Um jogo desentretido

O jogo tinha um interesse: meter a jogar os reforços de Inverno, nem que fosse um bocadinho.  Não teve. Jesualdo deu algum tempo a Orlando Sá, o suficiente para tirar uma grande penalidade, insuficiente para ter a descontracção necessária para o concretizar.  Pouco portanto.

Uma equipa que vai jogar 8 jogos 8 este mês devia meter os putos. Digo eu. Resta o vago gozo de ganhar ao Oliveira de Azemeis. E quem é o Presidente da câmara lá do sítio, quem é?

Não tenham medo!

Não tenham medo! Ouvi esta frase da boca de João Paulo ll e fiquei impressionado, havia qualquer coisa que só ele sabia, e esta emoção que me transmitiu, não a coloquei em dúvida. Soube-me bem, apaziguou-me.

Mas que pensar desta coisa extraordinária que é sabermos que quer a Irlanda, quer a Grécia, souberam que estavam na bancarrota pelo Financial Times? E isto em dois países em que a democracia está instalada, onde a comunicação social deveria ser livre, onde os governos deveriam falar verdade .

Na comunicação do Presidente da República os perigos apontados, a situação caracterizada, é de tal forma diferente da apresentada pelo governo, que um deles está a mentir. O que temos certo é que há instituições internacionais que nos andam a avisar, sabemos que há a velha máxima : “se há alguma coisa que possa correr mal, corre mesmo ” , há mesmo quem desconfie que ainda há grandes “buracos negros” não descobertos, que 2010 será um manancial de más notícias…

E agora ? Tenho medo ou não?

E se tiver medo faço o quê? O governo anda a anunciar o fim da crise desde o dia em que ela começou, os partidos da oposição estão à espera que tudo corra mal para então, conversarem com o PS, sem Sócrates. E nós, lemos o Financial Times?

Não sai aí mais um “escândalo socrático” para que possamos ter direito à verdade? O homem ía à vida e nós podíamos dormir descansados!

Uma cantiga de assobiar num andar qualquer

Clã: sexto andar

Uma canção passou no rádio
E quando o seu sentido
Se parecia apagar
Nos ponteiros do relógio
Encontrou num sexto andar
Alguém que julgou
Que era para si
Em particular
Que a canção estava a falar

E quando a canção morreu
Na frágil onda do ar
Ninguém soube o que ela deu
O que ninguém
estava lá para dar

Um sopro um calafrio
Raio de sol num refrão
Um nexo enchendo o vazio
Tudo isso veio
Numa simples canção

Uma canção passou no rádio
Habitou um sexto andar

E o Irão, como poderá evoluir?

Não são só os aguerridos movimentos de oposição democrática que representam uma ameaça para o regime, os movimentos separatistas de regiões multi-étnicas, Curdos, balúchis,Azerbaijanas e Árabes que constituem 44% da população do país, dominado pelos Persas, são uma ameaça maior.

Trabalhando em conjunto, movimento democrático e movimentos separatistas poderão constituir uma alternativa muito séria, mas que até agora têm sido dominados pelas elites religiosas, militares e comerciais Persas que  têm negado o apoio às exigências das minorias.

Um dos objecticos é a autonomia regional sob a Constituição existente, outro é uma confederação de estados e, por último, a independência. São estes movimentos separatistas que os US estão a alimentar com armas e dinheiro “os americanos estão ocupados a construir uma conspiração.”

O pano de fundo desta situação é um regime totalitário, dominado pelos extremistas religiosos e com um plano militar nuclear de que todos têm medo. Se os movimentos de oposição interna mantiverem a pressão, organizando-se e juntando-se, é muito possível que se abra uma janela de oportunidade que leve Israel e os US a atacarem e destruírem as zonas de  desenvolvimento nuclear. Isto seria o fim do regime!

A repressão parece ser o único caminho que resta ao regime para sobreviver, já que a negociação é praticamente impossível e a revolução vai intensificar-se o que poderá levar a um estado de “rebelião generalizada.”

PS: Selig S.Harrison no i

Concurso: as escutas Vara/Sócrates feitas por vocês mesmos

escutas2Lançámos o desafio, e os nossos leitores corresponderam. Nos próximos dias iniciaremos a publicação dos textos que nos chegaram. De acordo com a regras do concurso, o vencedor será conhecido no final pelo método de adjudicação directa. Como é sabido este método ainda permite a entrada de concorrentes fora do prazo, caso alguém se sinta tardiamente inspirado.

Não perca as revelações, os segredos, os dramas, o pavor, e ria-se à vontade.

O Acordo Ortográfico discute-se aqui

acordo_ortograficoDizem que entrou ontem em vigor, mas nem parece. Apenas um jornal e a Agência Lusa afirmam começar desde já a utilizá-lo.

