O Merconsul e a social democracia

Temos vindo a reflectir sobre o que se passa nas Honduras e, como não podia deixar de ser, já andamos pelo Chile de Allende, de Pinochet, na Venezuela de Chavez , na Argentina…

Muito do que hoje se passa na América do Sul tem que ser visto no quadro mais amplo do Merconsul, algo como a União Europeia, ainda em embrião, mas que abre horizontes de paz e desenvolvimento como nunca naquela parte do globo.

Hoje estão irmanados numa espécie de mercado sem fronteiras para produtos e bens , O Brasil, a Argentina e o Uruguaio. Espera-se que as fazes seguintes tenham condições de avançar à imagem da UE, com a mobilidade das pessoas entre países, a criação da moeda única, o sistema político…

Estes ambiciosos projectos colectivos, ao nível de países que juntos representam continentes, não casam bem com projectos pessoais de poder, mesmo que no curto prazo nos mereçam consideração e melhorem a vida das pessoas. No Brazil, há muita gente que critica o Presidente Lula por não se empenhar quanto devia no Merconsul por pretender reservar para si próprio a Presidência, (quando sair da Presidência do Brazil,) assim como, há muita gente que não vê com bons olhos o Presidente Chavez e outros, que perfilham posições e ambições que se vão tornar num impecilho para uma obra maior.

Nesta parte do globo devastada pela miséria, por ditaduras de esquerda e de direita e pela presença nefasta do “grande irmão do norte” – tão perto dos USA e tão longe de Deus- dizia-me um Mexicano, só o advento da Democracia Parlamentar, o Estado de Direito e a Economia Social de Mercado, trará condições objectivas para que a paz , o desenvolvimento económico e a justiça social vinguem por décadas, a bem das populações.

Tal como é exemplo na UE onde milhões de pessoas estão há mais de cincoenta anos a viver em paz e com um nível de vida como nunca aconteceu na história da Humanidade!

Se acham que é objectivo que não vale e pena, então alimente-se os aventureiros e demagogos desta vida, sejam de esquerda ou de direita…

Esmiuçar…

site da rtp

Os Gatos Fedorentos não esmiúçam nada! Esmiuçar é com a RTP.

O site da RTP tem tudo sobre os resultados das Legislativas. Mas mesmo tudo. Consegue-se ver o número de votos ao pormenor. Por zona, por hora, por partido, tudo! Dá, por exemplo, para ver que alguém na freguesia de N. Sra. da Graça Póvoa e Meadas, no concelho de Castelo de Vide, no Distrito de Portalegre, votou no Partido Operário de Unidade Socialista (POUS). Apenas e só, uma única pessoa num Concelho inteiro! Este dado deixa-me curioso. Quem será?

FutAventar – Liga dos Campeões:

Neste tópico do FutAventar não é preciso colocar cardinal ou identificação do clube. Em Portugal, quando se fala da prova rainha do futebol mundial de clubes fala-se de F.C. Porto. E mais nada.

Na véspera de ver Jorge Nuno Pinto da Costa homenageado pela Câmara Municipal da Maia enquanto dirigente desportivo (Auditório do TecMaia, 09h30, Zona Industrial da Maia) nada como ter mais uma alegria ao ver o meu Porto despachar a tropa de Madrid com um esclarecedor dois a zero! Um Falcão do Magrebe, foi o que hoje se viu a pairar no Dragão!madrid.jpeg

Vendo o meu portefólio das «Novas Oportunidades»

Um portefólio que reune todo o conhecimento adquirido ao longo de várias décadas. Fiz a Licenciatura com o 9.º ano, leccionei no ensino primário e universitário, orientei teses de doutoramento quando ainda tinha o Mestrado. Mas sempre sem avaliação de desempenho. Para adquirir, contactar-me aqui.

Já se fazem as malas no Ministério da Educação

Perfil da Ministra da Educação no «site do Ministério»:
ministra

O caso Polanski

roman polanski Reconhecendo que é feio atrair alguém com a cenoura de que lhe será entregue um prémio e dar-lhe para as mãos, ao invés, uma ordem de prisão com 30 anos, não consigo partilhar a indignação em torno do caso Polanski. Não sei porque motivo a Suíça, um país que se especializou na neutralidade mesmo nas circunstâncias em que a dignidade e o sentido de justiça exigiriam uma tomada de posição, decidiu executar a ordem de prisão americana, datada de 1978. Mas creio que o ponto essencial aqui é saber se o crime do qual Polanski é acusado –  sexo com uma menor (à data, ela tinha 13 anos) – deve prescrever ou não. E se entendermos que não deve prescrever, então é justo que ele seja julgado e que um juiz possa decidir se há motivos para condená-lo ou não.

Poder-se-á chegar à conclusão de que, no interesse da vítima, para quem poderá ser preferível evitar relembrar tudo o que aconteceu e ser exposta ao “circo” dos media, é melhor conceder um perdão a Polanski e arquivar o caso. Mas essa decisão deve ter como norte o interesse da vítima e não o do acusado. Polanski rejeitou a acusação de ter drogado a rapariga, mas reconheceu que tinha mantido relações sexuais consensuais com ela. A mim parece-me que o termo “consensual” aplicado a uma relação entre um homem de 45 anos (a idade de Polanski à época) e uma rapariga de 13 é falacioso, mas não vou voltar a escrever sobre esse tema. Ao longo dos últimos 30 anos, Polanski preferiu fugir à justiça a enfrentar o tribunal e limpar o seu nome. O que me parece particularmente irritante e desonesto é  que se alegue, como no texto de algumas petições que vi, que Roman Polanski é um artista de prestígio internacional e autor de obras maiores como um argumento para a sua libertação. Aleguem que a Suíça não tinha o direito de prendê-lo ou que, 30 anos passados, a antiga menina de 13 anos só quer que se esqueçam desse episódio, ou até que ela tinha 13 mas parecia 18, mas não me digam que Polanski deve ser libertado porque realizou O Pianista ou A Semente do Diabo. Um detalhe desconcertante nesta história é que parece que quem tem poder para conceder o perdão a Polanski é o governador da Califórnia (sim, esse). A sorte de um realizador de primeira está nas mãos de um actor medíocre. Bem podia ter sido escrito em Hollywood.

