Bardamerda

“Mas uma alternativa ao «socialismo» errático e sem alma de Sócrates terá a esquerda democrática e participativa, e só ela, de encontrá-la, pois é esta que está em condições de manter e de ampliar – perdoem o cliché – a tradição da liberdade. A alternativa a uma governança arrogante e sem desígnio jamais sairá das petições online e do bruá tudo-em-um daqueles, gregos ou/e troianos, que, pelas culturas políticas das quais emergem, dessa liberdade apenas retêm uma perspectiva instrumental. Sendo dela até, chegada a altura, os piores inimigos”.

Existe uma certa esquerda, autoritária, nascida nas escolas dos kolkozes e sovkhozes desta e doutra vida, que se julga dona e senhora dos princípios mais elementares da Liberdade, uma estranha noção de Liberdade por exclusão de partes. A mesma esquerda que enaltece hoje Fidel e Chávez como ontem gritava a plenos pulmões por Estaline ou Lenine.

Existe uma certa direita, autoritária, nascida à imagem e semelhança dos irmãos defensores de Mussolini e que viveu de mão dada com o Estado Novo e que se julga, quiçá por bênção divina, dona e senhora da razão. A mesma direita que…ups, já não há exemplos na actualidade que se possam comparar com os tristes espécimes do passado.

Aquela esquerda e esta direita apenas diferem no rótulo, quanto ao mais são uma e a mesma coisa. É por isso que quando leio textos como aquele que linkei no início deste post fico espantado. Pelo absurdo, pela falta de vergonha na cara. Pelo resvalar para o insulto e é insultado que me sinto ao ler esse texto, de uma certa esquerda, a mesma que referi anteriormente, igualzinha àquela outro direita referida. Que me insulta quando generaliza. Que me insulta quando me confunde. Que me insulta quando me julga sem me conhecer. Que me insulta.

Ora, não sei ser de outra maneira. Quando insultado, respondo da mesma forma. Vão bardamerda mais as vossas teorias a preto e branco, mais os vossos tiques do “nós somos os bons, eles são os maus; nós somos os garantes da Liberdade, eles são os fascistas”.

O nazismo começou por muito menos…

Comments

  1. Luis Moreira says:

    São iguais. Querem a liberdade se controlada por eles…

  2. Iscas says:

    Nem mais

  3. Joao A. says:

    Faço coro com v., Moreira de Sá: Rui Bebiano, Daniel Oliveira, bardamerda!

  4. Carlos Loures says:

    É uma visão redutora da esquerda. Porque há, sempre houve, uma esquerda anti-ditatorial que se opõs a Estaline, a Mao, a Enver Hodja, a Tito e a todos os déspotas que governaram em nome da Liberdade, mas suprimindo-a.
    A questão é – para preservar a Liberdade, muitas vezes é necessário impedir ou controlar as «liberdades», Luís. E defender este princípio básico, segundo o qual não se pode permitir tudo (sob pena de se atingir o caos e a bandalheira ) não pode ofender-te Fernando.

  5. Fernando Moreira de Sá says:

    Não Carlos Loures, não é uma visão redutora da esquerda, apenas falo de UMA esquerda, a que escreve o que linkei. Felizmente, Carlos, existe outras esquerdas, diferentes, defensoras da liberdade e que não a consideram como seu exclusivo património genético. Como existem outras direitas, diferentes, que sempre estiveram ao lado da liberdade e que não se coibiram de andar de braço dado com a esquerda na luta pela liberdade e pelas várias liberdades.

    A direita a que pertenço é a mesma que sente o 25 de Abril, enquanto grande movimento pela Liberdade, como igualmente seu; é a mesma que esteve na linha da frente pela despenalização da IVG; é a mesma que ataca fortemente as derivas totalitárias de uma certa direita que, por preconceito, não quer estrangeiros em Portugal. Em suma, uma direita moderna, na linha de uma esquerda moderna que nada, mas mesmo em nada se assemelha com aquela que linkei.

  6. Carlos Loures says:

    Bem, Fernando, uma direita como essa que descreves como sendo a tua, não pode caracterizar-se como «direita». Todos esses valores que defendes, são defendidos pela «minha» esquerda. Temos de rever os nossos conceitos.

  7. Fernando Moreira de Sá says:

    Carlos: Maldade!

    Apenas citei alguns exemplos. Será discussão/réplica para um post e não um comentário.

  8. Carlos Loures says:

    Pois é. A bondade não tem nada a ver com este tipo de discussões. No entanto, a minha perplexidade é genuína – sem maniqueísmos e sem preconceitos: nunca vi uma direita, por mais moderna que fosse, como essa de que falas. fico disponível para a discussão.

  9. Eu também nunca vi, Carlos. Pode ser que o Fernando esteja a ver o que eu não sou capaz de ver, mas nunca vi uma direita como esta:
    “A direita a que pertenço é a mesma que sente o 25 de Abril, enquanto grande movimento pela Liberdade, como igualmente seu; é a mesma que esteve na linha da frente pela despenalização da IVG; é a mesma que ataca fortemente as derivas totalitárias de uma certa direita que, por preconceito, não quer estrangeiros em Portugal. Em suma, uma direita moderna, na linha de uma esquerda moderna que nada, mas mesmo em nada se assemelha com aquela que linkei”.

    • Luís Moreira says:

      A direita pode ser uma “direita” que acredita na democracia, no mercado e no Estado de direito! Mas que, contrariamente à esquerda, acredita que é no individuo que está motor da sociedade e não no Estado. Afinal, o Carlos e o Adão não chamam direita à social- Democracia europeia, ? Ao sistema que pariu os países mais modernos, justos e ricos desde que o mundo é mundo?

  10. Carlos Loures says:

    Adão, será que nós também somos dessa «direita moderna» e não tínhamos dado por isso?

  11. Carlos Loures says:

    A nomenclatura do espectro político está, em Portugal e não só, errada. A social-democracia, de facto, constitui uma ideologia de esquerda. No entanto, o PSD de Social-Democrata só tem o nome . Do mesmo modo o PS, também não é socialista (talvez, em termos programáticos, pelo menos, seja social-democrata). Os partidos liberais, democratas-cristãos, etc. como o PSD, são um autêntico atraso de vida. A Europa passava bem sem eles. Vamos deixar o Fernando explicar-nos.

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