. . . cá vamos andando….pelas ruas da amargura

 

Razão tinham o meu Senhor Pai e o meu Catedrático da Universidade de Cambridge, para não quererem que eu aparecesse por Portugal. O primeiro, um homem às direitas e, infelizmente para mim, de direita ditatorial, esse Senhor Engenheiro Basco, bem conhecia Portugal; o segundo, sempre a resmungar e a lançar livros sobre as cabeças dos que tivessem a iusadia de entrar no seu gabinete para pedir orientações, esse homem de esquerda, lutador pela República na guerra civil de Espanha, nunca tinha cá vindo, mas sabia da reputação do país. Nem um nem o outro queriam que viesse e muito menos que fica-se. Mas o país dos namoros,…do sol,…das mulheres sedutoras e dos homens amigos que denominam o seu  íntimo campeão da amizade, é uma pura e aberta sedução. Desde o inicio, mas…,mal começamos a entender a língua, as ideias, a entramos pelas portas das suas casas, começam as queixinhas, que o bom povo português oculta ao estrangeiro, desvendando-as apenas quando adquirimos o estatuto de nacional, compatriota usado que para nada serve. Cheio de provérbios, o bom povo português, representado pela primeira vez como Zé Povinho, personagem de crítica social, criada por Rafael Bordalo Pinheiro e adoptada como personificação nacional portuguesa. É também conhecido como João Bítor, grande amante de binho e xixas, AMEN ! Diz o Rui.

Apareceu pela primeira vez no 5º exemplar d’A Lanterna Mágica a 12 de Junho de 1875, referido em  http://pt.wikipedia.org/wiki/Z%C3%A9_Povinho. Foi a personagem que eu conheci depois de muito andar pelo país, ser amigo das pessoas, que hoje em dia são Zé Povinho e me abandonam, criticam ou louvam

 conforme as suas conveniências. Desloquei-me ao país luso para dar conferências por dois meses, e fiquéi….31 anos,….até que os amigos me fizeram português. Esse primeiro verão, foi de uma calor de 40º, e o promeiro inverno, frio e chuvoso bem ao estilo do meu país de procedência, a Grã-bretanha. A primeira frase que ouví, porque ninguém visita doentes, nem os que nos denominam campóes da amizade, foi esta:avinha-te, abifa-te e abafa-te. Mau coselho, habituado como estava a suportar as gripes a trabalhar. Uma outra ideia que me foi entregue, relatada por mim em outro aventar, era essa de andarmos pelas ruas de amargura, de certeza, exprimida nesta imagem http://www.miradaglobal.com/images/stories/Image/temas/1_temas_100709.jpg,  como esta, muitas outras valeriam. O nosso país é um país de provérbios, como país fatimizado que é. A pessoa da imagem parece estar a exprimir o proverbio como Deus quer. E como esse, tantos outros, que as pessoas leitoras deveram saber, por se orientarem por eles no seu dia -a- dia,, como os que se seguem: vai-se andando conforme podemos ou nos deixam; mais vale só que mal acompanhado; depóis da tempestada, vem a bonança; guarda que comer, não guardes que fazer;  queres ver teu médico mendigar,come uma maçã ao jantar. E tantos outros. Homens e mulheres de fé ou não, os analistas portugueses têm informado nos seus textos que há cerimónias de louvor à divindade, que ainda são praticadas, como têm referido Paulo Raposo e o seu Auto das Floripes, ou Filipe Reis no seu Bom dia Tio João, emitido por rádio todos os  domingos de manhã. Como estes casos, muitos mais há, o que falta é o espaço para escrever sobre eles.. Excepto essa frase tão ouvida por mim, ao interpelar uma pessoa: Mande….!  Ou ver à arrogânte senhora  que antes perguntava e que hoje, com mando na  mão, apenas levanta o nariz e olha para o lado. . No entanto, feliz de cá estar….

 

Comments

  1. Bom retrato, só falta dizer que suportamos sempre um Sócrates ,que vindo como salvador nos desgraça durante anos. Até à revolta. Já esteve mais longe. A Face Oculta tirou as dúvidas todas. Este país está minado pela voragem socialista!

  2. maria monteiro says:

    não é só pela voragem socialista… o cheiro do dinheiro está abençoado e… uma mão vai tapando a outra

  3. Meu caro Luís, muito obrigado pelo seu comentário. Pensei no povo português e escrevi. A mina mania de provar com imagens as frases que escrevo, tirou-me espaço para dizer mais. Mas, não fique preocupado. Este Primeiro Ministro vive manso porque governa em minoria. Confesso que prefiro essa minoria a um governo de Direita. A nossa crise económica seria bem pior. No entanto, temos os bons Ministros, como Zé Mariano Gago, Augusto Santos Silva e outros, antigos discípulos meus. Mas, há ministros tipo Maria de Lurdes que farão do Zé Povinho, uma tristeza. Mais uma vez será necessário que eu escreva sobre Educação!

  4. Querida Maria, a política tem essas aventuras. Não estão ai como depositários da nossa soberania. Tenho imensos antigos discípulos que vejo de fasto azul – antes andavam de jean – e carros pagos pelos nossos impostos. Pelo menos tratam-me com respeito; imponho-me sobre eles! O Zé Povinho deve agir da mesma maneira e pedir ser recibidos pelos que nos traim, a exepção de poucos que tranalham como deve ser. Obrigado por se interesar pelo que escrevo! Com carinho Raúl Iturra

  5. Escrevi este texto porque nós, o bom povo português, anda, da facto, pelas ruas da amargura. Usei a frase pueril, para escrever um texto a sério. A crises económica não é nunca real, é virtual , provocada pelos investidores portugueses que tratam ao país com lesa majestade. Angola é, hoje em dia, onde correm trás a mais valia e fecham as suas industrias lusas, porque o capital não tem nacionalidade, pertence ao país que acolhe primeiro. É só ler o multiplicador de investimentos de Maynard Keynes , meu antigo colega de Universidade na Grã-Bretanha , es decobre logo porquê Zé Povinho é traído Ou leiam o livro de Europa-América , de Milton Fredman : Liberdade para Escolher, e sabemos de imediato que estes seres, denominados por eles próprios homens de fé, apenas juntam dinheiro ou mais valia, para viver separados da população e fazer como entendem. Como é possível que a maior distracção do Zé Povinho, a bola, dá uma renda de milhares de euros aos clubes e aos que deviam jogar por amor ao desporto? Há mais para dizer, mas acabo com esta ideia: este governo tem falta da arte de governar e em breve deve desaparecer, para entrarem os proprietários dos meios de produção a fazer troça de nós.

  6. Prezado Professor Iturra: Este comentário nada ou pouco tem a ver com este seu texto sobre o Zé Povinho, com as idiossincrasias portuguesas, com os provérbios (qu não são uma mania, mas sim um repositório secular da sabedoria popular portuguesa – são de facto, milhares e estão reunidos em interessantes volumes)- o Zé Povinho, do Rafael Bordalo PInheiro é um ícone dessa sabedoria secular que ultrapassa em profundidade os saberes da classe dirigente, esse resíduo ou subpoduto de uma sociedade aculturada e invadida por gente que tenta impor não a grande cultura do nosso tempo – a de Lévi Strauss, a de Merleau Ponty, a de Castoriadis, mas flashes de postulados de Bill Gates ou de Negroponte, para citar só  exemplos. São os tais seus alunos de fato cinzento ou azul escuro, embaixadores de uma civilização, se assim se lhe pode chamar, necrófila, morta à nascença, sem valores que não sejam os do portunismo político e social. O que queria dizer-lhe é que, pese embora um ou outro erro de sintaxe ou de morfologia, próprios de quem não teve o português como língua mãe, o seu pensamento é claro e os seus textos interessantíssimos. <fiz um comentário ao seu primeiro texto (sobre o heróico presidente Salvador Allende) e, não tendo respondido, interpretei o seu silêncio como uma recusa das minhas palavras de sincero respeito e homenagem a um homem bom e honesto. Tenho mau feitio e pensei que se não quria aceitar esse sincero comentário, melhor seria não me voltar a imiscuir nos seus textos. Pensei que talvez tivesse razão em me ter ignorado, pois em assuntos de família os estranhos não se devem meter. Vejo-o gagora atacado por um pedante universitário, que diz coisas formalmente correctas, mas não faz uma crítica válida ao cerne do seu pensamento, e por um maníaco depressivo,  incoerente  e desrespeitoso. Venho tardiamente e pelas razões expostas – mau feitio e carácter bisonho – manifestar-lhe a minha solidariedade. Porque há um provérbio que me justifica e que deve conhecer – «mais vale tarde do que nunca». São quase 4 horas da manhã, estou com uma terrível insónia e esta prosa atrabiliária foi o melhor que pude alinhavar. É um prazer e uma honra tê-lo entre nós, Professor Iturra e lembre-se de mais um aforismo: «Vozes de burro não chegam ao céu. Um fraterno abraço e obrigado pelos seus belos textos de que sou leitor atento.

  7. Releio as minhas palavras e vejo que estão cheias de erros. O corrector ortográfico não funcionou e talvez a insónia esteja a passar, o sono (e os erros) a chegar. Mas creio que se compreende o sentido. um abraço, Professor Iturra.

