seus esquemas; em que as indústrias automóveis iam falir todas; em que os bancos iriam desmorenar-se como castelos de cartas; em que todos nós iríamos praticamente morrer juntamente com o nosso sistema neoliberal, nada melhor do que meter ao barulho “o casamento de pessoas do mesmo sexo”. Não chega? Junta-se-lhe a eutanásia, que ainda é mais fracturante e abstracta. E se mesmo assim não chegar, abre-se a agenda toda!!!
Mas… afinal, não aconteceu nada. Ninguém se insurgiu com nada. Ninguém apredejou bancos. Nenhum banco fechou. Não houve corridas ao dinheiro nos bancos. Mais uns assaltozitos aqui e acolá, mais um caixote do lixo a arder… e afinal nada de grave. É só isto? Então esqueçam as questões fracturantes, dizem os governantes. Pode ser que dê mais jeito para as eleições.
É tudo uma questão de agenda política. É tudo uma questão de gestão da agenda política. É tudo uma questão de gestão de opinião pública. O governo lançou naquele momento (e já se esqueceu entretanto), o tema do casamento homossexual, porque era importante para os cidadãos ou só tentou esconder o facto que irmos mergulhar de cabeça numa crise que levará muitos de nós (se calhar irreversivelmente) para uma pobreza que não tínhamos vivido até agora? A eutanásia veio para a agenda política porque de facto se está a pensar naquelas pessoas que estão em sofrimento, ou para esconder o facto que o País está hipotecado ao “estrangeiro” e que inevitavelmente, o “estrangeiro”, um dia, virá bater à porta, pedindo o que é seu legalmente? E o que veio esconder, quando a agenda política política nos trouxe a “taxação dos mais ricos”?
É este o desenvolvimento social e humano que temos neste país, em que as “questões fracturantes” são lançadas como baldes de água fria, sempre que a fogueira do descontentamento parece que se vai descontrolar?

Só a título de curiosidade: Onde é que a lei proíbe, neste momento, o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Estou só a perguntar, para que alguém me ilucide.
Artigo 36.º da Constituição: Ponto 1: Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade. Impedimentos do casamento: nenhum.

Mea culpa a 30 por cento

Foi preciso que fosse o irmão a dizer para Souto Moura, ex-Procurador Geral da República, começar a desconfiar aquilo que todos já desconfiamos há muito. E que disse o arquitecto Eduardo Souto Moura ao irmão José? Disse que o processo Casa Pia “vai ter dois condenados: um é o Bibi, o outro sou eu” (o eu é ele, Souto Moura).

Assumindo parte da responsabilidade pelos aspectos menos positivos no processo de pedofilia da Casa Pia, cerca de 30 por cento, o jurista atribuiu a restante responsabilidade às “reacções de grupos com poder”. É o cenário das pressões visto de uma outra janela. Pressões que, aliás, diz ter sentido quando tratou do caso Freeport.

Convidado como orador de um serão do Centro Académico de Braga (CAB), na sexta-feira, e citado ontem pelo jornal “24horas”, admitiu que a justiça em Portugal “é lentíssima, é um horror, o verdadeiro problema dos tribunais é a falta de celeridade”.

Também não é novo e aqui já nem se trata de um simples desconfiar. Aqui temos todos a certeza. E a culpa é de quem? Suspeito que será das leis, feitas por políticos, um dos tais “grupos de poder”. Mas os elementos do mundo judicial, desde os advogados, juízes e funcionários judiciais não estão, também, isentos de responsabilidade.

Para sempre Capitães de Abril

Morreu Salgueiro Maia, o mais genuíno “Capitão de Abril”. Até a morte precoce sublinha esse despojamento de comendas e glórias materiais.
Morreu Melo Antunes, o mais político dos “Capitães de Abril”. Um homem íntegro, culto, que nunca teve a mais pequena dúvida de que quem não dormiu na madrugada libertadora, seria devorado pela “escumalha” que se escondia e que não tardou a aparecer.
É preciso dizer que a Pátria está em dívida com estes homens. Com a sua memória que “foi da lei da morte se libertando..” como diz o grande Camões.
Outros há, felizmente ainda vivos, que tudo deram e nada pediram para si mesmos. Todos eles são hoje o que seriam se não tivessem libertado do jugo fascista todo um povo! Nada ganharam com a Democracia a não ser o que a população dos campos, das fábricas, dos escritórios, das escolas tiveram também para si. A liberdade!
Bem pelo contrário, muitos deles vêm levantar-se obstáculos artificiais, com origem nos que tudo lhes devem!
São estes homens que muitas vezes se tenta dividir. Os do “25 de Abril” e os do “25 de “Novembro”. É preciso dizer que, no essencial, quem fez o “25 de Abril” tambem fez o “25 de Novembro”! Quem teve a coragem de enfrentar a fera fascista tambem se ergueu perante os que quiseram desvirtuar o objectivo político do movimento dos Capitães! Por uma e outra razão criaram inimigos,hoje poderosos, porque tudo lhes vieram comer à mão!
Quando se aproxima mais um aniversário do dia glorioso, é conhecida a intenção das mais altas figuras do Estado e das Forças Armadas em promover a General um dos “Capitães do 25 de Novembro”! Atente-se que é em 25 de Abril que se premeia quem é (e não é pouco) figura do 25 de Novembro. Por razões de índole pessoal? Há quem defenda essa hipótese. Mas não se pode deixar passar mais esta tentativa de divisionismo que em nada contribui para a pacificação de quem tudo deu sem nada receber em troca!

