O Governo e a legitimidade para gastar milhões

A questão coloca-se agora, por causa do resultado das eleições, mas para mim, o argumento não é o mais feliz.
Não, não acho que o Governo tenha legitimidade para gastar milhões e milhões de euros e empenhar gerações de portugueses em obras públicas de duvidosa utilidade. Mas não é por causa do resultado das eleições. Foram Europeias, não foram Legislativas. É, sim, porque faltam três meses para terminar o seu mandato.
É estranho que, depois de quatro anos de maioria absoluta e sempre a falar no assunto, só agora se queira avançar a toda a força. Eticamente, fica-lhes muito mal quando falta tão pouco tempo para irem embora (ou não irem, logo se verá). Economicamente, é igual ao litro lançar os concursos agora ou depois das férias, lá para Outubro ou Novembro. Se é para favorecer os grupos construtores amigos (a propósito, já encontraram o jogo de xadrez?), deviam ter pensado nisso antes. Se é para ficar na história, não adianta – não é por isso que o rodapé será maior.
Ética é mesmo a palavra central. Mas, do ponto de vista ético, o que se pode esperar de gente que foi capaz de alterar a Reserva Natural do Estuário de um rio e de aprovar um negócio de 250 milhões a três dias de umas eleições legislativas?

Comments

  1. luis Moreira says:

    A legitimidade em megaprojectos cujo custo vai sobrecarregar gerações, e que tem tanta gente contra, só poderá advir de consensos estabelecidos na sociedade civil e a nível político.É para isso que serve a democracia. Se fosse preciso mais um argumento para perceber que a maioria absoluta é a menos democrática das soluções… e então nas mãos de um arrogante como o PM!!!!

  2. maria monteiro says:

    e porque vivemos em democracia, que os megaprojectos não passem mesmo disso de megaProjectos classificados como arquivo morto.

  3. Podemos descansar. Ficou tudo, TGV e aeroporto, pelo menos, adiado. Ufa…

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