Discutido ao longo dos anos pelos profissionais do ramo, abrimos a porta para que avente a sua opinião, nós iremos deixando aqui a nossa.

Ao longo dos próximos dias os aventadores  explicarão se aderem, e porque o fazem.

Tentaremos igualmente deixar sugestões de páginas na net que possam ser úteis a quem queira escrever de acordo com as novas regras, e não sabe como fazê-lo.

Pode participar através de comentários, ou deixando a sua opinião no sítio do costume.

Todos os textos serão publicados, desde que respeitem as regras da casa, é claro.

Vinhas-me ao pau!

Uma festa minhota de família, dificilmente não tem no seu programa uma sueca. Refiro-me, obviamente, ao jogo de cartas.

Trata-se de uma prática desportiva altamente sofisticada, contando, inclusive, com sinais codificados para que os parceiros troquem informações durante o jogo sem que se quebre a regra de que não se fala durante a partida.

O melhor de tudo, são os comentários no fim de cada jogo, quer entre os jogadores quer entre a assistência que vai circundando a mesa de jogo e fazendo comentários em surdina. Tais comentários em cada final de partida quase sempre se reportam ao modo como determinada jogada foi feita e como deveria ter sido, as más opções de um jogador ou de parceiros e qual seria a opção certa.

É neste momento que se assiste às mais bizarras afirmações e conversas, do género:

“- Vinhas-me ao pau! Eu baldava a copa no teu pau e ficava ao corte.”

“- Se ele vinha ao pau eu cortava-lho, que eu estou seco.”

“- Metias o pau na copa, e ficavas ao corte.”

Ver chefes de família a ter conversas deste tipo, ainda para mais em ambiente familiar, onde muitas vezes o diálogo é entabulado entre pais e filhos, fez-me sempre alguma confusão. Fui-me habituando a estas coisas, mas, confesso, que ainda hoje acho um pouco estranho. E esta passagem de ano, passada com família e amigos, não foi excepção.

O meu primeiro quadro de 2010

                          (adão cruz)

(adão cruz)

Este é o meu primeiro quadro de 2010. Já não pintava há un meses, depois da minha última exposição. Dedico-o ao amigo Luis Moreira, que não indo muito à minha “liturgia” de pensamento, é, tanto quanto me parece, um ser humano de excelência.
Quando escrevemos um poema ou pintamos um quadro, fazêmo-lo, convencidos de que vai nascer uma obra-prima. Não nasce, nunca nasce a obra-prima que sonhamos. Da próxima vez, sim, chegaremos à obra-prima. Mas a próxima vez nunca é a vez da obra-prima. Há-de ser outra, provavelmente aquela que fica para lá do pensamento.
O quadro mais lindo da minha vida ainda não nasceu. O poema mais lindo da minha vida ainda não nasceu. Eles estão dentro de mim mas não têm asas nem olhos nem sentimento.
Vagueiam no deserto entre as dunas e o sol como um grão de areia ao sabor do vento.
Ninguém os conhece, nem eu, amputados e ateus, assilabados na amargura, escondidos na sombra da ternura que passa ao lado, sem olhos, nem asas nem sentimento.
Que os leve o vento para além do deserto. Que me reste a saudade de por aqui terem passado tão perto.

Uma gaveta que seja sua

Ko Sasaki (The New York Times)

Recorda os ambientes angustiantes de alguma ficção científica. Homens que vagueiam como zombies, num cenário pós-moderno. Um antigo hotel que se vai transformando em edifício de habitação. Pequenas celas, todas iguais, com as mesmas comodidades: uma luz, uma televisão pequena com auscultadores, dois cabides de parede, um cobertor fininho, uma almofada dura.

De refúgio de uma noite para homens de negócios que perdiam o comboio para casa depois de beber uns copos a mais, o Capsule Hotel Shinjuku tornou-se na casa permanente de desempregados incapazes de pagar o que custa um apartamento em Tóquio. O aluguer de uma cápsula custa 59 mil ienes, pouco mais de 440 euros. E com este dado, já podem imaginar quanto custará um apartamento com um quarto. [Read more…]

Repor a família tradicional

Repor a família no centro da política social, sem motivos morais, mas porque é a melhor forma de proteger crianças e adultos.

A maior preocupação, não é a forma de relação dos pais, mas a que mais e melhor estabilidade e qualidade der às crianças e aos adolescentes.

E daqui se parte para políticas concretas e que o Estado deve promover: a) apoiar activamente o papel do pai e as responsabilidades partilhadas entre ele e a mãe. b) substituir incentivos fiscais por apoio público à família nos momentos chave c) construir redes de apoio para ajudar adultos e crianças a ultrapassar situações de divórcio ou de rupturas .

