A Incomodidade dos Blogues

A blogosfera para os ‘velhos do Restelo’ é um espaço de crime, de ignomínias e de toda espécie de ódios e maledicência. Ontem, na edição ‘on-line’ do Jornal de Negócios o artigo ‘Blogue Portugal’, de Leonel Moura, converteu-se em mais um texto esquizofrénico de ataque a blogues e blogueres.

A esquizofrenia do citado escrito, na parte final, também pretende flagelar parte dos jornalistas actuais, aquela que ousa transpor para a comunicação social todo o veneno de que a blogosfera está impregnada. Na palavra de Moura, os blogues são uma rede por onde circula alguma informação dispersa e nem sempre verídica e sobretudo opiniões, amores, compadrios, frustrações, manias, rancores e ódios. Enfim, a tragicomédia no seu esplendor (sic).

Este tipo de argumentos não é inédito. Já ouvira coisas parecidas de algumas figuras ligadas ao jornalismo e à literatura. Trata-se, pois, de posição muito comum de determinadas pessoas que vivem dos jornais e dos livros. Têm o perfil de cinquentenários recentes ou de há certo tempo – curiosamente, diga-se, parte deles são mais jovens do que eu.

Leonel Moura é mais um a fingir não compreender a transformação revolucionária da vida no nosso planeta, com a criação da plataforma Internet, e todas as demais que, com o decorrer do tempos, a utilizam como suporte e/ou lhes estão associadas; e digo fingir, atendendo a que o artigo acaba por revelar o espírito interesseiro do autor.

Com efeito, depois de também desancar nos tais jornalistas maus, os que usam e frequentam o mundo nauseabundo dos blogues, o Sr. Moura sai-se com esta: “…como se explica que apesar desta intensa campanha de insultos e intrigas contra Sócrates e o PS, estes continuem a ganhar eleições e ter boas sondagens?” (sic). Com esta tirada, o homem deixou cair a máscara: o incómodo dos blogues, para ele, corresponde a um sentimento de sofrimento por Sócrates, com Sócrates e só Sócrates.

Da opinião de Leonel Moura, transparece claramente que o ideal dos ideais seria aplicar à comunicação social portuguesa o modelo do amigo Chavez, incluindo a medida de jugular os Blogues. Apenas não se jugulariam os ‘Jugulares’, por mera precaução contra redundâncias.

Comments

  1. Um conselho: quando quiser dizer mal de uma pessoa vá ao Google para ficar com uma ideia de quem é. Não custa nada… e talvez lhe dê ideias para dizer ainda pior, mas não rotundas asneiras.

  2. Carlos Fonseca says:

    Já respondi. Mas repito: critiquei o que está escrito e a partir do que está escrito.
    De resto, como comuniquei por email, só tenho interesse no conhecimento biográfico de quem merece o meu tempo.

  3. Leonel Moura says:

    Muito bem, mas também está escrito “a blogosfera local está cheia de lunáticos. Mas tem também muitas coisas positivas, ideias novas, talentos literários e não só. Por isso é bom que existam. Só o tempo, o uso e o avanço civilizacional poderão melhorar a qualidade geral.” e mais adiante “a liberdade acima de tudo, mesmo acima da democracia.”
    Não vale citar só o que interesse para denegrir.
    E aqui fica o que penso sobre a Internet:
    http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=369304&usuarioWeb=j59k6uupomtphsf3eehftkr9b7

  4. S Maria says:

    Pois é, talvez lhe conviesse ganhar tempo a ler biografias de pessoas notoriamente mais esclarecidas do do que o CF. E ser menoss arrogante.

  5. Luis Moreira says:

    Pois é Leonel, a táctica é sempre a mesma. Empanturram-se com um cozido à portuguesa e depois serve-se o digestivo. Quem lê aquilo, o que sobressai, é que se isto fosse “jugularmente” uma república estava tudo bem. A maioria nem chega à sobremesa, fica por aí…e o Carlos não diz mal de pessoa nenhuma., diz mal do seu texto o que é bem diferente!

  6. Há quem confunda ‘os blogues’ com ‘os blogues sobre política’. Como em tudo na vida, há blogues e bloguers políticos bons, maus, assim-assim e daquele que nem aquecem nem arrefecem. Isto tudo independentemente da ideologia seguida ou professada pelos seus intervenientes.
    E há muitos outros blogues e bloguers não políticos que fazem a riqueza da internet.
    Já o disse e repito: para mim, acima de tudo, são espaços de partilha e liberdade. A vantagem é que só lemos o que queremos.

  7. Carlos Fonseca says:

    À parte da caixa de comentários, já tive a oportunidade de esclarecer posições com o Leonel Moura e creio que o “dossier” ficou encerrado, com dignidade. Nada obriga, a mim ou a ele, a interessar-se pela biografia um do outro; isto nada se relaciona com a preparação cultural e as motivações intelectuais de qualquer de nós.

  8. Ricardo Santos Pinto says:

    Sou suspeito, mas concordo integralmente com o Leonel. Gosto muito dos filmes dele, em particular aquele «Zona J».

  9. Carlos Fonseca says:

    Ricardo, o “conflito” entre mim e o Leonel ficou sanado. Sou capaz de ser humilde, a ponto de reconhecer os meus erros. Mas o que estava em causa era o conteúdo de determinado artigo de jornal e não a obra dele.

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