A saudável moda dos Provedores

«Provedor diz que “não há completo esclarecimento” da questão das escutas
Começa a ser uma saudável moda. O Provedor do Público põe na ordem o Director do jornal. O Provedor de Justiça põe na ordem o Presidente da República. É para isto que servem os provedores. Quem será o Provedor do «Diário de Notícias»?

manual sobre a verdadeira escuta!

woody_allen_image_sleeper«A escuta telefónica pode ser empregue indiscriminadamente, mas a sua eficácia fica ilustrada por esta transcrição de uma conversa entre dois chefes de gang da área de Nova Iorque cujos telefones estavam sob escuta do FBI.

anthony: Está lá? Rico?

rico: Está lá?

anthony: Rico?

rico: Estou.

anthony: Rico ?

rico: Estou a ouvir mal.

anthony: És tu, Rico? Não estou a ouvir.

rico: O quê?

anthony: Estás a ouvir-me ?

rico: Está lá ?

anthony: Rico?

rico: A ligação está má.

anthony: Estás a ouvir?

rico: Está lá?

anthony: Rico?

rico: Está lá?

anthony: Telefonista, a ligação está má.

telefonista: Desligue e torne a ligar.

rico: Está lá?

Por causa desta evidência, Anthony (o Peixe) Rotunno e Rico Panzini foram condenados e estão a prestar serviço, por quinze anos, em Sing Sing por posse ilegal de erva.»

woody allen, «para acabar de vez com a cultura» 1966. trad. jorge leitão ramos. bertrand editora.

ass. anarquista mulder (especialista em scullys, escapes e tubos de ensaio)

Uma tradição ao estilo dos 'velhos' dos Marretas

Como as peregrinações de Fátima ou o FC Porto ganhar o campeonato, Portugal começa a ganhar uma outra tradição que acontece mais ou menos por esta altura do ano: um discurso esquisito do Presidente da República (reparem que continuo a escrever o nome da instituição com maiúsculas).

muppets_3009

Há um ano, Cavaco interrompeu as suas férias de Agosto, presume-se que sem jipe, para falar sobre o Estatuto dos Açores, que pode ser matéria importante mas que muito pouco diz à quase totalidade dos portugueses, incluindo os açorianos. Este ano, já depois das férias, com jipe, Cavaco veio falar de questões de segurança electrónica no Palácio de Bélem, vulnerabilidades, mensagens de correio electrónico e sobre quem pode falar por ele. Mais uma vez, a esmagadora maioria dos portugueses não entendeu. Uma parte até deve ter pensado que era um episódio deslocado do esmiuçar dos sufrágios por parte dos Gato Fedorento.

Uns quantos, talvez mais informados nas tricas políticas, terão percebido algumas expressões no meio dos 10 minutos de declaração. A maior parte ficou-se pela descoberta que o presidente está zangado com alguns dos seus funcionários e pregou-lhes um ralhete em público, lembrando que ninguém pode falar por ele, e pela confirmação que Cavaco não vai à bola com Sócrates. Que um e outro têm um ódio de estimação mútuo, era sabido. Ficamos apenas a saber que, afinal, a coisa é pior.

Sócrates não quer “alimentar polémicas”. Faz bem. Seria como deitar gasolina no incêndio.

Era mesmo de um momento à ‘velhos’ dos Marretas que estávamos a precisar. Não estavam preocupados com o rumo do país? Acho que está na hora de começarem.

Cartazes das Autárquicas (António Costa e Santana Lopes, Lisboa)

Autárquicas CML PS-PSD
António Costa (actual Presidente), PS.
Pedro Santana Lopes, PSD.

Apresentação

E é este o meu primeiro post no blogue. Fui recentemente (e surpreendentemente) convidada para escrever no Aventar, um blogue que já conhecia e onde escrevem bloggers que respeito e de quem gosto.

Prometo pouco porque, admito, promessas não me agradam. Prometo apenas escrever sobre temas que me interessam e prometo colocar mal as vírgulas algo que nunca soube fazer. Espero vir a revelar-me como uma boa “contratação” assim com o Jorge Jesus foi para o Benfica.

Dito isto, resta-me agradecer aos que me endereçaram o convite e dizer apenas que nas eleições presidenciais já poderei finalmente votar.

Daniela Major

Nos seis meses de vida do Aventar, temos o prazer de apresentar a nossa mais recente contratação, a Daniela Major. Poderia dizer que representou um considerável esforço financeiro para o Aventar, mas a verdade é que veio a custo zero, já que o blogue onde escrevia está a dar os seus últimos suspiros.

A Daniela Major vem reforçar a ala direita do nosso blogue, actualmente muito minoritária, e o sector feminino, que como se sabe está muito desfalcado e entregue apenas à Carla Romualdo e à De Puta Madre. Significa também um rejuvenescimento do Aventar que, nos últimos tempos, tem vindo a coleccionar alguns autores de provecta idade, como é o caso do meu amigo Luís Moreira. 🙂

Para além do seu blogue pessoal, Câmara dos Lordes, a Daniela Major destacou-se recentemente no Jamais, blogue que foi criado para apelar ao voto no PSD nas útimas eleições.

No entanto, apesar de tudo o que escreveu sobre o assunto, no dia 27 a Daniela acabou por não votar no PSD. Incoerência? Não. Simplesmente não tem ainda idade para votar.

Métodos revolucionários (I)

A série de textos «Métodos Revolucionários» está integrada num projecto que se chama “Ras Gustavo e a PUTA” (Política única de transversalidade anarco-artística), e como o nome explica, reúne todas as manifestações possíveis de livre expressão, num infindável limite de suportes… Música, pintura, arquitectura, escrita… Enfim, qualquer operação, símbolo, atitude, manifesto, intervenção, que nos permita rever a enormidade de regras e preconceitos desta sociedade… que ainda tem a lata de se autodenominar “democrática” e de “livre expressão”.
————————————————-
Nestes tempos que não são perfeitos, mas em que pelo menos temos a certeza de alguém estar sempre pior que nós…
Nestes tempos que não são propriamente inspiradores, mas em que pelo menos temos a garantia de estar a um pequeno passo de quem está um bocadinho melhor… e isso já chega!
Nestes tempos modernos, onde se vive no sossego de uma sociedade democrática, no conforto de políticas centristas e moderadas, que asseguram a nossa liberdade… e zelam pela tolerância.
Nestes tempos que nos embalam na certeza máxima de que “o mundo é assim” como nós… umas vezes bem, outras pior… e que enquanto soubermos estar em sociedade e percebermos que a liberdade de uns começa onde acaba a dos outros… tudo terá ordem e sentido.