O pensamento político de José Sócrates e de Anna Ilona Staler (homenagem a João Miguel Tavares)

 
Tal como Luís Rainha, também eu já tive oportunidade de penetrar Anna Ilona Staller no que ao seu pensamento político diz respeito.
Vem esta conversa a propósito do recente ataque despropositado de João Miguel Tavares a Anna Ilona Staller. Tal como Luís Rainha, também considero que João Miguel Tavares fica muito mal neste retrato e que, se vai ser processado por José Sócrates, também o devia ser pela política italiana.
Continuando com a seriedade que este tema impõe, devo dizer que o grande pecado de João Miguel Tavares foi não concretizar. Comparou muito ao de leve José sócrates e Anna Ilona Staller, mas não foi tão fundo quanto se impunha na análise do pensamento político de ambos. Mesmo quando sabemos que o pensamento político de José Sócrates se resume a duas ou três citações famosas e que, ao invés, o pensamento político de Anna Ilona Staller é um poço sem fundo onde cabe tudo, em particular um conjunto de ideias muito meritórias.
Nesta análise, distinguirei a Anna Ilona Staller política da Anna Ilona Staller actriz, embora haja pontos de contacto nestas duas realidades tantas vezes intercomunicantes. Já quanto a José Sócrates, não há distinção possível: o José Sócrates político confunde-se de tal forma com o José Sócrates actor que, muito provavelmente, nem o próprio conseguirá perceber qual o papel que está a desempenhar em cada momento. Ali, tudo é artificial, tudo é de plástico, todo o movimento é controlado ao pormenor a cada segundo.
Vamos à parte política. Em algumas questões fracturantes, encontramos semelhanças ideológicas. Anna Ilona Staller, feroz ambientalista, recusa terminantemente a energia nuclear. José Sócrates também e até já descartou o projecto de Patrick Monteiro de Barros. Anna Ilona Staller é contra a pena de morte e todas as formas de violência, pensa-se que José Sócrates também. Anna Ilona Staller defende a educação sexual nas escolas, José Sócrates vai avançar com doze horas por ano de educação sexual nas escolas. A nível ambiental, Anna Ilona Staller propõe um imposto automóvel para reduzir a poluição. José Sócrates, embora não indo tão longe, já se mostrou publicamente preocupado com as metas de Quioto.
Agora, as diferenças.
Anna Ilona Staller é contra a NATO, José Sócrates não. Anna Ilona Staller defende a legalização das drogas leves, José Sócrates nada fez nesse sentido. Anna Ilona Staller defende o sexo nas prisões entre cônjuges, José Sócrates apenas se forem pessoas do mesmo sexo. Anna Ilona Staller critica o uso de animais em experiências científicas, José Sócrates parece que não.
Quanto ao cinema, a comparação é mais difícil pelos motivos já referidos. Ainda assim, direi que Anna Ilona Staller transportou para o cinema uma parte da sua vida política. Numa atitude sem precedentes, marcou a «sétima arte» com as mesmas causas identitárias que a celebrizaram na política – o amor pelo Homem (e pela Mulher), sem distinção de cor, de idade ou de tamanho; a paixão pela educação, bem patente em «A Liceal», de 1975; a denúncia da hipocrisia humana em «Vícios privados, Públicas virtudes», do mesmo ano; a recusa da autoridade, em «A tutte auto della polizia», ainda de 1975; uma subtil crítica à Guerra Fria, em «Telefone vermelho»; ou uma chamada de atenção para a escassez de alimentos em «Banana e chocolate».
Quanto a José Sócrates, é político e actor em simultâneo. Mas se olharmos para os filmes que Anna Ilona Staller protagonizou, bem poderíamos dizer que o primeiro-ministro poderia ter contracenado com a política-actriz. Em «Vícios privados, Públicas virtudes», por exemplo; ou em «A tutte auto della polizia», sendo que em ambos a sua licenciatura sem mácula e a campanha negra do Freeport poderiam ser o ponto central do enredo. Ou ainda em «A Liceal», em que Anna Ilona Staller poderia ser substituída por Maria de Lurdes Rodrigues e ambos discutiriam, em filme, mais medidas para pôr os professores na ordem.
Uma nota final, sempre com a seriedade que este tema impõe, para destacar o comportamento de José Sócrates em todo este processo. Como todos sabemos, já não é a primeira vez que o primeiro-ministro faz tábua rasa de uma conquista de Abril chamada «liberdade de expressão». O professor António Balbino Caldeira, «Do Portugal Profundo», já sofreu na pele as investidas do pândego que nos governa, com apreensão de computador pessoal, invasão da casa da mãe a meio da noite, etc, etc, etc..
Desta vez, coube a João Miguel Tavares a honra de ser objecto da atenção do primeiro-ministro, pensa-se que enquanto tal e cidadão. Já vai poder pôr esse facto no «curriculum», se bem que, escrevendo no «Diário de Notícias», não se lhe augure um futuro muito risonho.
Mas afinal, o que disse João Miguel Tavares? Que ouvir José Sócrates a falar de moral na política seria a mesma coisa que ouvir Cicciolina a falar de monogamia. Que ofensa! Que grave!
Tão grave como se eu dissesse que ouvir José Sócrates a falar de moral na política seria a mesma coisa que ouvir Hitler a falar de direitos humanos.
Tão grave como se eu dissesse que ouvir José Sócrates a falar de moral na política seria a mesma coisa que ouvir Lucílio Baptista a falar de moral na arbitragem.
Tão grave como se eu dissesse que ouvir José Sócrates a falar de moral na política seria a mesma coisa que ouvir a irmã Lúcia a falar de sexo.
Tão grave como se eu dissesse que ouvir José Sócrates a falar de moral na política seria a mesma coisa que ouvir Carolina Salgado a falar de monogamia.
Tão grave como se eu dissesse que ouvir José Sócrates a falar de moral na política seria a mesma coisa que ouvir o Jugular a falar de moralidade na blogosfera.
E agora? Vai processar-me a mim?

