Pórticos, Chips, Scuts E Cidade Da Maia

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MUDARAM DE IDEIAS

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Desloco-me quase diariamente, pelas estradas do meu distrito (Porto), muitas das vezes só pelo prazer de passear. Tenho esse privilégio.

Nesses meus passeios, acontece ter de passar pelas auto-estradas e vias rápidas da zona. De longe a longe, lá se viam, nos últimos tempos, um ou outro pórtico novo, que ninguém me sabia dizer ao certo para que iria servir.

Vou muitas vezes à cidade da Maia.

Antes das eleições, vi por lá cartazes, grandes, a informar os munícipes, que a Câmara da Maia, e evidentemente o seu Presidente e de novo candidato, eram contra o pagamento de portagens nas "scuts" da área. Ninguém, em seu prefeito juízo, aceita de bom grado, esse pagamento, até porque se sabe da falta de alternativas a essas estradas de circulação rápida.

Depois, e durante a campanha eleitoral para as Autarquias, vi por lá, em substituição dos cartazes de que falei, as caras dos candidatos e os símbolos dos partidos que os apoiavam.

Até aqui, tudo normal, penso eu.

Dia de eleições, Domingo, os que votaram foram votar e os outros também não.

Na segunda-feira imediata, coisas estranhas aconteceram. Como se fossem cogumelos, os pórticos multiplicaram-se. numa azáfama incrível, dezenas de operários estavam a trabalhar para pôr em pé dezenas de coisas dessas espalhadas pelas "scuts" da zona. Depressa se verificou,, e se soube que iriam servir para o pagamento, via chip a colocar nos automóveis, de portagens.

Estranhei. Antes das eleições ninguém se mexia, ninguém falava no assunto. No dia a seguir, tudo em pé de trabalho. A fazer muito depressa o que todos contestam.

Bem, todos não, que a Câmara da Maia, agora que os mesmos venceram, esqueceu-se de voltar a colocar os cartazes antigos a dizer que eram contra o pagamento de portagens na "scuts". Será que agora já não interessa captar as simpatias dos munícipes? Afinal já está tudo ganho, para quê qualquer preocupação?

Os pórticos, já estão todos instalados. Todas as auto-estradas da zona estão minadas com eles. A28, A29, A41, A25 e por aí fora, têm já tudo a postos.

Com o início do pagamento de portagens, as estradas antigas vão encher-se de carros. Os engarrafamentos vão ser uma constante. O País, nestas zonas vai tender a parar.

É um simples e evidente ataque ao Norte. Se não vejamos:

-Porto – Aveiro PAGA!

-Porto – Espanha PAGA!

-Porto – Paços de Ferreira – Lousada – Felgueiras PAGA!

-Porto – Aeroporto PAGA!

Gostaria ainda de saber como se vai atravessar a ponte de Vila do Conde, por exemplo? Vamos ter "bicha" parada do Porto até à ponte. E depois até passar a Póvoa, como vai ser? Só por lá há uma estrada (que não passa de uma simples rua) com uma faixa para cada lado, cheia de tudo o que é comércio e indústria. Qual a alternativa que nos deixam? Quantas empresas, e quantos particulares vão deixar de ter possibilidades de subsistir?

Mas o governo é que sabe, e todos baixam as orelhas.

Ou não?

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Comments

  1. Quem é que terá culpa, desta vez?

  2. Não caro amigo JM. A C.M.Maia não se esqueceu. Anda desatento. O Presidente da C.M.Maia (ao contrário dos restantes na AMP) desdobrou-se em entrevistas (JN, Porto Canal, Antena 1, etc, etc) a reclamar, uma vez mais sozinho, contra as portagens.Os cartazes de que fala foram retirados há longos meses e não foram substituídos, em nenhum dos espaços, por cartazes de política.A C.M.Maia, uma vez mais, e sozinha, está a procurar mobilizar os principais actores políticos para esta batalha, pois não é com cartazes que se consegue (ajudam mas não bastam). O novo Ministro ainda nem tomou posse e a nova deputada, ex-secretária de estado dos transportes e eleita pelo PS no Porto é que parece que perdeu o pio.Quanto à campanha “Não às Portagens” da C.M.Maia, realizada pela 1º vez em Abril de 2008, regressará se tal for necessário mas tendo sempre presente uma premissa: estar encerrada a via do diálogo, tal como aconteceu em 2008 com o Ministro Mário Lino. 

  3. Sou um nortenho adoptivo e uso frequentemente a estrada Porto-Viana e a que passa pelo aeroporto. Este texto põe o dedo na ferida: não há estradas verdadeiramente alternativas. Basta lembrar, entre outros exemplos, o tempo que se demorava a chegar a Vila do Conde, pelas Guardeiras. Estamos na presença de mais assaltantes de estrada.

  4. Acho que deviamos colocar mais cartazes a dizer não pagamos!Assim os gajos lá da capital ficavam todos assustados com a força da nossa retorica e mudavam de ideias! Não só mudavam de ideias como até eram capazes de colocar bombas de gasolina nessas scuts onde o combustivel era subsidiado,só para aplacarem a irra das gentes do norte! Enfim,é pagar e não bufar! Vivemos em ditadura,ou os meus amigos ainda não repararam?

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