DEUS COMO PROBLEMA OU A COMPLEXA SIMPLICIDADE DA EVIDÊNCIA (5)

Deus como problema ou a complexa simplicidade da evidência (5)

Por que razão o Papa apelou aos muçulmanos “para que recusem rancores, intolerância e violência como via para suster a propagação do terrorismo e frenar a vaga de fanatismo cruel que põe em causa o progresso e a paz”, e não apelou aos cristãos do lado de cá para pararem as agressões, os assassínios, os assaltos e as invasões? A evidência é demasiado evidente para ser contornada e camuflada.
Quando Saramago fala “nos motivos de natureza política, económica, social, psicológica, estratégica e até moral em que se presume terem ganho raízes os movimentos islamistas agressivos, motivos que levaram à colocação de bombas transportadas às costas em mochilas, e que foram suficientes para que os alicerces da nossa tão luminosa civilização estremecessem e abrissem fendas, criando o mais extremo terror”, só mostra que os pés desta civilização não só são, realmente, de barro, como perderam a mais sólida base de apoio, a mais segura das seguranças, o sentido do Direito, da Moral e da Justiça. Por isso eu não concordo muito com José Saramago quando dá a entender que o problema do Deus de lá e o problema do Deus de cá, o deles e o ocidental são idênticos. Penso que o não são, sobretudo nos tempos que correm. Aquilo que o Deus de cá permite é muito mais terrível, cruel, injusto e sanguinário. Já não falo em Hiroshima e nos muitos Vietnams, ou no quase milhão de vítimas do Iraque, mas lembro apenas, como exemplo, o que se passou no tenebroso massacre de Faluja e no selvagem, bárbaro, irracional e desumano esmagamento de Gaza, que nem os próprios algozes conseguem calar. (Continua).

           (adao cruz)

(adao cruz)

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Caro Adão, o Deus de lá continua a confundir-se com o Estado e o resultado é uma sociedade miserável, medieval, profundamente injusta!

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