A Neve em Portugal…e os tomates do Ministro

É nestes momentos que me torno crente. Foi mão divina, estou certo, que nos deu a alegria de ver um Ministro da Nação, ou seja, um alto administrador do Terreiro do Paço, literalmente preso numa das nossas auto-estradas do interior por causa da neve. Deus seja louvado!

Ao contrário do que pensam os senhores de Lisboa, a neve não é um fenómeno raro nas seguintes auto-estradas: A7, IP4, A24, A25. A estas podem somar todo um vasto conjunto de estradas nacionais e municipais nas zonas do Gerês, Alvão, Marão, Serra da Estrela, entre outras. O único fenómeno estranho é o corte das auto-estradas mal caem os primeiros flocos. Repito, flocos. Um fenómeno português. Mas para que não se pense que estou a falar de cor, aqui vai um exemplo: a auto-estrada galega denominada de Auto Pista das Rias Baixas. Todos os anos, ou quase, na zona de Puebla de Sanabria, os nevões (daqueles a sério) sucedem-se. A auto-estrada raramente é fechada por um motivo simples: existem cerca de 8 camiões limpa-neve, uma força policial devidamente equipada e uma consciência clara da necessidade de ter meios para combater o fenómeno, tão típico das zonas interiores do Norte e Centro da península ibérica.

E nós? Somos uma vergonha cujo exemplo máximo se chama Serra da Estrela. Ao primeiro nevão: acesso à torre fechado. É por isso que já dei para esse peditório e sempre que quero passar uns dias na neve fujo da Serra da Estrela como o diabo da cruz. O amadorismo é de tal ordem que só os crentes acreditam em passar férias de neve em tal inferno. Quando vejo os autarcas da região falarem na aposta no turismo de neve na Serra da Estrela riu a bom rir. Como? Sem meios de limpeza das estradas? Sem forças policiais devidamente equipadas e preparadas? Só em sonhos.

Todos os meses utilizo a IP4, a N101 e a A24, todos os anos (ou quase) por esta altura (ou por alturas do Natal e do Carnaval) existe a forte possibilidade de nevar. Felizmente utilizo um veículo com tracção às quatro rodas, dos a sério (baratos, feios e maus) não os da moda (os SUV cuja maioria nem tracção às quatro quanto mais redutoras) e por isso lá vou circulando mas sabem uma coisa? Tenho reparado que, tirando um velho e vetusto limpa-neve na IP4, nunca vi os chamados meios de limpeza de neve. Nem cheiro nem rasto. Uma vergonha.

Mas agora que o Senhor Ministro e a sua comitiva ficaram retidos na auto-estrada por causa da neve, certamente com os tomates regelados, pode ser que se dignem a obrigar as concessionárias a investir em meios de limpeza e se acabe de vez com esta pouca vergonha. Só peço ao divino que não se esqueça de nós, meros utentes, e faça gelar todas as partes pudicas do ilustre representante da Nação e respectiva comitiva. A bem da Nação.

Portugal no seu melhor.

Comments

  1. maria monteiro says:

    para a próxima levam um camião limpa-neves para uso exclusivo da comitiva…

  2. Luis Moreira says:

    Espero mesmo que o sôr ministro aprenda e não ande a passear com o carro oficial ao Domingo.

  3. Fernando Moreira de Sá says:

    Maria, não lhes dês ideias, eheheheheh

  4. Será por causa desse susto dos ministros que me comunicaram há pouco que as actividades lectivas estarão interrompidas na escola onde trabalho 🙂 ?

  5. maria monteiro says:

    Fernando, uma boa ideia mesmo era as campanhas eleitorais serem feitas só na época do inverno… para distribuirem canetas, bonés, beijinhos, abraços… enfim para fazerem o contacto directo com as populações na chamada caça ao voto tinham que levar limpa-neves

  6. maria monteiro says:

    Se as campanhas eleitorais fossem feitas só em época de inverno acabavam-se as estradas cortadas… para se distribuírem bonés, canetas, beijinhos, abraços… enfim para o contacto directo com as populações a chamada caça ao voto, todos tinham que levar limpa-neves…

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