E faz muito sentido!

Faz tanto sentido que as pessoas modernas se esqueceram de serem elas próprias a determinarem onde começa e acaba a sua liberdade e deixaram a definição desses limites para alguém mais competente.

Houve tempos nas sociedades ocidentais que quem decidia os limites da liberdade era a Igreja.

Houve tempos que foram os políticos, os parlamentos, as constituições e as ditaduras.

Nestes tempos são as democracias, os media, as multinacionais, as crises, os défices, os trusts, os offshores, as especulações imobiliárias, as taxas de juro, a Euribor, o euro, o FMI, a OPEP, a NATO, a ONU, o G8, as ONGês e toda uma infinidade de siglas, nomenclaturas, desígnios e designações que a todos os minutos nos confundem e nos convencem… que quem decide não somos nós! (mas que todavia continuamos livres!!!)

Quero então propor um simples teste à nossa suposta liberdade… Um teste à nossa competência de decidir onde começa e onde acaba esta liberdade, assumindo nós próprios, pela primeira vez, o risco de importunar a liberdade de alguém!
Um teste que não exige tempo ou dinheiro…
É muito simples: cuspir no chão.

Cuspir no chão é um manifesto claro da nossa expressão individual.

Ninguém cospe da mesma forma, nem tão pouco existem duas bisgas iguais! (Posso admitir que exista quem não ache a bisga, ela própria, assim muito atraente, mas para todos os efeitos nesta sociedade tolerante, gostos não se discutem).

Cuspir no chão é um simbolismo da nossa liberdade de expressão. Se eu estiver descontente com o Governo, cuspo na porta da Assembleia, se me irritar com um polícia cuspo na rua. Sempre com a vantagem de muito dificilmente ser preso ou multado por isso [1], e sempre expressando de forma muito inequívoca os meus sentimentos… de uma forma rápida e directa, bem à imagem da nossa fastsociety.
Cuspir no chão não carece de uma fantástica justificação pseudo-intelectual, que tanto elitiza as famigeradas mentes revolucionárias e as isola no seu discurso… tão inalcançável quanto essas revoluções.
Cuspir no chão é um processo pedagógico, que nos liberta dos processos de auto-censura que construímos em prejuízo da nossa liberdade desde o dia em que nascemos.
Cuspir no chão testa a nossa responsabilidade individual, na medida que nos obriga a saber viver com os olhares e possíveis comentários de desaprovação das pessoas que assistirão a esse acto e muito possivelmente não o compreenderão. Nesta circunstância resta-nos duas hipóteses: a primeira é explicar o porquê deste acto e esperar que o interlocutor encontre espaço na sua mente tolerante para ouvir uma explicação que ele não concebe à partida; a segunda é bem mais simples e resume-se a dirigir um sorriso simpático, acrescentando: “- Não era para si!”. Garanto que a segunda resulta melhor!

Entenda-se que toda a pressão social que esta atitude acarreta obriga o cuspidor a não recorrer à bisga de uma forma gratuita. Mais, eu diria que a banalização da bisga é muito pouco provável, tendo em conta que nas sociedades modernas ninguém gasta saliva assim ao desbarato. [2]
A melhor parte é que, cuspir no chão não tem custos e muito dificilmente existirá alguém que não tenha capacidade para o fazer.
Ainda assim acreditem:
– Há quem passe a vida toda sem nunca mandar uma cuspidela!

Nota 1: Lembrei-me que eventualmente a ASAE poderá levantar questões quanto ao cumprimento dos parâmetros de higiene… Por via das dúvidas o melhor é lavar bem os dentes e nunca sair de casa sem o comprovativo relativo à inspecção oral… Não vá o diabo tecê-las!
Nota 2: O actual Governo já manifestou o seu agrado, por se recorrer a métodos revolucionários não poluentes… dizem que isto dá um empurrãozinho à venda de painéis solares.

Cavacadas…

CAVACO SILVA -  CIRCUNSPECTO

A anunciada comunicação ao País (e se calhar também ao Mundo) do Presidente da República, Prof. Cavaco Silva, foi ontem.

Por motivos profissionais, não pude acompanhar em directo esta comunicação e portanto poderei correr o risco de ter interpretado mal algo que o Sr. Professor tenha dito.

Parece-me que o nosso PR terá atirado as culpas para os dois principais partidos nacionais, ou seja o PS e o PSD.

Cada um terá feito a leitura à sua maneira.

Agora vamos ver com é que vai ser os primeiros tempos do novo mandato de José Sócrates enquanto Primeiro-Ministro, particularmente na ligação com o Presidente da República.

Pinga nasceu há 100 anos


Artur de Sousa, celebrizado no mundo de futebol como Pinga, passou para a história como o primeiro grande ídolo das multidões e, em particular, do F. C. do Porto. Mesmo sem exagerar, pode-se dizer que foi um dos melhores jogadores do clube de todos os tempos, senão o melhor, e um dos melhores jogadores portugueses. Há quem diga, inclusivamente, que superou o próprio Eusébio. No entanto, a fraca qualidade do futebol português, nessa altura, a falta de resultados minimamente credíveis a nível internacional e a falta da… televisão impedem-nos de comprovar, agora ou no futuro, essa afirmação.

Pinga nasceu na Madeira em 30 de Setembro de 1909. Jogou no Marítimo e no União Micaelense antes de se transferir para o F. C. do Porto, tinha então 21 anos. Foi uma mudança de clube repleta de peripécias, aquela que protagonizou nessa altura. Primeiro porque a mãe não queria deixá-lo vir para o continente, depois porque eram muitos os convites endereçados ao promissor avançado.
Estreou-se com a camisola do F. C. do Porto uma semana depois de chegar. Foi num jogo com o Salgueiros, que os «azuis-e-brancos» venceram por 10-2. A partir daí e durante mais de 15 anos, não largou a titularidade. Juntamente com Valdemar Mota e Acácio Mesquita, formou um tridente atacante imparável que ficou conhecido como «Os três diabos do meio-dia».

