O walkman faz 30 anos

Lembram-se de comprar cassetes áudio virgens (metal ou chrome?) e ouvir fielmente a mesma estação de rádio à espera de poder gravar as vossas canções favoritas? O sentimento de triunfo quando conseguiam fazê-lo sem interrupções parvas do locutor, ou o jingle publicitário de um refrigerante ou uma indicação de trânsito de última hora? E para que faziam isso? Para que investiam tanto tempo a gravar cassetes? Para ouvi-las no walkman, claro! Em qualquer sítio, a qualquer hora, enquanto as pilhas chegassem, a música acompanhava-nos. Quando queríamos ouvir aquela canção uma e outra vez, o melhor era gravá-a várias vezes na mesma cassete, que sempre era mais fácil do que passar o tempo a fazer “rewind” e gastava menos bateria. Ouvir as músicas por ordem aleatória (o agora banal “shuffle”) era um luxo que nem nos ocorria. Para quê? A rádio democratizava o acesso à música e havia sempre a possibilidade de gravar os discos dos amigos. Mas a graça estava em fazer de cada cassete uma compilação única, uma sequência que dependia do gosto e do estado de espírito de cada um e que seria sempre original. Lembrei-me de tudo isto a propósito deste artigo. A BBC propôs a um miúdo de 13 anos trocar o Ipod por um Walkman durante uma semana e escrever sobre a experiência. Não sei se o texto foi escrito por ele (parece bastante retocado por um adulto), mas vale a pena ler, quanto mais não seja para lembrar-nos desses artefactos jurássicos que nos fizeram tão felizes. Falo por mim.

Comments

  1. isac says:

    artefacto jurássico, de facto! este também é um walkman original. também tive um e ainda o tenho, mas não funciona. demasiados tombos. o último walkman que tive ainda está aqui comigo pronto para as curvas. ainda “ontem” andava a rebobinar cassetes com a caneta bic para poupar pilhas e já há miúdos que nunca viram um… estou a ficar obsoleto…

  2. Luis Moreira says:

    Isac, por amor de Deus, e eu estou a ficar uma múmia? Cuidado com as liberdades literárias…:-)

  3. Confesso que também partilho essa visão mais ou menos romântica da cassete… mas a trabalheira que aquilo dava ajuda a diminuir a saudade. :)Mas sim, eram bons tempos de gosto musical e qualidade áudio duvidosos.

  4. Olhando por cima do ombro, recordo também esses momentos, que se passavam tal qual a Carla relata. Era mesmo assim, com a angustiante espera pelo momento certo. Por vezes a ligação para os discos pedidos, à espera que a nossa música, o nosso pedido fosse atendido. A opção de gravar um disco novo para cassete para que, mais tarde, quando o disco ficasse com os famosos piquinhos pudéssemos ouvir a música em todo o seu esplendor. A ingenuidade de outros tempos.

  5. EU TENHO O MEU, AINDA O USSO E ABUSO DELE COMO DE QUASE TUDO, E EU NAO TENHO COMPLEXOS DE IDADE, OBVIAMENTE PROQUE SOU NOVO MAS SOBRETUDO PORQUE ACHO QUE UMA PARTE DA NOVA GERAÇÃO É RIDICULA, ATROZ E DOUBLERASCA….SOU EU QUE NAO ME IDENTIFICO COM ELES, QUE FIQUE CLARO E NÃO O CONTRÁRIO..EU SOU COTA ELES SÃO CONAS!

  6. maria monteiro says:

    É verdade que foi o meu primeiro investimento… utilizava-o com transformador e colunas única forma de dar musica e noticias ao espaço onde trabalhava. Na hora da saída, deixava-o na portaria para o usarem no turno da noite. Pela manhã lá estava ele na minha secretária normalmente levado pelas senhoras da limpeza… Ainda funciona na perfeição mas já lhe dei a merecida reforma …. Nunca tive grande paciência para gravações, preferia comprar quando ia de férias, aliás como o dito cujo aparelho que me custo na altura uma nota preta…

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