A propósito do novo Acordo Ortográfico, e independentemente de se concordar ou não com o dito, atente-se para algumas mudanças e outras tantas continuidades.
Um “facto” irá continuar a ser um “facto”, tal como o “compacto”, o “convicto”, o “inepto” e o “rapto”. Porque as consoantes “c” e “p” quando pronunciadas, permanecem na palavra. Já quando são mudas, elas desaparecem, e por isso passamos a ter “ação”, “ato”, “batismo”, “adoção”, entre outros.
Quando o “p” desaparece”, porque não pronunciado, e atrás de si vinha um “m”, este passa a “n”, e, assim, teremos “perentório”. Uma vez saída a letra “p”, já não se aplica a famosa regra “antes de “p” ou “b”, escreve-se “m””, e assim lá vem o “n” em substituição.
Os acentos, nos ditongos “oi” ou “ei” da sílaba tónica das palavras graves, desaparecem. Pelo que a “jibóia” e o “intróito” mudam para “jiboia” e “introito”, e o “paranóico” fica como já era: “paranóico”.
Já os acentos agudos usados para distinguir palavras graves homógrafas, desaparecem, e por isso “pára” e “para”, pêlo” e “pelo” escrevem-se da mesma forma: “para” e “pelo”, respectivamente.
Outras coisas mudam, outras continuam.
Em conclusão: o facto é que o que é compacto, convicto ou inepto, não muda. E um rapto continua a ser rapto. Mas muda a acção ação, não importa o acto ato, seja ele baptismo batismo ou adopção adoção. Nisto a regra é peremptória perentória. E se a jibóia jiboia perde o acento, o intróito introito não fica melhor. Quem continua na mesma, e compreende-se, é mesmo o paranóico.
Pelos vistos, nada pára para esta mudança, nem para o bem nem para o mal, seja pelo que for, nem que nos erice o pêlo pelo todo.
Como intróito digo que este é um óptimo texto.
De qualquer forma, mesmo que o acordo não páre, e esse acto seja incontornável, peremptorio e não sumptuoso, iriça-me o pêlo todo, pelo que digo que ainda não estou disposto a aceitá-lo ou a baptizá-lo com qualquer outro nome, e assim não o adoptarei.
Pelo menos enquanto me lembrar!
Abraço
José Magalhães
Em Portugal, “sumptuoso” mantém o “p” porque essa letra é pronunciada entre nós.
Eu, pessoalmente, não antevejo problemas de maior na adoção do acordo ortográfico, acima de tudo porque ele só vem simplificar.
Cumprimentos,
Manuel de Sousa
vai devagar, ao ritmo das pessoas, com um período de adaptação,caro Manuel !
Manuel de sousa, agradeço a correcção. Vou providenciar
Li há pouco tempo uma frase de José Saramago sobre o novo acordo ortográfico. É exactamente assim que me sinto… e… ainda por cima… sou professora de Português…
“- Não vou sentar-me outra vez no banco da escola primária”.
Certamente ele já não terá que se preocupar com isso, mas é algo que me incomoda bastante, as certezas que até então tenho tido transformaram-se em dúvidas. Confesso que agora, sempre que escrevo, tenho receio de “dar pontapés na gramática”…
Boa tarde.
Desde já, acho ridículo o novo acordo ortográfico. Uma coisa é a evolução natural que uma língua, seja ela qual for, tem. Outra, bastante diferente, é alterá-la. Ao estarmos a “abrasileirar” a língua portuguesa (europeia), que, por sua vez, é a original, estaremos a adaptar a língua que foi adaptada por outros, ou seja, estaremos a usar basicamente o português do Brasil, desrespeitando a nossa língua e a nossa cultura.
Sem mais nada a acrescentar,
Carolina Mora.
Gostava que me conseguissem explicar em que é que o acordo ortográfico vai “abrasileirar” a língua. Só porque aplica a supressão total às “consoantes mudas” que já tinha sido feita parcialmente em Portugal (escripta, inscripção, assumpto, respectivamente por escrita, inscrição e assunto, só para mencionar alguns casos), embora totalmente no Brasil? A meu ver, nada mais se fez que a extensão a todos os casos onde essas consoantes efectivamente não se pronunciam…
Não vejo simplificação alguma num “acordo” que permite 32 grafias para engenharia-electrocténica…
O que há é amputações determinadas pela Academia Brasileira de Letras e o afastamento das línguas dos países cultos, onde não ocorreu nada de semelhante. Parece que o inglês, o francês ou o alemão não evoluem! Coitadinhos!
Isso que está a dizer é um completo exagero e simplesmente não é verdade. Para além do mais, a norma com que você escreve foi estabelecida da mesma forma que esta nova. E há vários exemplos de várias línguas às quais foram feitas reformas na ortografia. Por exemplo, alemão(!), holandês, italiano, espanhol, para falar só nalgumas. É que há quem se esqueça que a ortografia duma língua é puramente uma convenção…
«O que há são», não «é» como ficou escrito.
Tem razão, Maria dos Anjos Rosa. Definitivamente, José Saramago não tem de se preocupar com isso.
Eu muito sinceramente acho o novo acordo ortográfico uma autêntica palhaçada, lamento o termo “palhaçada”, mas é aquilo que acho.
Vai ser muito complicado adaptar-mo-nos a estas novas grafias, o pára e para ou o pêlo e pelo, estas coisas são tão estúpidas que até dói! Já agora o “dói” vai passar a ser doi?!
O problema do acordo ortográfico,está na interpretação da escrita.
ex.
primeiro ato. A que me refiro. Primeiro ato forma do verbo atar,ou primeiro ato de teatro.
Por este motivo,não mexam muito na lingua portuguesa.
Ato é uma coisa acto é outra.
Acordo ortográfico para 2034 .
oi tudo bem qui vai faze oje voce na qe passa natau com eu numa boa si na pude na fa mau
Espero que tenham gostado destabrincadeira!
A todos os meus sinceros cumprimentos .
Não alinho nem alinharei com o acordo. Vou ser apenas um mero ESPETADOR.
Ficarmos “espetadores” de tão grande trapalhada! Que se acabe o “ato” desta comédia e cada cultura preserve a sua identidade e cultura…haja em vista, Assim que haja infantários e “educandários” como vi escrito no nosso País irmão)sem atropelos de ninguém!