Centenário da república: a melhor vista, no alto do Parque

Não existiu qualquer profanação ou ofensa de nenhum dos símbolos históricos de Portugal, passados ou presentes. Num mastro deixado ao abandono desde Novembro de 2009, alguns fizeram brilhar ao sol, cores que ali não se viam há quase cem anos. O local tem sido profanado, isso sim, pela omnipresença de uma entidade bancária que fazendo publicidade, pretensamente oferece uma árvore de Natal aos lisboetas. No local panoramicamente mais conhecido da capital.
Para quem tenha qualquer dúvida, aqui está a prova, sem truques de perspectiva, photoshop ou outras habilidades do género. Alguns órgãos de comunicação social de “referência”, já iniciaram a campanha de desinformação, dizendo terem os “Carbonaros” substituído um certo – e respeitável – símbolo inestético e de má memória de um péssimo século, pela bandeira azul e branca.

Como sempre, mentem. A novidade é uma não-notícia, porque totalmente falsa!!

Nos sectores da blogosfera políticamente bem instalada na vida, a resposta obedece previsivelmente ao cânone clássico, preferindo-se desprezar a ousadia e invectivando os monárquicos de patuscos! São tão conservadores e elitistas, são reverentes ao poder, caquéticos, imobilistas e agarram-se ferozmente aos capitosos privilégios de casta! É o eterno argumento dos vencidos reduzidos à defensiva e incapazes de sequer colarem um cartaz, coisa que a passada juventude jamais lhes proporcionou. Sempre tiveram quem o fizesse por eles, a troco de metal sonante. No fundo, fica-lhes tão bem.

Não sabem o que é ser irreverente, com respeito por aquilo que deve ser respeitado.
Pois eu rio-me e muito.

Comments

  1. maria monteiro says:

    há por aí um sapato….

  2. maria monteiro says:

    Oh senhores polícias onde andavam? Será que Já estão todos a caminho de Fátima, do futebol? Ou estão nalgum bairro problemático? … Prendam os PAIS destes meninos… obriguem-nos a fazer serviço cívico… afinal em que escola é que esta gente anda/andou? em que bairros moram?

  3. O mastro estava vazio há que tempos! Fizeram muito bem. Pelo que me disseram, os dois policias que lá estavam até esfregavam a mãos de contentes. Pois é assim mesmo. Habituem-se.

    Já agora, não foram meninos. Muito pelo contrário.

  4. maria monteiro says:

    talvez possam ver as primeiras, segundas, terceiras habitações ocupadas… afinal também estão vazias há que tempos

  5. Se os monárquicos não respeitam as instituições republicanas, não merecem ser respeitados. Uma coisa é a democracia, outra a garotice irresponsável (tenham a idade que tiverem os energúmenos) de quem abusa da permissividade do Estado para cometer faltas de respeito à bandeira do seu país. São cobardes que insultam porque sabem que nada lhes acontece. Experimentem no estado espanhol içar a tricolor republicana.

  6. A bandeira nacional foi retirada no Natal para dar lugar à gigantesca Árvore que já nos habituamos a ver no Parque Eduardo VII, uma vez que o Terreiro do Passo se encontra em obras por tempo indeterminado. Ora até à data, e o Natal já foi há alguns meses, a bandeira nacional ainda não tinha sido novamente hasteada, o que, a meu ver, faz com que o grupo de acção Carbonara – Movimento Monárquico para as Massas não tenha desrespeitado nenhum símbolo nacional, dado que este não se encontrava lá.
    “Vestir” um mastro que se encontrava “nu” há bastantes meses não se pode, de todo, comparar ao acto de vandalismo tamanho que é ocupar propriedade privada alheia, e minha senhora, a bandeira monárquica é um símbolo nacional tão legítimo como a bandeira da República, nem que seja por antiguidade, uma vez que a bandeira monárquica foi a Bandeira Nacional muitos mais anos do que esta verde/rubro Carbonária inspired.

  7. Agildo says:

    Quando o nosso putativo Rei casou-se (faz 15 anos em Maio, não sei se vão dependurar alguma coisa em algum poste) , a República mostrou muita elegância em tornar tal cerimónia num autêntico evento de Estado (D. Duarte foi sempre tratado por Sua Alteza Real), e até estudantes representantes das academias puseram as capas no chão na passagem dos noivos. O pessoal monárquico podia lembrar-se um pouco disso sempre que abusa da paciência republicana. Por fim acho piada ao termo “verde e rubra” para descreverem a bandeira de Portugal: o medo da palavra vermelho une monárquicos e facholas só que uns usam o rubro e os outros usam o encarnado.

