Aqui jaz um homem mau, há perto de cem anos parido de um resquício de mãe.
O homem mau morreu.
Não berrou nem tossiu, e cinquenta anos depois mijou e respirou.
Vomitou a mãe dez meses de gravidez de toda a gente indecente.
As pontas do corpo mirraram na avalanche de tripas inchadas.
O homem mau morreu.
Fez do ferrado retenção, dizem, para ter o gosto de borrifar as ventas do irmão.
Os olhos escorreram pus que os gatos lamberam e as moscas sugaram quando nasceu.
O homem mau morreu.
Expulso às avessas, o feto imundo deste caixão de há cem anos saiu enforcado no cordão, borrado e roxo, roxo e borrado até mais não.
O homem mau morreu.
O sangue da mãe correu, correu e o leite secou.
Aqui jaz um homem mau, alguém o conheceu?
Dizem vozes, reza a lenda, que a cor que o desfeou e a morte que o matou foi a ideia de ser quem era, e não o que os outros queriam.
É pena se é tão mau que não tivessem feito um aborto com ele ,pois aborto é o projecto da vida desse homem mau… para não esquecer dos casamentos consumados no ânus…
Se me permite o escritor… é mau e nojento esse homem … não acha?