A sua contribuição para os primeiros êxitos do F. C. do Porto foi fundamental. A jogar como interior esquerdo, marcava golos em série e não raras vezes era ele quem decidia os jogos. Do seu palmarés, destaca-se uma vitória no Campeonato da I Liga (1934/35), dois títulos de Campeão Nacional (1938/39 e 1939/40), dois Campeonatos de Portugal (1931/32 e 1936/37), 13 campeonatos regionais do Porto (entre 1931 e 1946) e 3 campeonatos do Funchal.

Ao serviço da selecção nacional, Pinga também se fez notar, numa época em que era raro serem escolhidos para representar a «equipa das quinas» jogadores que não pertencessem aos grandes clubes da capital. Foi «internacional» em 23 ocasiões e marcou 8 golos.

Artur de Sousa fez o seu último jogo oficial pelo F. C. do Porto em 23 de Junho de 1946, contra o Atlético, nas meias-finais da Taça de Portugal. Ao longo de mais de 15 anos, participou em 400 jogos e marcou 396 golos. Uma média extraordinária, de quase um golo por jogo, a fazer lembrar tempos bem mais recentes. Deixava para trás, nessa altura, uma carreira cheia de glórias e um presente que deixava esperanças para o futuro. Mal sabia, ele e todos os portistas, que estava apenas a meio caminho uma travessia do deserto que só culminaria com a conquista do título nacional de 1956, dez anos depois.

Depois de abandonar o futebol, o clube não o esqueceu. A 7 de Julho, prestou-lhe uma grandiosa festa de homenagem, que contou com a presença de cerca de 500 atletas de várias colectividades e um jogo particular entre o F. C. do Porto e a selecção nacional. Para assinalar a efeméride, fez imprimir um célebre cartaz em que aparece a sua fotografia no interior do emblema do clube. Por baixo, a frase com a assinatura de Artur de Sousa: «Fraquejaram os músculos, mas o meu coração continua a lutar pelo Clube, pelo Desporto e pelo Porto».
Além disso, foi treinador das camadas jovens do F. C. do Porto, iniciando assim uma tradição que ainda hoje se mantém: os heróis de ontem formam os craques de amanhã. Ocupava-se dos infantis e preparava-se para assumir o comando técnico dos juniores, com Artur Baeta, quando a morte o surpreendeu. Foi em 1963, tinha então 54 anos. No mesmo ano, a Associação de Futebol do Porto instituíu uma taça com o seu nome.

A memória de Pinga continua hoje viva graças ao seu contributo para as primeiras vitórias a nível nacional. Os mais antigos portistas lembram-se ainda das suas fintas, simulações e remates vitoriosos de qualquer posição do terreno de jogo. A sua presença no mausoléu do clube denota bem o significado da sua passagem pelo F. C. do Porto.

Publicado também na revista «Dragões» (2002)

"Inventona"!?

A propósito desta coisa das escutas. Eu estive à procura em dicionários e inventona é uma palavra que não encontro. Será que esta palavra existe mesmo? Se não é “inventona“, se calhar também não é “disparate“…

O buraco em que Cavaco se meteu

O Presidente da República meteu-se num «buraco» com a questão das escutas. Se não tivesse feito declarações e tivesse deixado andar, a esta hora as pessoas já se tinham esquecido. Mas o afastamento do assessor Fernando Lima reavivou tudo e deixou-o sem saber muito bem o que fazer a seguir. Fez ontem a triste figura que se viu. E como disse hoje mesmo Ana Gomes, foi complertamente patético.

Ninguém, nem o próprio Cavaco, acredita naquilo que esteve para ali a dizer. O homem moeu, remoeu e chegou àquele brilhante discurso: será um que alguém pode entrar no e-mail do Presidente da República?

Agora, espera-se que não haja mais tentações por parte do Presidente para voltar ao assunto. O melhor é mesmo deixar que o tempo passe e que as pessoas esqueçam. Ficará, no futuro, como uma pitoresca cena para explorar de todas as formas e feitios na próxima campanha eleitoral.

Cartazes para as Autárquicas (Albufeira)

albufeira-PSD-2
Desidério Silva (actual Presidente), Albufeira.
(enviado por Maria Monteiro)

Senhor Presidente está perdoado

Quando, no seguimento do silenciamento da voz do telejornal das sextas feiras da TVI, Sócrates apareceu temeroso e ansioso, quase pedindo que o PS não fosse prejudicado por aquela notícia, apresentando como única e fundamental razão que o PS com aquela notícia e naquele momento seria o único prejudicado, colocou uma séria certeza antes os portugueses.

A notícia do DN, o seu conteúdo e o momento só serviram o PS. Colou o PSD a Cavaco e Cavaco ao PSD como estando, em plena campanha, a espiar e a prejudicar o PS.

Se a primeira questão é verdadeira a segunda, pela mesma razão, tambem o é!

Temos a certeza que a notícia do DN foi “alimentada” por quem ganhou com a sua publicação, com aquele conteúdo e naquele momento! Sócrates dixit !

Meu Presidente está perdoado!

A aventar desde 30 de Março de 2009

O Aventar faz hoje 6 meses. Começámos a 30 de Março, à meia-noite em ponto, com um poema da De Puta Madre, «Coro».
Desde então, já publicámos 2881 «posts» e já fomos comentados 8567 vezes. Todos os dias, somos lidos por 2 mil pessoas. 4500 páginas das nossas são lidas diariamente pelos nossos leitores. No Blogómetro, estamos em 38.º lugar, à frente de excelentes e históricos blogues, como o Aspirina B, o Cachimbo de Magritte, o Causa Nossa, o Delito de Opinião, o Corta-Fitas ou o Do Portugal Profundo. Já sentimos, inclusivamente, uma certa fragância peculiar ligeiramente à nossa frente. Ali meteremos a penca logo que nos deixarem.
Já conseguimos muito em pouco tempo, mas queremos mais, por isso não dizemos que conseguimos uma «vitória extraordinária». Não, isso é para os outros.
Por vezes, pergunto-me por que raio é que tanta gente quer ler o que tem a dizer um conjunto de gente anónima. Não interessa, querem e pronto. Por nós, ficamos muito contentes.
Ficamos contentes também por sermos diferentes dos outros. Num prémio para o melhor blogue de Esquerda ou de Direita, o Aventar nunca estará presente. Porque o Aventar não é de Esquerda nem de Direita. Tem gente de todas as áreas e, se calhar, está aí a chave do seu sucesso.
Aventadores, continuemos. Como diz o outro, ainda não ganhámos nada. Caríssimos leitores, continuaremos todos por aqui a dar-nos bem. Como se fosse uma família (não gostas da expressão, pois não? azarito!). Muitas vezes, discordaremos uns dos outros. Mas afinal, não são assim todas as famílias?