  8. maria monteiro says:

    a paciência republicana tem limites pode ser que quem tanto se diverte se pique nas suas próprias farpas

  9. E, além de tudo, Maria, revelam ignorância. Esse senhor que diz que a bandeira monárquica é mais antiga do que a republicana, perdeu uma excelente ocasião para estar calado – as bandeiras monárquicas forma muitas – por vezes, mudavam de rei para rei e (sempre) em cada dinastia. Nenhuma durou cem anos como a nossa, a tal «verde-rubra» diante da qual, em 5 de Outubro, fugiram como coelhos assustados.

  10. Carla Romualdo says:

    É mais um gesto que se pretende ser transgressor e provocatório, mas que acaba por ser apenas uma graçola inócua e bastante infantil. Deve haver entre os monárquicos quem olhe para isto como algo patético, imagino. Esta coisa de içar a bandeira monárquica onde houver um mastro vazio está a transformar-se em terapia ocupacional para monárquicos desocupados

  11. Ricardo Santos Pinto says:

    Não vejo a acção como algo assim tão grave.
    Outra coisa é a piada que tem: a primeira vez tudo bem, a segunda vez já coemça a ser demais.

  12. As coisas têm, de facto, a gravidade que têm. Esta garotice idiota não é grave, mas revela uma série de deficiências. Para já, irrita.me o facto de dois guardas da PSP terem assistido e até terem achado graça. Deviam ser expulsos da corporação. E depois, os monárquicos que, de uma forma geral (com muito honrosas excepções) foram colaboracionistas relativamente ao Estado Novo, sejam agora tão «audazes» perante a democracia. E, finalmente, irrita-me mais do que tudo a bonomia com que o Governo encara estas coisas. Sabes que, até há três anos atrás, um gesto destes a favor da República na Grã-Bretanha, uma monarquia, dava direito a prisão perpétua? Brandos costumes? Acho que é mais bandalheira.

  13. Nuno Castelo-Branco says:

    Por acaso, Carlos, houve uma que durou mais tempo que qualquer outra. A chamada da “Restauração” que já era anterior a 1640 e manteve-se nos mastros até 1815, quando foi substituída pela de Portugal, Brasil e Algarves.
    Não vejo qual o grande problema, a não ser chamar a atenção para os símbolos históricos de Portugal. Se o regime actual se deixa soçobrar no lodaçal em que mergulhou, então paciência, procure dele sair, se conseguir. Caso contrário, o actual pavilhão nacional juntar-se-á a outros que também o foram.
    Em matéria de colaboracionismo com o estado Novo, basta olharmos para os principais detentores do poder durante o período e verificarmos que os próprios autores do 28 de Maio (Cabeçadas e outro), eram entusiastas do 5 de Outubro. O presidente da Assembleia Nacional, idem, além de ser um notório membro da maçonaria. A simbologia de 1910 foi utilizada até à exaustão por Salazar. lembram-se dos livros da primária?
    Carlos, em Espanha, a tricolor (feíssima, por sinal) da república espanhola, desfila nas mãos de quem as quiser empunhar. Experimente queimar numa rua de Lisboa o retrato do sr. Cavaco e verá se se passará o mesmo que aconteceu em Barcelona, onde tudo ficou pelos protestos platónicos.
    Quanto às ousadias, a democracia serve para isso mesmo, principalmente quando nenhum dos autores da proeza pretende destruí-la. Antes pelo contrário. Ousados foram outros ha muito temo, quando deitaram a mão a todo o tipo de recursos para liquidar um regime constitucional, directamente herdeiro de 1820.

    Quanto ao leitor Agildo, chamo-lhe apenas a atenção para um facto. Quem inventou o termo verde-rubra foram os republicanos de 1911 Teófilo Braga e Columbano – um vira casacas, diga-se – assim a crismaram, enquanto o inefável Junqueiro – que morreu amargurado e arrependido -, dizia que era “uma bandeira de pretos”. Acabei de me lembrar disso e não sei porque razão a Comissão Oficial do Centenário não cita convenientemente os seus heróis, hoje tão natural e politicamente incorrectos. Por mim, chamo-lhe sempre verde e vermelha e às vezes, encarnada. As cores são o que são. Por acaso, a bandeira nazi também é “rubra”. Ou será vermelha?

