Secção das Canavilhas decepadas


Manuel António Pina refere-se hoje à criação de uma Secção da Tauromaquia no Conselho Nacional de Cultura, decisão da Ministra da Cultura Gabriela Canavilhas ontem publicada em «Diário da República».
Já que, ao que parece, os actos mais bárbaros podem ser considerados actos de cultura, lembrei-me que também seria interessante criar no Conselho Nacional de Cultura uma Secção de Canavilhas decepadas. Cada um tem os seus passsatempos preferidos e ninguém tem nada a ver com isso.
Aqui fica, pois, o meu humilde contributo para uma futura Secção no Conselho Nacional de Cultura.

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Porra, vens com a força toda! mas se calhar, embora haja quem não goste como é o meu caso, a tauromaquia é uma actividade com tradições, pertence à cultura portuguesa e a ministra até pode pensar diferentemente da Dra Canavilhas.

  2. Ora aí está finalmente um comentário sensato! É curioso como alguém que nunca na vida foi a uma corrida de toiros seja agora considerada quase como uma assassina. Quer se goste ou não, faz parte das tradições profundas e identitárias do povo português e é portanto obrigação da Ministra reconhecê-lo. Aliás, a secção criada não é mais do que chamar todos os representantes dessa actividade a pronunciarem-se sobre as regras já existentes. Não altera nada do que já existe.

    • Ricardo Santos Pinto says:

      Cito Manuel António Pina: «Só nos faltava esta: uma ministra da Cultura para quem divertir-se com o sofrimento e morte de animais é… cultura. Anote-se o seu nome, porque ele ficará nos anais das costas largas que a “cultura” tinha no século XXI em Portugal: Gabriela Canavilhas. É esse o nome que assina o ominoso despacho publicado ontem no DR criando uma “Secção de Tauromaquia” no Conselho Nacional de Cultura. Ninguém se espante se, a seguir, vier uma “Secção de Lutas de Cães” ou mesmo, quem sabe?, uma de “Mutilação Genital Feminina”, outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que “dignificar”.

      O património arquitectónico cai aos bocados? A ministra foi ali ao lado “dignificar” as touradas. O património arqueológico degrada-se? Chove nos museus, não há pessoal, visitantes ainda menos? O teatro, o cinema, a dança, morrem à míngua? Os jovens não lêem? As artes estiolam? A ministra foi aos touros e grita “olés” e pede orelhas e sangue no Campo Pequeno. Diz-se que Canavilhas toca piano. Provavelmente também fala Francês. E houve quem tenha julgado que isso basta para se ser ministro da Cultura…»

      • Luís Moreira says:

        Nisso tens razão. O estado em que está o nosso património é uma vergonha nacional.

  3. Adão Cruz says:

    Tens toda a razão Ricardo. Há tradições, como aquelas que apontas, lutas de cães, lutas de galos, pena de morte, mutilação genital, bruxaria, que constituem uma vergonha do passado. Sejamos sensatos. Tocar piano e falar francês há muito quem.

  4. Iscas says:

    caro professor Ricardo, também o casamento era tradição e passou a ser um regabofe. Na tourada como na vida há que retirar a gordura ao bife mas só depois de matar o touro. E quem mata o touro? Ah…morre de velho.

  5. O Sr Pinto cita o Sr Pina?
    Ninguém se espante se, a seguir, vier uma “Secção de Lutas de Cães” ou mesmo, quem sabe?, uma de “Mutilação Genital Feminina”, outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que “dignificar”.
    É sério dizer isto? Ou o que vem a seguir? Vale tudo? Somos nós mentecaptos?
    Valha-os Deus…
    Não é bom citar parvoices, mais vale pensarmos e julgarmos pela nossa cabeça.

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