Fragilizar o sócio na governação

TVI, Público, Cavaco Silva, desapareceram muito convenientemente com a credibilidade que lhes estava associada, da vida dos portugueses. Todos em momentos escolhidos a dedo.

Dois dias depois das eleições, com o conhecer de quem é que vai ser o consorte ( mais com azar) o seu líder salta para as luzes da ribalta pela pior das razões. Os submarinos! Curiosamente, há bem pouco tempo, Portas tinha lembrado que nunca tinha sido ouvido ou acusado de nada e o assunto, como tinha aparecido, assim tinha desaparecido.

Pois, sim, mas agora Portas tem peso, canta de galo, vai levar uma “bebedeira” que lhe baixa a “crista” como em perú em véspera de Natal. Pois é, compincha, somos como as mulheres da vida, temos que ser uns para os outros, chora aí no ombro que alguma coisa se há-de arranjar e, entretanto, vamos negociar.

Pode ser assim, a não ser que tudo isto se passe na zona de Fátima e tratam-se de milagres, ou são fenómenos nunca vistos e são da área do Entroncamento.

Mas se quisermos esquecer tudo o que dizemos todos os dias, principios de sempre da acção política, “não há coincidências em política “, “o que parece é “, o “abraço de urso”, “quem tem amigos destes não precisa de inimigos” então, meus caros, estamos mesmo em presença de uma escolinha de crianças e não de um partido que está há 11 anos no governo.

Quando chegará a vez de o Aventar ser acomodado? Preparem-se !

AINDA BEM QUE O PS GANHOU AS ELEIÇÕES

.
DIGO EU, QUE NÃO VOTEI NELES
.
.
.
Está bem de ver que não votei no sr Engenheiro. O sr Engenheiro nunca teria o meu voto, por todas as coisinhas que fui escrevendo sobre ele e o seu governo, ao longo deste ano e meio que levo de escritos neste espaço.
Então porquê tanta alegria? Porque estou eu contente com a sua vitória?
Devo dizer que esta minha felicidade pela vitória do partido do governo se deve unicamente a uma espécie de egoísmo primário.
Eu gosto de, a exemplo de muitos amigos do sr Engenheiro, malhar neles. É verdade que nunca malho muito, nem de qualquer maneira, mas vou malhando.
Também gosto de, a exemplo de muitos dos conhecidos do sr Engenheiro, dizer mal. Não que o faça sem olhar a meios, mas, procuro as partes menos boas, ou mesmo as más, aproveitando para ir dizendo umas coisas. Aliás, parafraseando um antigo político, “há governo? Sou contra!”
Ora, a ser assim, se não fosse o partido socialista a ganhar as eleições, e sim um dos meus partidos (é verdade, tenho mais que um. Na verdade tenho dois. E ando de um para o outro, sem saber muito bem de qual gosto mais, pois que em cada um deles há coisas e pessoas que têm a minha admiração), de quem é que eu ia dizer mal? Ia fazê-lo aos meus amigos? Não podia ser, era muito feio. E eu não gosto de fazer coisas feias.
Desta forma, não se coloca de forma alguma, um problema de consciência, à minha actuação.
Gosto de malhar neles, sejam eles quem forem que estejam no governo, e é mais fácil que sejam estes, já que até nem gosto muito deles.
Repito então o título desta crónica: “Ainda bem que o PS ganhou as eleições”!
Espero que o sr Pinto de Sousa, mantenha nas suas funções, ou noutras dentro do governo, o sr Santos Silva, para eu poder continuar a dizer o que penso desse sr.
Vou poder continuar a falar criticamente da educação (não vejo maneira de eles emendarem a mão neste aspecto).
Vou poder continuar a falar mal da “lavoura” (então se se mantiver o mesmo ministro, vai ser um fartote).
Vou poder continuar a falar mal da saúde (se bem que a sra até nem foi das piores).
Vou poder continuar a falar mal das obras públicas (neste aspecto, seja quem for que para aí venha, vai ter a minha discordância. Ainda mais se for a sra secretária de estado).
E vou falar mal das finanças e da economia e seja do que for, porque o que eu gosto mesmo é de encontrar coisas para dizer.
É que no fundo, eu ando por aí. Pelos cafés e pelas ruas da minha cidade. E o que tento é transmitir por escrito o que ouço e vejo. E, verdade seja dita, nos últimos anos, só tenho ouvido dizer mal do governo que temos tido. O que até é muito complicado de perceber, uma vez que mais de um terço dos votantes nas últimas eleições, reafirmaram a confiança no actual Primeiro Ministro, o que lhe deu a vitória.
Ou somos todos ( a maioria) burros, ou eu vejo muito mal e ouço muito pior.
Só uma coisita mais. Não vou inventar nada, não vou dizer o que não é, e não vou ser “indecente”.
Ah, estou em pulgas para saber dos próximos desenvolvimentos, e para ir vendo e ouvindo o que se diz por aí sobre esta história da guerra entre o sr Presidente da República e o sr Pinto de Sousa. Promete dar muito que escrever.
.
.
.
JM
.

A máquina do tempo: a lumiosa prensa de Gutenberg

Não é gralha. Escrevi «lumiosa», palavra que significa o mesmo que luminosa, mas tem um sabor mais renascentista. Andou na boca e na pena de homens como Sá de Miranda, Camões e Damião de Góis. Embora a figura que hoje quero visitar seja alguém que ficou no limiar dessa Idade Nova cujas portas tanto ajudou a abrir – refiro-me a Johannes Gutenberg que terá nascido em Mogúncia na década de 1390 e que morreu em 1468. Inspirando-se numa prensa de lagar, própria para esmagar uvas no fabrico de vinho, inventou a sua prensa que tanta luz derramou nestes mais de cinco séculos (e aqui resisti heroicamente à tentação de fazer um trocadilho fácil usando a locução latina «in vino veritas»).