  14. Bem, Nuno, não vou rebater ponto por ponto o que diz, embora muitos dos pontos sejam rebatíveis – o da duração de cada bandeira, por exemplo – até tenho material recolhido para escrever um post sobre as bandeiras portuguesas. A bandeira monárquica mais duradoura é a que é usada entre 1834 e 1910 (salvo erro, não fui consultar os elementos). Não acho a tricolor republicana tão feia quanto a franquista (mas isso n~eo é susceptível de ser discutido). Etc. O que sobra de importante é a falta de respeito por um símbolo da Nação (feio ou bonito, não é isso que está em causa). Um partido não pode utilizar as atitudes arruaceiras de uma claque de futebol. E isso que contou, dos cívicos a acharem graça a um acto que viola a Constituição ao serviço da qual estão, irritou-me. Mas, volto ao princípio, se querem ser respeitados, têm de respeitar os adversários. É infantil o tique de escreverem República com r e Monarquia com M. São uma minoria, têm o direito de exprimir e defender as vossas ideias e de usar os vossos símbolos nas vossas instalações. E mais nada. É abusivo e feio, fica-vos mal, esta fixação de ocuparem os mastros vazios com as vossas bandeiras. Poderia fazer comparações com o melhor amigo do homem que marca o território urinando em postes e candeeiros, mas não faço. Por enquanto mantenho por vós um respeito que gostaria que fosse merecido.

    • Luís Moreira says:

      Ó Carlos, a ideia é mostrá-la a ela a “azul e branca”. Vocês os dois têm que ir ao quartel do carmo ver a exposição sobre a bandeira nacional. E almoçar ali no largo à sombra de belas árvores.

  15. Nuno Castelo-Branco says:

    Claro, Carlos…. Se vir o tag do post, vem catalogado em Centenário da República e Humor.
    Uma vez mais lhe digo que não foi minimamente desrespeitada a bandeira da República. Simplesmente, não estava lá há meses e meses. Até lhe digo mais: sabe porque razão desistiram de ali hasteá-la?
    Resposta: o mobiliário urbano em referência está em péssimo estado. Os fios e roldanas estão enferrujados e a bandeira – seja ela qual for -, escorrega para a meia haste. Enviem protestos ao dr. Costa.

    De qualquer forma e respeitadora da história como esta gente é, creia que JAMAIS ultrajarão uma bandeira portuguesa, seja ela qual for. Olhe que no 1º de Dezembro de 1910 não foi isso que o PRP fez. Organizou autos-da-fé (uma mania nacional que parece ter ficado) no Rossio e nos Restauradores. Foram queimadas centenas e centenas de antigas bandeiras nacionais de edifícios do Estado, das forças armadas, etc. Mau exemplo.

    Finalizando, se escrevo por vezes República com r pequeno, isso deve-se a mero descuido. Aliás, o mesmo ocorre rotineiramente com a palavra monarquia. Vou ver se tenho mais atenção.

    Abraço e sorria. Não há-de ser nada!

    • Luís Moreira says:

      estamos a viver um momento determinante das nossas vidas, a vitória de PPC nas eleições dos PSD e vocês a discutirem o importante! Nuno, vê lá os meus postes “PSD …” e mete-os no Twitte, facebook e aqueles truques de que és Soberano..eheheh

    • Luís Moreira says:

      O Carlos, quando lhe tocam nas convicções fica pior que estragado, Mas passa-lhe! desconfio que o Carlos já concorda com nós os dois. A bandeira de “sempre” nacional é muito bonita!

  16. Nuno Castelo-Branco says:

    O PPC transcendente nas nossas vidas? LOLOLO! Bem, posso ajudar quanto a links, mas no que respeita ao twitter, embora esteja “inscrito”, nem sequer sei aceder a tal coisa. O Ricardo deve ser um barra!

