Megaprojectos:grito de alerta – 2

Prof Eduardo Catroga (economista, ex-ministro das Finanças).No Expresso.

A política das parcerias público-privadas (PPP) precisa de ser repensada.Os encargos já assumidos ou projectados pelo Estado representam cerca de 12% do PIB de 2008 ou seja, cerca de 20 000 milhões de euros, ou 4 000 milhões de contos na moeda antiga! É um montante enorme que põe em causa a sustentabilidade das frágeis finanças públicas, o financiamento futuro das despesas sociais…a competitividade fiscal, a justiça intergeracional.
Acresce, ainda que na prática, a garantia de rentabilidade dada pelo Estado a tais projectos de investimento em PPP tem externalidades negativas importantes que afectam a capacidade de alocação de recursos na economia.i) leva os bancos a preferirem tais projectos sem risco em vez de projectos empresariais com os naturais riscos de mercado mas muito mais importantes para a competitividade da economia. ii)incentiva o sector empresarial privado a investir em sectores abrigados da concorrência em mercados intenacionais, quando a nossa competitividade externa se joga basicamente nos sectores de bens e serviços transaccionáveis;III) tem um impacto negativo no ranking futuro e, logo, nas taxas de juro.

Comments

  1. Mas, em contrapartida, são um belo negócio.

  2. Luis Moreira says:

    Mas é legal o governo apadrinhar negócios em que não há risco para os privados e ficar todo para o Estado? Eu assim tambem quero! Estes negócios podem resumir-se assim.A empresa A vai ao mercado bancário fazer um empréstimo de, por exemplo, 100 milhões a uma taxa de 5% e depois o Estado dá-lhe um negócio em que lhe garante um negócio com uma taxa de 8%!garantido e sem risco.Quem é que se vai meter em negócios com risco em mercados altamente competitivos?Ninguem!E o Governo PS que dá isto de mão beijada aos amigos acha que devemos todos aplaudir!

  3. rosarinho says:

    Pois, até à data ainda só vi o Estado a perder nos negócios.

  4. rosarinho says:

    “Muito má. É assim que o Tribunal de Contas classifica a gestão da Estradas de Portugal e das suas antecessoras na construção da Ponte Europa, em Coimbra, hoje baptizada Rainha Santa Isabel, que a entidade calcula ter tido uma derrapagem de 137 por cento, o que significa mais 41 milhões de euros a somar aos quase 30 milhões estimados inicialmente.” (Público, 5/05/2009).E o que é isto?Há responsáveis?Quem são onde estão?Quais as consequências?Ou as consequências vêm direitinhas e intactas cair em cima dos nossos filhos que não foram vistos nem achados nas tomadas de decisão?

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading