Vergonhosos abusos sexuais de menores
Com este título, li ontem no JN, o artigo de Rui Osório. Nele, ele diz que Bento XVI pede contas a responsáveis da Igreja Católica da Irlanda sobre a “dolorosa situação” das crianças vítimas da pedofilia de padres e de religiosos.
Diz ainda que os bispos pediram perdão: “Nós, bispos, pedimos perdão a todos aqueles que sofreram abusos dos padres quando eram crianças, ás suas famílias, a todas as pessoas que estão justamente escandalizadas”. “Estamos profundamente chocados com a amplitude e perversão dos abusos como foram descritos no relatório”.
Continua, dizendo que o núncio apostólico na Irlanda pediu perdão por “todo o erro”que possa ter sido cometido pelo próprio Vaticano, apresentando desculpas.
Agora comento eu:
Está feito! Perdões e desculpas e tudo fica resolvido. Fácil, não é?
NÃO CHEGA!
Nada chega para a reparação de tão hediondos crimes, mas pensar que com desculpas e perdões se limpa tão grande vergonha, dá para rir, se a amargura da situação, que é internacional e não só da Irlanda, não fosse tão profunda.
Trata-se de crimes muito graves, julgados e punidos na sociedade civil, laica, com sentenças que podem ir até à prisão perpétua como vimos não há muito tempo.
Se os pedófilos da “Casa Pia” e todos os criminosos que surgem nos jornais vão a tribunal, porque razão não vão a tribunal os milhares de pedófilos da Igreja?
Não chega indemnizar algumas das vítimas para esconder e camuflar os crimes. Não chega pedir perdões e desculpas. É no banco dos réus, como criminosos, que deve acontecer a reparação possível.
Porque razão a igreja Católica, no seio da qual são e foram descritos publicamente crimes sexuais abomináveis, crimes económico-financeiros de grande envergadura, tráfico de influências e de capitais, e até assassinatos, manobras e interferências políticas condenáveis, nepotismos e compadrios de toda a ordem, porque razão, repito, a Igreja tem o privilégio de se constituir como trincheira impenetrável à justiça dos tribunais?
Mas mais chocante do que isto, em minha opinião, é a INDIFERENÇA e a silenciosa ACEITAÇÃO de grande parte da nossa sociedade, sobretudo católica, no seio da qual a Igreja está implantada como intocável e como santa. Bela santidade! Bela dignidade! Belo exemplo de humildade! Belo sentimento de justiça!
Sem dúvida, devem ser acusados e irem a tribunal e para a cadeia rezar o terço. Acho que a maioria das pessoas nem sequer se apercebe que estes senhores escapam à justiça ,com ums confissões pelo meio.
A tua indignação é justa e subscrevo-a. Só pergunto: quando é que as Igreja Católica (e as outras) procederam de forma diferente? Há crimes da Igreja, para falar só da ICAR, que deviam implicar a extinção dessa estrutura. Só desde o século XX (não indo falar da Inquisição), já cometeram crimes que justificavam o encerramento. Depois, se entendessem, que a refundassem. Mas noutros moldes. Não sou anticlerical, pois entendo que a Igreja Católica tem uma história tão desprezível, tão cheia de crimes, que não merece o trabalho de ser combatida. A podridão que a mina do interior, dispensa adversários exteriores. É uma instituição que desprezo. Por isso, quando ontem «falávamos» sobre o D. Manuel Clemente, confiava na tua opinião para apoiar o prémio que lhe foi outorgado. Espero que tenha sido pelo seu trabalho intelectual. Se foi por ser bispo, o prémio devia ter sido outro…
Belíssimos comentários. Grande apoio, de facto à indignação, que não será só minha.