O drama dos clientes do BPP

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O clientes do Banco Privado Português vivem uma situação dramática. Admitem ter cometido o “erro” de confiar nesta instituição “supostamente” regulada pelo Banco de Portugal, como escreveram no comunicado. Na realidade, o seu verdadeiro erro foi confiarem em que o Banco de Portugal poderia garantir o futuro das suas aplicações financeiras.

De boa fé, nenhum cliente do BPP pode atrever-se a alegar que o banco que escolheram era um banco comum, igual aos outros. Não era. Numa definição simples, clássica e básica, quem pretendia definir o BPP anunciava-o como “banco de investimentos”. Em rigor, todos os bancos são de investimentos. Mas neste os investimentos realizados eram mais profundos, mais intensos e com inevitável maior risco.

No passado, o BPP deu-se bem. Com os mercados em alta, o banco ganhou dinheiro, deu dinheiro a ganhar aos clientes, alargou o leque de investimentos e prosperou. Até que a crise dos mercados financeiros começou, desenvolveu-se a aprofundou, levando a instituição a fechar as contas de 2008 com 800 milhões de euros de perdas, numa espécie de fossa das marianas para onde foram sugados os clientes.

Está bom de ver que aquela centena de clientes que hoje esteve na filial do banco, no Porto, representa apenas uma parte pequena dos clientes do banco que João Rendeiro ergueu e afundou. A esmagadora maioria permanece silenciosa. A esmagadora maioria sabia que o BPP não era um banco comum e sabia que o dinheiro que lá entregava não se destinavam a simples depósitos. Sabiam que corriam riscos. De ganhar dinheiro (como aconteceu durante anos e não me lembro de ver protestos) ou de perder (como aconteceu agora e com protestos).

Acredito que muitos clientes terão sido surpreendidos pela crise mundial e pela crise do banco. Mas têm de resolver esse diferendo com os ex e actuais administradores do banco e deixar de esperar que o Estado os vá salvar.

Com honrosas excepções, as chantagens e ameaças de encerrar empresas e enviar para o desemprego os funcionários é um sintoma de desespero, sim, mas também de desatino. Pergunto-me se o dinheiro que terão ganho no passado com os “depósitos” terá beneficiado os trabalhadores agora, eventualmente, em risco de desemprego.

Comments

  1. Luis Moreira says:

    O BPP é um banco de risco para os seus clientes.Não só pelas elevadas remunerações a que habituou os capitais que lá se acolhiam (não há remunerações elevadas sem elevados riscos) como pelas operações que eram conhecidas (ou se falavam) no mercado. Haverá quem não soubesse? Acredito que sim!

  2. Também acredito que alguns clientes não soubessem. Alguns e só alguns. Quem tirou alta rentabilidade dos seus investimentos no banco não deveria estar nesses desconhecedores.

  3. Luis Moreira says:

    Basta olhar para quem está a tomar conta do barco!Tudo gente que vale milhões “cash” que não por mérito!Depois há uns quantos que acham que vão enriquecer com uma taxa de juro 2% acima do mercado.Enquanto os primeiros ganham milhões (há esquemas, não necessariamnete ilegais)que nunca chegam aos pequenos e que ,esses sim, dão para correr riscos,São esses que tudo estão a fazer para serem protegidos, nem que seja daqui a dois ou trâs anos,quando isto estiver esquecido!

  4. A Taxa segundo soube situava-se entre 4,75 e 5% em Setembro de 2008, não me parece que tenha sido por 2%…

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