Ando cheio de angústias, o que virá, o que foi e não me faz feliz, que não posso mudar e que bem seria diferente se tivesse a maturidade ou o conselho avisado.
E as angústias estranhas às minhas decisões, ao arrepio da bondade ou do simples bom senso. As angústias resultam da culpa ou da ignorância?
Sou culpado porque não fiz tudo o que estaria ao meu alcance ou porque não sabia mais ?
Movimentar-me neste labirinto de sentimentos,empurra-me para um cenário em que as coisas tomam dimensões que não são reais e isso potencia o sentimento de culpa. Mas a ignorância tambem não é refúgio para a angústia. Que culpa se pode ter de algo que se teme e que não aconteceu? Carrego o sentimento de medo e de angústia que dominou a minha infância?
Há mais angústia no que pode acontecer do que no facto em si mesmo, como seja preferível o ataque, à sombra que ameaça e que nos mantém em alerta. É a angústia um estado de alerta? Estou melhor preparado para me defender e a angústia é o preço a pagar? Ou a angústia é um sentimento que me destrói sem controle? A angústia é inútil ?
Onde posso encontrar lenitivo para a angústia ? Na convicção profunda que fiz sempre o melhor que estava ao meu alcance ou na capacidade de viver a vida, com os seus fantasmas, as suas ameaças e os seus momentos felizes?
Ando cheio de angústias, sempre que vejo as folhas a cair, a noite a apropriar-se do dia, a chuva que cai e que me dá um sentimento de fragilidade como se fora uma criança.
As angústias tambem se partilham. Desculpem ou obrigado. Fica a vosso cargo.
Desculpa intrometer-me num momento de rara beleza, como o são as tuas introspectivas questões – mas, lembro-te que nada melhor do que «procurar esquecer/numas ginjinhas ,/pois dar de beber à dor é o melhor, /já dizia a Mariquinhas». E eu sei que tu és apreciador de ginjinha .
É um sábio conselho. E amigo!
Podes crer.
Ontem fui à jinjinha mas foi para a prevenção da gripe, nada impede que lá volte agora contra a angústia.