Irakafeganiémen

 

Irakafeganiémen, a paradisíaca trilogia dos bons e dos justos

Um velho clínico da aldeia, meu amigo, dizia-me:”antes quero que me considerem mil vezes tolo, do que uma só vez burro”. De facto é deprimente a gente sentir que algumas pessoas tentam comer as papas na nossa cabeça, considerando-nos lorpas, e rindo-se ainda por cima.

Eu li que a CIA começara há cerca de um ano a treinar comandos iemenitas, e li que o conselheiro antiterrorista John Brennan, durante as férias de Obama no Hawai, lhe transmitiu que o general Petraeus, comandante das forças americanas no Iraque e Afeganistão, tinha tido um encontro muito “produtivo” com o presidente do Iémen.

Eu li que a CIA começou há cerca de uma ano a treinar comandos iemenitas, e que Brennan e Patraeus se deslocaram várias vezes ao Iémen desde o verão.

Eu li que a ajuda militar dos EUA ao governo do Iémen era em 2006 de 4,6 milhões de dólares e em 2010 vais ser de 190 milhões.

De acordo com Sebastian Gorka, perito norte-americano em operações especiais citado pela CBS, as operações militares terrestres de 17 e 24 de Dezembro, e o bombardeamento com mísseis, foram executadas pelos EUA, com o apoio do governo iemenita.

Entretanto, um argelino, homem solitário vindo do deserto e do interior do Iémen, vence a sofisticada tecnologia da maior potência mundial e engana os serviços secretos mais poderosos do mundo, enfiando-se num avião, em pleno dia de Natal, com explosivos agarrados às cuecas, e que não explodem.

A CIA sabe tudo quando lhe interessa, mas “falha” nos momentos “apropriados”. Eu li que A CIA já estava informada do plano através da embaixada dos EU no Iémen e já tinha previamente a identidade e o curriculum do indivíduo, os quais foram divulgados imediatamente a seguir à tentativa de atentado.

O Sr. Obama, Prémio Nobel da paz, e a Sra. Clinton que para lá caminha, continuam nos bastidores a cozinhar o mesmo prato de sempre, mil vezes cozinhado pelo seu antecessor, e já com cheiro a esturro: a “luta contra o terrorismo”. Claro que lhe vão acrescentando mais uns condimentos, para enganar as papilas gustativas das bocas do mundo.

A Sra. Clinton considera que a instabilidade no Iémen é uma ameaça regional e global. Obama diz aquilo que Bush dissera milhentas vezes, que não vergará e que os responsáveis, “estejam onde estiverem”, serão apanhados e castigados. O britânico Sr. Gordon Brown (nova versão blairiana?) está preocupado com o combate ao terrorismo no Iémen. O Sr. Amado (nova versão duraniana?), acha que a União Europeia tem de se perfilar numa estratégia comum, isto é, cumprir as ordens do dono.

O que mais me entristece é que todos nós estamos debruçados na janela a ver o que se passa na rua, mas persistimos em assobiar e em olhar para o ar, e ver depois o assalto e a invasão na TV, saboreando uma cerveja fresquinha.

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Adão, se lhe somares a Somália tens “o ninho da serpente” !

  2. Correctíssimo, Luis

  3. maria monteiro says:

    pois é tempo do mundo fazer uma “vaquinha” para acabar com o “ninho da serpente”

  4. Ai Maria, Maria, nessa “vaquinha” não acredito eu. O mundo está surdo, cego e mudo e isso é uma razão, que me leva a considerear-me aquilo que nunca fui: irrecuperável pessimista. Para compensar a má sensação, recolho-me no meu neuronal gueto, e dou comigo a congeminar, numa altura em que a ciência da evolução está em todas as cabeças, que a humanidade se está a dividir em dois ramos divergentes: o ramo do Homo Sapiens Serius e o ramo do Homo Sapiens larapius. Esperemos que, apesar do pequeno número de indivíduos, pertençamos ao primeiro ramo. Daqui por mais ou menos um milhão de anos, vamos ver no que isto deu.

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