Diz Henrique Raposo que
“os números não enganam. Os portugueses trabalham 38.8 horas por semana, quando a média europeia é de 40. Os portugueses colocaram Portugal a crescer apenas 1,45% (entre 2004 e 2007), enquanto que a média europeia de crescimento foi de 2,63%. Mas, apesar disto, os portugueses receberam um aumento real de salários de 3,9%, enquanto que o aumento real na Europa foi só de 2,1%. Há aqui muita coisa que não está certa nas contas portuguesas.”
Pois não enganam:
Average monthly labour costs, in € (2005) | €1,617 (2006) | €2,981 |
---|
São mais baratos, os portugueses. E quase não fazem greves:
Number of working days lost through industrial action per 1,000 employees (annual average 2004–2007) | 13.5 days* | 37.47 days (estimate) |
---|
Os números não enganam, agora cada um selecciona da mesma estatística os que acha mais relevantes para justificar a sua conclusão. Ele acha que trabalhamos pouco. Eu acho que somos dóceis e baratos. E sendo mais baratos ainda bem que trabalhamos menos, e devíamos ter mais aumentos para ganharmos como os outros. Se calhar até produzíamos como eles se recebêssemos o mesmo que eles, é até por isso que emigramos: para trabalhar mais 1,2 horas por semana mas receber mais 1364€ no fim do mês.
Isto para não falar de omitir os números que lhe estragam a conclusão:
Collectively agreed weekly working hours (2007) | ~ 38.2 hours** | 38.6 hours |
---|
Ou que me levariam a concluir que o resto da Europa trabalha mais e recebe mais porque tem mais horas extraordinárias, mas não gosto de manipular números, até porque sei que eles não enganam.
Enganado foi o Luís M. Jorge, um homem de boa fé que embora para tratar de assuntomais vasto respeitou as estatísticas ratadas pelo Raposo.
Uma nota significativa:
– Os trabalhadores portugueses são, na UE, os que menos dias de greve fazem. É completamente falsa a ideia que há muitas greves por cá.
Há uma enorme diferença entre o público e o privado também nestes números, porque greve, no privado, é quase animao em vias de extinção.
JP
Nem todos os portugueses produzem tão pouco. Veja-se o caso dos gestores/administradores e o dos colunistas/críticos: esses produzem acima da média europeia, o que justifica ganharem tanto. O que é que produzem, não sabemos. Mas hão-de produzir alguma coisa, não?!