Ide Trabalhar

25 de Abril… É o dia que vem depois do 24 e antes do 26, no calendário de Abril.
Esta informação é tanto mais importante quanto cada um de nós quiser procurar de que lado está relativamente ao dia 25. Sendo uma posição relativa, é sempre relativo, como quase tudo.
Mas, estar no dia 24 ou no dia 26 ainda não é a mesma coisa. Estamos em Março – portanto, antes de Abril. Aliás, vejo primeiros-ministros a correr na ponte e penso que talvez o calendário esteja a andar ao contrário. Parece que, para alguns, depois de Março vem Fevereiro. Depois do 25 de Abril, chegou o 24.
Não faço declaração de intenções sobre noções elementares de lateralidade – a Esquerda e a Direita são hoje quase tão relativas como o antes e o depois do 25. Também não sei se o percurso a caminho do 24 começou à Esquerda ou à Direita, nem tão pouco quem o está a caminhar a toda a velocidade.
Mas faço declarações de intenções sobre todos os que nos últimos 35 anos chegaram aos cargos públicos para se servirem do nosso esforço. Incluo aqui TODOS os que, à Esquerda e à Direita, nunca trabalharam, “nunca fizeram nada de útil” e chegam ao Poder através das Jotas. Multiplicam os tachos entre os tachistas. Multiplicam os privilégios e as mordomias pelos amigos e familiares. Vivem à nossa custa, enquanto nós, que trabalhamos, nos esforçamos para sobreviver por causa deles. Eu sempre desconfiei de quem nunca trabalhou – o trabalho é o pilar da dignidade humana.
Por isso, eu, que nasci depois do 25 de Abril, exijo que Portugal comece a andar outra vez a caminho do dia 26!
Por mim, por nós: em 2009, vou tentar mudar o calendário para o dia 26. Estou farto do 24! E a todos os que nunca trabalharam, sejam deputados ou primeiros-ministros:
Ide trabalhar!”

P.S.: a prova de que o Aventar está a ser um sucesso está no facto de o PSD ter seguido esta minha sugestão, ainda na fase anterior ao Post. Isto é, resolveram ir trabalhar. Pelo menos é a única explicação que eu encontro para a ausência de candidatos à Europa. E da respectiva campanha. Pelo menos não são como o Vital Moreira. Não chateiam. Está bem visto!