É desta forma séria que se discutem os problemas inerentes à família, na velha e democrática Inglaterra. À direita, não se resiste à tentação de se ver na família tradicional e no casamento um superior princípio moral, à esquerda, não se resiste à tentação de desvalorizar em absoluto esta forma de vida.

A verdade é que famílias intactas produzem excelentes resultados no futuro das crianças (quando comparados com os resultados de crianças criadas em outros ambientes) e não interessa se há ou não casamento, o que interessa é que exista família intacta: pai, mãe e filhos.

Não há, nestas propostas, qualquer sentido moralista, mas sim porque é na família tradicional que as crianças e adultos concretizam o seu maior potencial.

PS: ver Martim Avilez Figueiredo no i “Politics for a new generation,the progressive moment” de 2007 e “The progressive manifest” de 2004 -livros de Antony Giddens.

Ópera no Mercado

E se de repente por entre as hortaliças os queijos e as frutas soassem outras vozes que não a dos pregões, outras escalas que não as dos preços, outro tilintar que não o dos trocos, outra verdura, a de Verdi?

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Ópera no Mercado, Flash mob de La Ópera para principiantes onde cheguei por via d’ A Terceira Noite, num contexto de votos para o futuro que também subscrevo.

http://vimeo.com/moogaloop.swf?clip_id=7599850&server=vimeo.com&show_title=0&show_byline=0&show_portrait=1&color=00ADEF&fullscreen=1

Poesia & etc. – Manuel da Fonseca

Esta série que hoje inicio tem um formato diferente das que anteriormente dediquei à poesia – neste espaço vão conviver poetas famosos, poetas populares, poetas menos conhecidos… Não será apenas gente já falecida – em alguns casos falarei de poetas vivos. E, de vez enquando, meterei um poema meu.. Para começar escolhi o Manuel da Fonseca, grande poeta e ficcionista.

Falei com Manuel da Fonseca por duas vezes. A primeira, faz hoje (precisamente) 50 anos, foi na noite de 2 de Janeiro de 1960. Como é posso referir com precisão, a data? Porque sei que foi no Inverno de 1960, no dia do aniversário do Mário Henrique Leiria (foi só ver em que dia tinha nascido – 2 de Janeiro de 1923).

Um grupo numeroso – o António José Forte, o Virgílio Martinho, o Saldanha da Gama, o Henrique Tavares e mais alguns de que não me recordo, fomos convidados para a festa de aniversário do Mário Henrique. Quando chegámos à Vivenda Maria Xavier, em Carcavelos, residência do Mário, uma das pessoas que já lá estavam, era o Manuel da Fonseca. [Read more…]

Apontamentos de Inverno (8)

Arcos de Valdevez

(Rio Vez, Arcos de Valdevez (4))

Ano novo, situação explosiva nova

Podemos estar a caminhar para uma situação explosiva”, disse o sr. Silva.

É sempre mais fácil prever o fim dos outros que foi ter pensado a tempo no seu.

Ou terá tido a intuição de perceber que o desemprego pode levar a uma revolta contra o sistema de governar a dois, por vezes com a ajuda de um terceiro?

Procurar imagens

Depois de o Bing ter aparecido com algumas novidades na forma de pesquisar imagens (permitindo a busca por imagens semelhantes a uma que escolhemos), o Google, que respondeu primeiro usando uma técnica semelhante, está a testar um brinquedo no mínimo engraçado, por onde dei um agradável passeio. Experimentem o Image Swirl.

E já agora, se tem uma imagem no seu computador e quer encontrar outras semelhantes (como por exemplo a original), tem o GazoPa à sua disposição.

Orthographia ou Ortografia?

Já no século XVIII não havia acordo, ou mesmo acôrdo.

ORTHOGRAPHIA , f.f. arte , que enfina a reprefentar bem com letras os fons, e as modificações, delles, nas vozes , ou palavras de que ufamos. § A arte do defenho; o defenho feito, § Perfil, t. de Fortif.

ORTOGRAFIA, f.f. João de Barros na fua Grammatica diz que affim devemos efcrever efta palavra , não objtante pedir a etymologia qüe fe efcreva orthographia, porque havemos de efcrever como pronunciamos, veja-fe o Difcurfo da Lingua Portuguesa de Severim porque na ultima edição da Grammatica de Barros p. 184 linha 23. erradamente fe imprimiu Orthographia.


Diccionario da lingua portugueza composto pelo padre D. Rafael Bluteau, reformado, e accrescentado por Antonio de Moraes Silva natural do Rio de Janeiro, 1789