Para onde vai o dinheiro das privatizações? Para manter os erros, os vícios, as mordomias, os desperdícios? Se é, as privatizações são um péssimo negócio, vendemos os anéis e ficamos com os problemas todos, nem um resolvemos.
Mas o dinheiro das privatizações pode ser bem aplicado, e assim, a saída do Estado da economia já pode ser uma coisa boa. Por exemplo, utilizar o dinheiro para baixar a dívida, os juros vão subir, o serviço da dívida é monstruoso, está ao nível do que gastamos no SNS em relação ao PIB, é como ter dezenas de hospitais, pagar vencimentos a milhares de profissionais , ter a despesa de tratar milhões de pessoas, é isso o serviço da dívida anual.
Se esse dinheiro não for sujeito a uma discussão e a uma decisão na Assembleia da República, vai-se evaporar no desperdício, nos mega projectos sem retorno, no TGV, nas autoestradas em duplicado, nas parcerias público.privadas, nos vencimentos milionários…e ficaremos sem empresas e sem dinheiro!
Utilizar esse dinheiro para sanear empresas com potencialidades e fechar as que têm que ser fechadas, pagar indemnizações a quem quizer sair para trabalhar por conta própria, modernizar e apoiar as empresas exportadoras e com tecnologia de ponta. Estão inscritos no Orçamento para o TGV 900 milhões de euros enquanto se vai dizendo que o projecto é para adiar.
Fazer um levantamento sério dos serviços que estão em duplicado, que não têm razão de existir, e terminar com eles. Sem esse trabalho prévio, as privatizações ( com as quais eu concordo) vão servir exclusivamente , para manter os erros que há muito existem.
“Mas o dinheiro das privatizações pode ser bem aplicado”… é verdade Luís, mas a tentação ainda é maior… o bem aplicado lá vai cair no bolso dos de sempre
O melhor seria privatizar apenas o que dá prejuízo. O que dá lucro sempre entra no Orçamento de Estado. Lembro que a Caixa Geral de Depósitos contribuiu com mais de 350 milhões € para o Orçamento este ano, que foi um mau ano para a banca (mau ano, leia-se, ano menos bom).
Mais dinheiro só serve para manter o desperdício…
Então, as privatizações não serviriam para nada. Quem consegue gerir bem o dinheiro das privatizações, também consegue gerir bem os rendimentos das empresas públicas.
A ideia é que o dinheiro das privatizações seja obrigatoriamente aplicado no serviço da dívida…
Também o pode ser o lucro das empresas públicas.
Julgo que pela Lei de Enquadramento Orçamental – art. 17/2 alínea a, e segundo a Lei Quadro das Privatizações – art. 16º, as receitas provenientes das reprivatizações terão obrigatoriamente como destino: a amortização da dívida pública ou do sector empresarial do estado; para pagamento de nacionalizações ou novas aplicações de “capital no sector produtivo” (seja lá o que exactamente este último seja..).
Por lei, as receitas provenientes de tal operação não poderão fugir a estes limites.
Não poderá ser utilizado para mordomias.
Eu também não imagino para que seja, mas imagino que nas cabeças de certos deputados o TGV seja aplicação de capital no sector produtivo. E o dinheiro das compras de automóveis também vai para o sector produtivo. Não é o sector português, mas é o sector produtivo.
Além disso, também se podia fazer nova lei a dar semelhante destino (amortização da dívida) aos lucros das empresas estatais.
Mais um treinador.
O problema é que a taxa de juro vai duplicar até ao próximo ano o que quer dizer que a hemorragia do serviço da dívida ainda vai ser maior. esperar pelos lucros é estar a trabalhar para dar o dinheiro aos credores internacionais. Estão 900 milhões de euros inscritos para o TGV. A CGD não deveria ser privatizada mas tambem não deveria andar a fazer negócios com os especuladores e a meter-se no equilibrio entre accionistas de grandes Grupos, deveria, isso sim, dar “o padrão” para a actividade bancária , mantendo as margens de intermediação razoáveis e ser a alavanca das PNEs exportadores e inovadoras. Mas isto é para hoje, não é para os lucros futuros…
Muito falam os economistas. Mas são os engenheiros que põem o pais a andar.
Se não fosse assim, provavelmente ainda estaríamos a discutir o rendimento marginal de viver em grutas face ao viver nas árvores.
Mais investimento, mais conhecimento, maior riqueza, melhor qualidade de vida.
“Mas são os engenheiros que põem o pais a andar” –> andar sim mas… à deriva