Três mulheres francesas , unidas, do Partido Socialista Francês , Europa Ecologia, e Frente de Esquerda, comunista, ganharam em França as ultimas eleições regionais deixando a aura do Presidente Sarkozy em crise,e a esfumar-se.Foi a maior derrota eleitoral da direita, desde a ultima guerra mundial,e foi lhe infligida por três mulheres.
Os analistas apontam inúmeras razões ,mas algumas dos temas que lá se colocam ,também se põem em Portugal.
Para Martine Aubry ,lider do P.S , vencedora, “os franceses rejeitaram a politica de Sarkozy,que premeia com isenções fiscais,os que mais têm, protege bancos e banqueiros,e pôs em perigo a Escola Pública , e o generoso Sistema de Saúde nacional francês.
Para o Presidente Sarkozy a culpa é sobretudo, da crise internacional,bate forte em França ,provocando um enorme desemprego,como cá, com que tem dificuldade em lidar.
Claro que todos sabem que as regionais não são sobreponíveis às presidenciais,mas são um indicativo, tal como aqui são as eleições autarquicas,embora mais personalizadas.Contudo , em França já estão todos de olhos postos nas outras,e a preparar as estratégias e alianças para daqui a dois anos.
Por isso Martine Aubry,promete unidade à esquerda e consolidação da vitória ,enquanto Sarkozy vendo se acossado,remodela o Governo,mas percebe-se que já nao está com o mesmo ímpeto de outrora .
Para os franceses as suas férias performativas ,com cheiros de corrupção dos amigos ,os fatos de marcas caras ,misturados com reformas mal preparadas e pior explicadas,num estilo errático e egocêntrico,traduziram-se na abstençao maciça do seu eleitorado tradicional,e um consequente avanço da nova esquerda em todo o território,salvo na Alsácia, tradicional feudo da direita, espécie de Cavaquistao de lá.
Par os analistas internacionais a “magia Sarkozy está a desaparecer”, e os eleitores agora, afastam-se cada vez mais dos seus governantes.
O debate sobre a identidade nacional dos franceses,e do véu pouco ajudou, por mal conduzido, salvo à extrema direita de Le Pen, que ,subitamente, reforçou o seu score, até aos 11%,o que lhe permitiu cantar vitória ,quando muitos já vaticinavam o seu desaparecimento.
Para o “Guardian” foram sobretudo as alianças bem forjadas à esquerda ,chegando mesmo à extrema esquerda dos comunistas, que fez a direita fraccionar-se ,e o seu centro cair em flecha.(Note-se que o recém formado partido Anti-Capitalista, de Jean Besancenot , uma versao BE francesa, não parece ter tido expressão eleitoral)..
Sarkozy tentando mudar o sentido do tiro, fez uma remodelaçao talvez tardia , face à sua impopularidade e descrédito para prosseguir reformas, a caso da nomeação do filho de 23 anos para um alto cargo governamental trouxe lhe descredito acrescido,para as refomas necessárias , pedidas por economistas,e esperadas até pelo Povo.
Mas quando ele tentou subir as idades das reformas e baixar as contribuições sociais,receitas de Bruxelas, desacreditou-se ainda mais ,ouvindo críticas que inclusivé, vieram do interior do seu partido.
Daqui podemos tirar ilações ,para o que se passa em Portugal.
1-Algumas reformas que os governantes pretendem fazer em França,tal como cá ,só afastam deles os eleitores,e até põem até em causa a credibilidade do Estado,no nosso caso atraiçoa o 25 Abril ,ao obedecerem cegamente aos ditames de Bruxelas,onde a continuidade neo liberal ,que foi fautora da crise, é ainda a regra pouco imaginosa
2-Noto que os franceses ja estão de olhos postos no evento maior que é a eleição presidencial, daqui a 2 anos,enquanto entre nós ainda não ha uma estratégia,e ja estamos a menos de um ano desse evento crucial.Quem a tem é o Presidente Cavaco!
3-Sublinho que tirar direitos aos mais carenciados, sem tocar nos poderosos, nos seu paraísos fiscais,nos ganhos milionários de alguns poucos funcionários de empresas do Estado, a falta de tranparencia nas suas nomeçoes e a “economia de casino”, provocam a indignação da “maioria silenciosa “,que se se afasta da Democracia e do voto.
4-Reforço , a esquerda francesa ,ao contrário da portuguesa, tem mais sentido de responsabilidades,perante as dificuldades que o país atravessa,pondo de lado diferenças, e acentuando convergências,o que se transformou numa mais valia vencedora.
Os nossos políticos estão distraídos perante o conjuntural, e só Manuel Alegre parece ter percebido o que estava em jogo, centrando-se no PEC. Levantou a sua voz para dizer algumas coisas que eram importantes serem ouvidas,particularmente da parte do Governo,denunciado também a politica colonialista de Bruxelas,e a curva à direita do Partido Socialista .
Mas receio que Alegre se torne numa moeda de troca.
Assim, o PS prossegue com o PEC, e, entretanto, apoia Alegre para a esquerda presidencial,onde, se vencer ,de facto , também não tem verdadeiro poder para inflectir as políticas .
António Serzedelo
Fico feliz pela subida da FN.