Inventou também os tipos móveis e desenvolveu o fabrico de tintas à base de óleo, mais compatíveis com esses novos caracteres, duradouros e resistentes, feitos em chumbo fundido, técnica que, com melhoramentos, sobreviveu até ao século XX, ainda se encontrando oficinas equipadas com tipos de chumbo e usando procedimentos que, basicamente, não são muito diferentes dos de mestre alemão. Fez pesquisas sobre a qualidade de papel mais adequado ao seu invento. E, no dia 30 de Setembro de 1452 – faz hoje 557 anos – deu como pronta a sua Bíblia, o primeiro livro a ser impresso segundo a nova técnica (e um dos poucos, até aos nossos dias, em que não se pode encontrar uma única gralha). Para comemorar esse 557º aniversário da prensa de Gutenberg, queria falar-vos do projecto que recebeu o nome do grande inventor alemão – o «Projecto Gutenberg».

Tudo começou em 1971, quando Michael Hart, um estudante da Universidade de Illinois, teve acesso a um computador gigante – o Xerox Sigma V do laboratório de pesquisa da instituição. Este computador iria, com outros 14, integrar a rede cibernética que daria lugar á Internet. Hart perseguia a utopia de um dia no Futuro os computadores estariam ao dispor de toda a gente – os jovens viajam muito até ao Futuro, frequentando os velhos mais o Passado. Ambas as viagens são maneiras de não estar no Presente.

Hart, fascinado com as potencialidades deste novo auxiliar da inteligência e da memória humanas, resolveu colocar ao dispor de todos, gratuitamente, obras de literatura em formato electrónico. Nascia o «Projecto Gutenberg». Vinte anos depois, instalado no Colégio Beneditino de Illinois, acompanhado de muitos voluntários, Michael dirigia o projecto. Os textos eram introduzidos manualmente até surgirem os digitalizadores de imagens e os programas de reconhecimento óptico de caracteres.

E (este um dos aspectos positivos dos Estados Unidos!) a ideia que parecia megalómana começou a ganhar corpo. A Universidade Carnegie Mellon aceitou administrar as finanças do ambicioso projecto. Assim, em 2000, foi registada no Estado do Mississippi a Project Gutenberg Literary Archive Foundation, Inc., organização sem fins lucrativos destinada a gerir as vertentes legais do projecto. Vamos acelerar a velocidade: em 2006, a instituição tinha mais de 20 mil livros no seu acervo, entrando por semana 50 novos títulos. Actualmente, segundo o site PT Principal, há 30 mil títulos disponíveis, alguns dos quais em português.

De acordo com um artigo publicado no passado dia 20 no El País, com mais de 50 títulos apenas há obras em espanhol, inglês, chinês, alemão, holandês e finlandês, estando referenciadas três obras em catalão. São uns queridos nuestros hermanos, puseram o espanhol em primeiro lugar – o que deve ser aldrabice – mas esqueceram-se do português (oxalá não tenham pegado na palavra ao Mário Lino, que disse que tínhamos uma língua comum, e não tenham incluído os livros em português no mesmo embrulho do castelhano). Havia, em 19 deste mês, 348 obras em língua portuguesa, existindo a intenção de, ainda este ano, digitalizar mais 240 títulos. Na próxima década, aponta-se para que o português seja a terceira língua europeia com mais obras, depois do inglês e do espanhol.

Já tinha ouvido falar neste projecto, mas só agora aprofundei um pouco mais o conhecimento sobre ele. Portanto, nem só a Google proporciona o acesso a obras literárias de forma gratuita. Nem sequer foi pioneira em tal generosidade. O Projecto Gutenberg põe ao nosso dispor um número crescente de títulos. Com a condição de serem obras caídas no domínio público (cujos autores tenham morrido há mais de 70 anos) ou autorizadas por quem detenha os direitos.

Que bonita maneira de honrar a memória e de homenagear Gutenberg e a sua lumiosa prensa.

TVI Ongoing…

Foi a 3 de Setembro que escrevi ISTO.

Na altura, alguns senhores que se julgam especialistas dos meandros empresariais da comunicação social achavam que eu ou estava doido ou era parvo. Mesmo reconhecendo ser meio doido e parvo de todo, antecipei com muitos dias de antecedência uma das principais notícias do dia 28 de setembro. Ou seja, uma vez mais, os leitores do Aventar souberam antes de tudo e todos.

Foi tiro e queda. Só é pena não acertar assim nos números do Euromilhões e, por via desse desacerto, tenho que desligar e ir para a cama pois vou ter de continuar a trabalhar, ehehehe.

JPS – Mais um Aventador da "Sinistra"

A culpa é minha. Fui eu. Ele é o JPS, João Pereira dos Santos, advogado, blogger internitente, opinador impaciente mas um jovem com muito talento. Costuma apelidar-me de Mohammed Al Maia, em homenagem ao Ministro da Informação do Saddam.

Só me meto em confusões. Venham de lá essas postas de pescada, caro JPS!

QUADRA DO DIA

Em cima duma azinheira
a virgindade aterrou
O negócio foi tão bom
Que a virgem por cá ficou.

INDUSTRIA FARMACEUTICA

Hoje, ao sair do hospital após uma reunião sobre um novo fármaco ainda não comercializado, fui reflectindo sobre aquilo que nos rodeia dentro da nossa profissão.
Vivi e ainda vivo diariamente em contacto com a Indústria Farmacêutica, tenho pessoas amigas ligadas à IF, e, apesar de procurar manter sempre, em toda a minha vida, os olhos abertos e a consciência limpa e transparente, não consigo libertar-me de tudo aquilo que me envolve e me obriga, por vezes, sobretudo por delicadeza, a fazer parte de coisas que não me agradam, ou que colidem com a minha filosofia e a minha forma de ver o mundo e as coisas.

