Amizade

Escrever sobre um sentimento, não precisa citações. A amizade é uma   afeição recíproca entre duas pessoas que cultivam boas relações. É a sinceridade entre essas duas pessoas que sabem partilhar sentimentos e calar. Em uma palavra, é a confiança mutua entre pessoas de qualquer idade que sabem tomar conta uma da outra, sem entrar pela vida privada do outro. É um sentimento de nunca abandonar a pessoa por quem se sente afectividade Os gregos clássico definiam a amizade como Aristóteles a tinha pensado: Assim como os motivos da Amizade diferem em espécie, também diferem as respectivas formas de afeição e de amizade. Existem três espécies de Amizade, e igual número de motivação do afecto, pois na esfera de cada espécie deve haver afeição mútua e mutuamente reconhecida.

Aqueles que têm Amizade desejam o bem do amigo de acordo com o motivo da sua amizade; desse modo, aqueles cujo motivo é a utilidade não têm Amizade realmente um pelo outro, mas apenas na medida em que recebem um bem do outro.

Aqueles cujo motivo é o prazer estão em caso semelhante: isto é, têm Amizade por pessoas de fácil graciosidade, não em virtude de seu carácter, mas porque elas lhes são agradáveis. Assim, aqueles cujo motivo da Amizade é a utilidade amam seus amigos pelo que é bom para si mesmo; aqueles cujo motivo é o prazer o fazem pelo que é prazeroso a si mesmo; ou seja, não em função daquilo que a pessoa estimada é, mas na medida em que ela é útil ou agradável. Essas Amizades são portanto circunstanciais: pois que o objecto não é amado por ser a pessoa que é, mas pelo que fornece de vantagem ou prazer, conforme o caso. A fonte de esta ideia é o livro Ética a Nicômaco de 333 antes de nossa era, versão francesa de 1992, Presses Pocket, Paris.

Texto que define não apenas uma intimidade entre duas pessoas, bem como o interesse ou despertar a simpatia de outra pessoa sobre nós, e, de forma reciproca, da outra sobre nós, que não nos abandona e não espera nada de nós, excepto essa mutua confiança

. Falar de amizade tem muitas palavras para serem usadas, é todo um tratado como os dos filósofos ou o interessante livro de Marguerite Yourcenar: O tempo, esse grande escultor, de 1994 a primeira edição, 2006, a segunda, publicados por Difel, Paris e Lisboa. Defende a ideia que serve de entrada a este curto texto.

O que mais esperamos da amizade é a companhia, a simpatia, o não abandono, o sermos precisados e visitados pela pessoa ou pessoas em quem depositamos confiança, sem erotismo no meio. É o pensamento que tina esse amigo Luís Miguel sobre os outros. É o que eu espero sobre os outros: a solidão nada esculpe, nada entrega. É o tempo quem nós oferece a emotividade da afeição. Como todos esses os meus denominados amigos que, foram esculpidos durante um tempo, até acabar a necessidade e entregar a sua confiança a outros mais importantes para os seus objectivos. É o neo-liberalismo destes dias que não entende de sentimentos, mas sim de lucro. Nicômaco recebeu uma grande mostra de amizade, um apreciado presnte com o livro de Aristóteles: era o pai do filósofo…

Comments

  1. Belo texto, Raul.Um abraço Foi hoje a enterrar um grande amigo meu.

  2. maria monteiro says:

    A amizade faz-nos ver com o coração  

  3. Minha Senhora, agradeço imenso a sua simpatia de ler os meus textos, que nem sempre estão em bom português, por ter aprendido a nossa línhua pasado os 30 anos. VÊ?Uma mostra de confiança que nasce do doração como define amizade no seu comentário. A ideia nasceu por um luto familiar não esperado, de um dos nossos sobrinhos de trinta anos. Foi agradável ter sido lido um minuto após ter escrito o texto. Agradece e cumprimenta, o seu Raúl Iturra lautaro@netcabo.pt

  4. Caro Luís, andamos os dois em dias de tristeza. O texto e belo, como diz, porque ajuda a ultrapassar a tristeza da desaparição do seu amigo. Andamos pelos mesmos parâmetros Um familiar de trinta anos este fim de semana, um brilhante engenheiro informático na Grã-Bretanha , saiu a rua a passear, voltou a casa, sentou-se num cadeirão, adormeceu e nunca mais acordou. Os pais correram para Inglaterra, as tias estão a viver o pior luto, e ainda falta pesquisar as causas da morte e trazer o corpo a Portugal para o funeral. É uma semana que, anda que queiramos, não podemos esquecer. Eis os motivos de tantos aventares estes dias e tão sentidos. Grande abraço Raul

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