Do interior da Revolução-O Fiel da balança

Depois do 25 de Abril houve uma explosão de alegria, de liberdade e até velhos tabus (as meninas tinham que ser virgens)levaram um piparote de todo o tamanho.Começamos a namorar mais apertadinhos, os teatros encheram-se de gente e de peças subversivas e os filmes que nos levavam a Londres para os poder ver começaram a aparecer por cá .Num desses teatros, após a peça, ficamos ali a conversar artistas com espectadores.Lembro-me muito bem de alguem da assistência dizer.Até agora estavamos todos a empurrar o mesmo muro para o deitar abaixo.”A partir de agora, para lá do muro, cada um de nós vai tomar a liberdade à sua maneira.Esse é o sortilégio da Democracia e o que faz valer a pena vivê-la.”No Movimento das Forças Armadas tambem foi assim.Todos queriam derrubar a ditadura mas havia muitos caminhos por percorrer. No 25 de Abril não terá havido vencedores e vencidos (enfim, vencido foi o regime e os fachos) mas em todas as outras datas, houve vencedores e houve vencidos. Uns que tentaram que o 25 de Abril fosse a continuação do regime, envolto numa aparente revolução.No 16 de Março alguem que tentou antecipar-se e ganhar vantagem numa ambição de poder pessoal.No 25 de Novembro forças que tentaram uma guinada à esquerda.Outros casos houve com mais ou menos repercussão.Em todos estes casos os vencedores ocasionais foram os vencidos ocasionais, conforme as forças em presença. Tentativas de banhos de sangue, que os vencedores ocasionais consideravam necessáros para ganhar vantagem definitiva.É preciso dizer, sem margens para quaisquer dúvidas que em todos estes casos, houve um núcleo de Capitães que nunca transigiram nos princípios e nos objectivos. Que defenderam os vencidos e que controlaram os vencedores ocasionais.Que prometeram a Democracia e um Estado de Direito e os entregaram por inteiro nas mãos de uma Assembleia Constituinte.Esses homens que constituem o núcleo central do Movimento das Forças Armadas têm nome e todos sabem quem são.Como em todas as revoluções há amarguras, azedumes, incompreensões e dúvidas.Mas não pode haver dúvida nenhuma acerca do papel fundamental exercido por esses homens.O de Fiel da balança sem o que teríamos tido banhos de sangue e, porventura, uma guerra civil!

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