A IF é, indiscutível e praticamente a nossa maior fonte de investigação médica, infelizmente direccionada para um objectivo prioritário, o objectivo de qualquer indústria, o lucro máximo possível. Claro que não é difícil aceitar pela sociedade que ela se apresente sempre, com um eufemístico interesse pela saúde da humanidade. Mas é difícil ser aceite por mim, ainda que reconhecendo a sua enorme importância no que tem de positivo, precisamente porque sei e muito bem o que ela arrasta de negativo. São questões de natureza ético-política e de organização social, que não são para aqui chamadas neste momento.

No pára e arranca do engarrafamento, veio-me então à memória uma conferência que ouvi há uns tempos atrás, feita por um Senhor chamado Prof. Jerome, na qual ele disse taxativamente o seguinte:
Não há maior influência na medicina do que a do dinheiro. Disse ainda que quase todos nós somos um agente de marketing da indústria farmacêutica e que a influência das indústrias farmacêuticas é oculta e subtil, infiltrativa, ubíqua porque está em toda a parte, disseminada, e eficaz.

E pergunta:
A IF será mesmo parceira dos médicos ou apenas os utiliza? Para responder, diz que os manipula através de ofertas, viagens, honorários para produzirem conferências, bónus para recrutamento de doentes a incluir em estudos, e tudo isto para que os médicos promovam os seus produtos. Publicidade mentirosa nas revistas, enganando os próprios editores e publicidade em tudo o que possa aliciar e influenciar os doentes. Promoção, extrapolação e mesmo invenção de falsas doenças com vista ao consumo massificado de produtos.

As instituições académicas não escapam a este tentáculo, pois os fundos da IF para estas instituições são superiores aos do Estado. Aos médicos universitários são oferecidas bolsas, obrigando-os a escrever artigos e proferir palestras à volta dos seus produtos. Os investigadores também não escapam, através de fundos para a investigação e para os próprios investigadores. Só que nessas investigações os investigadores, nem sempre verticais, podem ser manipuláveis, sendo muitas vezes obrigados a escamotear resultados negativos ou pouco favoráveis ou mesmo a falsificarem os resultados. As organizações profissionais estão fortemente infiltradas pela IF através do apoio a reuniões e congressos, patrocínio de oradores “opinion- makers”, viagens e convites, bolsas e prémios, desenvolvimento de “guidelines”. Muitos dos especialistas envolvidos na elaboração destas têm fortes ligações a empresas farmacêuticas.

Em resumo, disse o Prof Jerome:
Doentes, médicos, enfermeiros, universitários, investigadores, directores de instituições, directores de jornais, toda a sociedade está sob a influência da Indústria Farmacêutica.
É pena, em minha opinião. Seria bem mais saudável que cada um fosse independente, ainda que dependente de uma sã e profunda colaboração, que enobrecesse esta magnífica arte de curar e dar vida.

A declaração do Presidente da República (vídeo)

Mais sobre o tema, em Aventar:

As interrogações de Cavaco Silva (com texto na íntegra da declaração do PR)

O ratinho que a Montanha pariu

Finalmente, a declaração de guerra

Mais, jornal Público e DN e Expresso e ionline

O RATINHO QUE A MONTANHA PARIU

.
O PRESIDENTE DISSE NADA E POUCO MAIS
.
.
No fundo, no fundo, o sr Presidente só disse que não existe nenhuma declaração sua a falar da existência de escutas. Pouco mais, ou senão vejamos.
O Sr Presidente disse achar normal, e não ser crime, haver alguém que desconfie de outro alguém. Isto é demasiadamente grave, uma vez que vem da Presidência da República.
O sr Presidente não disse se havia ou não, desconfianças de escutas. O sr Presidente não disse se desconfia do nosso Primeiro. E se não disse, deixou implícito que pode haver. E se há, como pode o sr Presidente indigitar para Primeiro ministro uma pessoas sobre a qual ele não tem confiança.
O sr Presidente acabou por acusar o partido socialista de o querer encostar ao partido social democrata, e de quererem acusá-lo de interferir na campanha eleitoral. Ainda acusa altas figuras do partido socialista de terem ultrapassado os limites da decência. Lá teve de explicar que foi obrigado a demitir o amigo Lima por causa de tudo isto. Esta parte é grave, acho.
Tudo foram manipulações, também disse. Há fragilidades na segurança, acabou por dizer também.
E, digo eu, a sua declaração, hoje, se não influiu nas eleições legislativas (ou talvez tenha influído com a demissão do sr Lima), influi nas autárquicas.
Foi um ratinho muito pequenino o que esta montanha pariu. Lá no fundo, tudo uma cabala. Lá ainda mais no fundo, está tudo tonto.
No entanto, as relações entre a Presidência e o sr Sócrates, dificilmente se recomporão.
Não gostei do discurso.

.

As interrogações de Cavaco Silva

À hora de jantar, entornou-se o caldo. Não é que a convergência estratégica entre o Presidente e o primeiro-ministro está pelas ruas da amargura? A coisa estava mal, já se sabia, agora pode estar a atingir o limite do suportável.

Todo o texto da declaração no final

Não se espantem se as próximas reuniões entre ambos tiverem de ser mediadas por um qualquer conselheiro especial.

cavaco-socrates-2909

Hoje, Cavaco Silva ficou a saber de vulnerabilidades na rede informática do Palácio de Belém. Hoje. Só hoje. O sistema de computadores da casa do mais alto magistrado da nação lusa deve gter funcionado had hoc durante muitos anos, calcula-se. Algo que deveria estar devidamente protegido, não está. O Presidente da República interrogou-se e terá visto as suas interrogações confirmadas.

O Presidente acusou elementos “ligados ao partido do Governo” de o tentarem pressionar no caso das escutas. Logo ele, que “nem cede a pressões, nem se deixa condicionar”, como hoje afirmou. Foi, pois, uma tentativa de chover no molhado. Acontece que, apesar de tudo, Cavaco Silva se deixou pressionar. Veio falar em pedir informações sobre segurança, após as legislativas, e dispensou os serviços do seu leal assessor de imprensa. Uma opção que hoje surgiu ainda algo pouco explicada. Se nada havia que comprometesse de forma séria Fernando Lima, este não deveria ter saído.

O certo é que, neste caso, foram, disse, ultrapassados os limites da decência. Não hesitou ainda em pronunciar a palavra “manipulação”, o que configura uma situação demasiado grave num regime como o português.