  8. Bem querido Carlos Loures-essa palavra bem-querido, é galaico portuguesa, que em luso português significa Caro Carlos Loures. É o problema das línguas, usamos muitas e todas bem semelhantes. Os Galegos, sítio no que tenho analisado crianças e aos seus pais, pensamentos e sentimentos, pensam que falam luso português. De facto, acontece nas aldeias, lugares em que realizo o meu trabalho de investigação, para escrever depois e ensinar sobre a mente infantil. Mal aprendemos luso português, não conseguimos tornar para o luso galaico. Em verdade seja dito, sem dar por isso, acabo de escrever em luso-galaico! E haverão mais frases ne mesma língua, na minha resposta. Não fique preocupado com as insonias. Acontece com todos nós, especialmente em tempos de crises financeiras. O melhor remédio para adormecer, é andar um pouco dentro de casa-é frío e noite cedo nestes dias- e ou ler ou escrever. Além da escrita, música tipo barroca ou clássica, se gostar-romântica não aconselho, acorda mais, e aceitar que a isónia faz parte da nossa lesa humanidade. Diz que não fala do meu, para mim, simpâtico Zé Povinho, mas acaba por fazer. Abre os meus olhos a saberes deconhecidos para mim, ensina-me ideias novas e paso a saber mais da cultura do bom povo poortuguês-eu sou português, também, apenas que aprendi a língua após os 35 anos! E de ouvir e escrever. A minha sintaxes é uma ofensa à humanidad lusa, pelo que peço desculpas. Se me lembro bem – e está nos meus e-mails, respondí ao seu comentário sobre o meu-nosso-herói. Estava eu na Grã-bretanaha e o meu Catedrático enviou-me ao Chile para ver como era um governo socialista social democrata marxista, eleito em sufrágio livre. Fui e colaborei o mais possivel desde a Universidade à qual fui convidado, a minnha, Pontifícia Universidade Católica do Chile. Apenas que solicitei ao meu amigo o Reitor ser enviado a um campus ao Sul do Chile, rural-industrial. O Senhor Presidente incrementava a sua popularidade ao redistribuir a mais valia entre os produtores, tal como Marx o tinha definido em 1863 e 1864, bem como em 1867. Mexer na burguesia e no capital, que não tem nacionalidade, é uma ofensa para a burguesia. A guerra foi a morte. Como a Sua Exlência, trato dado aos Presidentes do Chile, incrementava a sua popularidade, houve um complot e foi derrubado. Eu acabei num campo de concentração, porque sim. Jack Goody, o meu catedrático de Cambridge tinha estado em Auswitchz e sabia o que era esse problema e fui rescatado. E não acrescento mais. O país sofreu imenso, desde fora todos colaboramos e fui convidado por Patrício Aylwin, 35 anos depóis. Ser exiliado é o pior dos tormentos, as nossas memórias e língua, ficam perdidas. A família também, mas como eram contra a Sua Excelência, tive que me resignar. A minha mulher e as nossas filhas foram permitidas de ir a Inglaterra 4 meses depóis, por intervenção de Billy Callagham. Espero ter respondido parte do que pretendia. Como psicólogo, aconselho não beber para matar a insónia: causa euforia e nunca mais dorme Grande abraço e obrigado por acudir a mim por causa de um problema que não mata, mas exaspera Cumprimentos Raúl Iturra

  9. Professor Iturra , estimado amigo: agradeço-lhe a sua resposta ao meu comentário, tão completa e esclarecedora. Ainda bem que a minha interpretação sobre o seu silêncio estava equivocada – e vem mais um provérbio: «A falar é que a gente se entende» – quebrei o silêncio, falámos, e entendemo-nos. Nós aqui, seguimos com muita atenção tudo o que se passou no seu país – pode dizer-se que, durante dias, vivemos suspensos das notícias que nos chegavam, notícias carregadas de um horror que se julgava pertencer ao passado. Quanto às suas pequenas imprecisões sintácticas, não se preocupe; entre os nossos idiomas existem milhares de «falsos amigos», de palavras iguais com significados diferentes. É-nos mais fácil falar em francês ou em inglês. Por motivos profissionais tive de aperfeiçoar o meu castelhano académico. Pois, mesmo assim, muitas vezes em reuniões, frases minhas faziam rir os meus colegas espanhóis. Mas nunca deixámos de nos entender. Também nunca deixei de compreender o sentido profundo dos seus textos. Quanto aos ataques, venham de «sábios» ou de tontos, não se exaspere; quem o critica, pelos motivos e da maneira que o faz, não merece sequer atenção. Vou seguir os seus conselhos quanto às insónias. Abraço grande.

  10. Meu Caro, temos a mesma experiência sobre o significado das palavras. Cansado, as vezes, falo em inglês ou francês. Com os meus netos britânicos, o inglês é peremptório ; com os Neerlandeses, tentei aprender Holandês, mas…língua dura…eles falam um belo inglês ! Agradeço as suas resposta: tanta simpatia!. Não pense em imsónias, elas voltam! Recomendo ver uma sintética história, já no Aventar, levara-me o dia a escrever! Abraço de simpatia, que em ingl~^es e poryuguês, é luto, em Castellano, uma pura alegria. Eis o exemplo do double meaning!

  11. Pedro Rego says:

    Só para manifestar a satisfação por ver o Auto da Floripes referenciado. (actor amador do Auto da Floripes). Apareça por cá no dia 5 de Agosto.

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