Emídio Rangel disse aquilo que muitos pensam: as fugas ao segredo de justiça nascem dentro do sector da justiça. A Associação Sindical dos Juízes Portugueses não tardou a acusar o toque na ferida e vai processar Rangel.
Rangel disse mais: que há jornalistas que se deixam comprar por agências de comunicação ao serviço de partidos. Deve saber do que fala. Num registo de buldozer, atirou a todos: ao ‘Sol’, ao falecido ‘Independente’, de Paulo Portas, a José Manuel Fernandes, ex-director do ‘Público’, ao ex-presidente da RTP, Almerindo Marques, a quem acusou de o sanear politicamente. Almerindo, claro, terá outras explicações para a saída de Rangel.
Pais do Amaral, num estilo bem mais tranquilo, o seu estilo, não deixou de marcar posição. Acusou José Eduardo Moniz de ser desleal e, concretizando, acabou por dizer que o ex-director-geral do canal utilizou a TVI para derrubar o Governo de Santana Lopes.
Sejamos honestos. Não houve real novidade nas deposições mas eis que, quando menos se esperava, as presenças de Emídio Rangel e Pais do Amaral na comissão de inquérito ao caso TVI acabaram por ser mais relevantes que o previsto. Em abono da verdade, podem não ter servido de muito para o caso em apreço mas, com toda a certeza, foram úteis para ajudar a perceber um pouco melhor o Portugal que temos hoje. Um triste e desconsolado país.
É verdade, foram muito relevantes, para quem tinha dúvidas de como isto tudo se processa…
Emídio Rangel, se falava verdade, não terá certamente problemas em prová-lo. Como não lhe ouvi caso concreto, pode acontecer que aquilo a que ele se refere não seja crime, ainda que lhe pareça. Pois se um juíz fornece documentos de processos já arquivados, não há crime.
Esta gente antes de falar estriba-se bem, com bons advogados, têm muito dinheiro e a Justiça está feita para eles…