Cavaco não deixa de ter responsabilidades neste caso e nos contornos que teve mas passou agora a bola a José Sócrates. Num cenário pós eleitoral como o actual, o clima de guerrilha entre Presidente e futuro primeiro-ministro não configura nada de bom. Como é que estes dois homens se vão entender no futuro? Como é que vão, sequer, apertar as mãos?

A declaração de Cavaco Silva:

Declaração do Presidente da República

Presidência da República, 29 de Setembro de 2009

1. Durante a campanha eleitoral foram produzidas dezenas de declarações e notícias sobre escutas, ligando-as ao nome do Presidente da República e, no entanto, não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante.

Desafio qualquer um a verificar o que acabo de dizer.

E tudo isto sendo sabido que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que só o Presidente da República fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar.

2. Porquê toda aquela manipulação?

Transmito-vos, a título excepcional, porque as circunstâncias o exigem, a minha interpretação dos factos.

Outros poderão pensar de forma diferente. Mas os portugueses têm o direito de saber o que pensou e continua a pensar o Presidente da República.

Durante o mês de Agosto, na minha casa no Algarve, quando dedicava boa parte do meu tempo à análise dos diplomas que tinha levado comigo para efeitos de promulgação, fui surpreendido com declarações de destacadas personalidades do partido do Governo exigindo ao Presidente da República que interrompesse as férias e viesse falar sobre a participação de membros da sua casa civil na elaboração do programa do PSD (o que, de acordo com a informação que me foi prestada, era mentira).

E não tenho conhecimento de que no tempo dos presidentes que me antecederam no cargo, os membros das respectivas casas civis tenham sido limitados na sua liberdade cívica, incluindo contactos com os partidos a que pertenciam.

Considerei graves aquelas declarações, um tipo de ultimato dirigido ao Presidente da República.

3. A leitura pessoal que fiz dessas declarações foi a seguinte (normalmente não revelo a leitura pessoal que faço de declarações de políticos, mas, nas presentes circunstâncias, sou forçado a abrir uma excepção).

Pretendia-se, quanto a mim, alcançar dois objectivos com aquelas declarações:

Primeiro: Puxar o Presidente para a luta político-partidária, encostando-o ao PSD, apesar de todos saberem que eu, pela minha maneira de ser, sou particularmente rigoroso na isenção em relação a todas as forças partidárias.

Segundo: Desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos.

Foi esta a minha leitura e, nesse sentido, produzi uma declaração durante uma visita à aldeia de Querença, no concelho de Loulé, no dia 28 de Agosto.

4. Muito do que depois foi dito ou escrito envolvendo o meu nome interpretei-o como visando consolidar aqueles dois objectivos.

Incluindo as interrogações que qualquer cidadão pode fazer sobre como é que aqueles políticos sabiam dos passos dados por membros da Casa Civil da Presidência da República.

Incluindo mesmo as interrogações atribuídas a um membro da minha Casa Civil, de que não tive conhecimento prévio e que tenho algumas dúvidas quanto aos termos exactos em que possam ter sido produzidas.

Mas onde está o crime de alguém, a título pessoal, se interrogar sobre a razão das declarações políticas de outrem?

Repito, para mim, pessoalmente, tudo não passava de tentativas de consolidar os dois objectivos já referidos: colar o Presidente ao PSD e desviar as atenções.

5. E a mesma leitura fiz da publicação num jornal diário de um e-mail, velho de 17 meses, trocado entre jornalistas de um outro diário, sobre um assessor do gabinete do Primeiro-Ministro que esteve presente durante a visita que efectuei à Madeira, em Abril de 2008.

Desconhecia totalmente a existência e o conteúdo do referido e-mail e, pessoalmente, tenho sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações nele contidas.

Não conheço o assessor do Primeiro-Ministro nele referido, não sei com quem falou, não sei o que viu ou ouviu durante a minha visita à Madeira e se disso fez ou não relatos a alguém.

Sobre mim próprio teria pouco a relatar que não fosse de todos conhecido. E por isso não atribuí qualquer importância à sua presença quando soube que tinha acompanhado a minha visita à Madeira.

6. A primeira interrogação que fiz a mim próprio quando tive conhecimento da publicação do e-mail foi a seguinte: “porque é que é publicado agora, a uma semana do acto eleitoral, quando já passaram 17 meses”?

Liguei imediatamente a publicação do e-mail aos objectivos visados pelas declarações produzidas em meados de Agosto.

E, pessoalmente, confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas.

7. Mas o e-mail publicado deixava a dúvida na opinião pública sobre se teria sido violada uma regra básica que vigora na Presidência da República: ninguém está autorizado a falar em nome do Presidente da República, a não ser os seus chefes da Casa Civil e da Casa Militar. E embora me tenha sido garantido que tal não aconteceu, eu não podia deixar que a dúvida permanecesse.

Foi por isso, e só por isso, que procedi a alterações na minha Casa Civil.

8. A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: “será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?”

Foi para esclarecer esta questão que hoje ouvi várias entidades com responsabilidades na área da segurança. Fiquei a saber que existem vulnerabilidades e pedi que se estudasse a forma de as reduzir.

9. Um Presidente da República tem, às vezes, que enfrentar problemas bem difíceis, assistir a graves manipulações, mas tem que ser capaz de resistir, em nome do que considera ser o superior interesse nacional. Mesmo que isso lhe possa causar custos pessoais. Para mim Portugal está primeiro.

O Presidente da República não cede a pressões nem se deixa condicionar, seja por quem for.

Foi por isso que entendi dever manter-me em silêncio durante a campanha eleitoral.

Agora, passada a disputa eleitoral, e porque considero que foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência, espero que os portugueses compreendam que fui forçado a fazer algo que não costumo fazer: partilhar convosco, em público, a interpretação que fiz sobre um assunto que inundou a comunicação social durante vários dias sem que alguma vez a ele eu me tenha referido, directa ou indirectamente.

E sabendo todos que a Presidência da República é um órgão unipessoal e que, sobre as suas posições, só o Presidente se pronuncia.

Uma última palavra quero dirigir aos portugueses: podem estar certos de que, por maiores que sejam as dificuldades, estarei aqui para defender os superiores interesses de Portugal.