    • Luís Moreira says:

      Boa, avança com o que sabes. estão a entrar magotes de gente, isto parece uma república…

  17. Luís, a vitória do PPC nas eleições do PPD-PSD interessa-me tanto como a vitória do zé dos anzóis nas eleições do Atlético. Aliás, não percebo esta agitação toda – o que temos nós a ver com isso? Onde está o pluralismo? A bandeira azul e branca não é a de sempre. Morreu. Paz à sua alma. Quanto a este caso da bandeira, Nuno, embora esteja entregue ao Ministério Público, já se está mesmo a ver que ficará em águas de bacalhau e que energúmenos monárquicos e bandalhos agentes policiais se ficarão a rir. É esta maneira de encarar as coisas que me aflige e não a questão simbólica. E deixe-me dizer-lhe uma coisa: vocês vivem no passado – vêm sempre com exemplos de há cem anos. Já sei que houve republicanos ilustres que apoiaram no início a Ditadura Nacional. Até o António Sérgio e o grupo da Seara o fizeram – durante um mês. O almirante Mendes Cabeçadas, vi-o, salvo erro em 1961, percorrer a Rua Augusta, com as numerosas condecorações postas (Torre e Espada incluída), obrigando todos os polícias com que se cruzava a perfilarem-se e a fazer-lhe a continência. Até que um carro da PIDE o recolheu.
    Vocês vivem de lendas, mas o tempo (felizmente) não volta para trás.

    • Luís Moreira says:

      Eu disse que vamos continuavam a discutir as coisas importantes.

  18. Nuno Castelo-Branco says:

    Nem existe quem queira voltar para trás,Carlos. O mundo mudou e não existe quem quer que seja que consiga fazê-lo. Apenas os realizadores ingleses são peritos em reconstituições quase fiéis do passado, não é?
    Quanto à questão do Ministério Público, tem razão. O caso fica em águas de bacalhau, porque nem pode ser de outra maneira. É que todas as bandeiras nacionais antigas, são património histórico da República, que até as faz desfilar no 10 de Junho, publica-as (?) nos livros da escola, etc. Nada de grave. Em Paris, os bateaux-mouche ostentam à descarada as antigas bandeiras de França, azuis com a flor de lis e até a branca pré-1789! A tropa, GNR e PSP batem a continência à de 1640-1815 em toas as cerimónias do 1º de Dezembro, sendo hasteada a par da da República. Parece-me muito bem e mais legítima que aquela coisa azul com estrelas amarelas que está em todo o lado. Não convém exagerar. Imagine se nãos e sabe bem quem ou o quê, usasse das prerrogativas do poder e decidisse decretar proibições? Seria um tiro no pé, dada a actual situação que se vive em Portugal. Lá vinha o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e os próprios Supremos portugueses anulariam a medida. Já agora, ideal, ideal, seria alguém perder a cabeça e banir a família de Bragança para fora das (antigas) fronteiras nacionais. É que pela lei europeia, tal coisa é absolutamente interdita, a menos que Portugal se exclua da UE.

    O Cabeçadas passeava-se com as medalhas? Devia ser engraçado. E como? De uniforme ou de fato e gravata? Naquela altura já devia estar um tanto ou quanto toldado, não? É que 80 anos nos anos sessenta, não são a mesma coisa dos 80 anos de hoje em dia. A minha avó tem 93, insiste em viver só e na sua casa, farta-se de andar a pé, cozinha, vai às compras e toma o comboio para ir a casa dos meus pais ou à Baixa, em Lisboa.

  19. O Mendes Cabeçada, quando ocorreu esta cena, era um velhote. Um polícia de trânsito tinha-lhe chamado «ginja» porque ele, vergado pelo reumatismo, demorou muito tempo a atravessar a passadeira. Logo ali, puxou do cartão e ameaçou o rústico de particpar dele. Não vi, mas parece que o guarda se ajoelhou invocando a mulher e os filhos. O almirante, que parece que era um coração de manteiga, esqueceu. Mas depois resolveu afrontar o regime com as medalhas. Vinha à civil e foi uma cena um pouco dolorosa, porque a par de jovens que, como eu, o saudaram respeitosamente, houve ranhosos que o vaiaram. Até que a PIDE, «discretamente», pôs fim ao incidente. Há quem diga que houve outros oficias generais que fizeram o mesmo, nesse dia. Eu só vi o almirante Cabeçadas.

  20. Nuno Castelo-Branco says:

    Pois é, Carlos. Tem posts para mais uns anos, pelo menos. Esse episódio do Cabeçadas é bastante colorido e é curioso saber que o neto (?) dele foi há pouco tempo chefe de estado maior das forças armadas (ou da marinha) e é almirante. Dinastias…

  21. Talvez... says:

    Com ou sem rei, longa vida ao Reino de Portugal!

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