Portugal Arruinado


Portugal está em ruínas. De norte a sul, no litoral e no interior. Sobretudo nas cidades. Sobretudo nas grandes cidades. Desde o dia 14 de Abril, o Nuno Castelo-Branco tem vindo a denunciar diariamente casos flagrantes da sua Lisboa arruinada. Mas porque o Aventar é de todo o país, vamos passar a mostrar também o Porto Arruinado, Coimbra Arruinada, Braga Arruinada, o Algarve Arruinado e por aí fora.
O mercado da reconstrução, na Europa, tem um impacto muito forte no sector da construção civil. Em Portugal, esse mercado é quase insignificante. O que interessa é construir, mais e mais, e deixar cair o que já existe. E assim Portugal vai caindo aos pedaços.

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Ainda hoje aqui em Lisboa caíram umas quantas casas habitadas! É melhor o TGV para levar milhões(?) de portugueses para Madrid…

  2. Frederico Mendes Paula says:

    Luís o TGV não é para levar, é para trazer. Depois de terem destruído a nossa economia em troca de umas esmolas, que ainda por cima gastámos em vias de comunicação, os europeus tornaram o nosso país num mero consumidor dos seus produtos. A isso chama-se União Europeia, um grande mercado de consumidores para as industrias da Europa anglo-saxónica

    • Luís Moreira says:

      Esta cegueira pelas grandes obras só se explicam pelo que dizes. Grandes comboios construídos na Alemanha, tecnologia vinda de fora no aeroporto. Para nós fica a construção civil, abrir valas, mover terras, colocar carris.Um mundo de riqueza…

  3. Frederico Mendes Paula says:

    Em relação ao Portugal arruinado é uma opção política. A construção civil é o único sector industrial em Portugal e ainda por cima actua de forma selvagem. Alimenta-se de terrenos e de empréstimos bancários. É uma espécie de monstro voraz que tem que ser alimentado diariamente. Como os terrenos começam a faltar vai demolindo os tecidos urbanos antigos para construir de novo. O grande problema que lhe está associado é que não é um sector que procure a sua rentabilidade no lucro ou riqueza gerada pela sua actividade, mas sim em operações especulativas paralelas de vendas de terrenos, transformações de uso dos solos e vendas de habitações. Com um excesso de habitações no mercado que não se vendem e as dificuldades de acesso ao crédito é de admirar que ainda sobreviva. A reabilitação é uma alternativa há muitos anos na Europa. Infelizmente nós não estamos culturalmente preparados para que se desenvolva sem ser imposta, nem existe vontade política para por em causa os interesses associados á especulação imobiliária

  4. Pedro says:

    Acho muito bem que o Aventar levante a questão da recuperação, reabilitação e, sobretudo, reanimação do património e das cidades portuguesas como prioritária no investimento do estado em obras públicas. Basta de elefantes-brancos e projectos faraónicos enquanto os centros das cidades se degradam e vão morrendo. Obras de proximidade com a devida redistribuição e criação de emprego são bem mais produtivas e têm impacto nos lugares onde vivemos o dia a dia.

    • Luís Moreira says:

      Resolveria: o deserto em que estão os centros das cidades; os transportes de milhares de carros que todos os dias entram e saem nas cidades: acabaria com os suburbios feios e degradantes; com os milhares de carros em cima dos passeios e melhorava o ambiente e a factura do petróleo…mas somos nós que não vemos, deve ser isso!

  5. Frederico Mendes Paula says:

    O próprio sistema fiscal português incentiva a construção pela construção, já que grande parte das receitas das autarquias provem do Imposto Municipal sobre imóveis e da Taxa de Urbanização. Ou seja, quanto mais as Câmaras deixarem construir, mais dinheiro arrecadam. Deveria ser ao contrário _ o governo cobrava o IMI e a TU e as autarquias cobravam o IVA. Assim, o esforço municipal seria centrado na criação de riqueza e trocas comerciais nos concelhos

    • Luís Moreira says:

      Exacto! E as mais-valias obtidas nos terrenos ” à valentim loureiro” (seiscentos mil contos em dois dias) com a transformação de terrenos classificados em terrenos para construção. Nos outros países estas mais-valias revertem para o Estado!

  6. Frederico Mendes Paula says:

    Agora não tenhamos ilusões. A revitalização dos centros históricos não é apenas um problema de recuperação de edifícios. Passa muito pela resolução dos problemas da mobilidade, do comércio tradicional, da qualidade do ambiente urbano, da compatibilização da habitação com o lazer, da oferta cultural, do turismo. Ou seja, passa também por um reformular das políticas de desenvolvimento e sobretudo pela garantia da rentabilidade dessas intervenções, que devem ser essencialmente da responsabilidade do sector privado com parcerias e apoios públicos.

  7. 1. Proibição imediata de demolição de edifícios anteriores a 1950.
    2. Poderes ditatoriais de um gabinete independente que e multidisciplinar que decida acerca da construção de “novos projectos”, fachadas, etc.
    3. Poder total sob os solos urbanos, legislando consequentemente no que respeita ao interesse geral (não quero utilizar a palavara “colectivo”).
    4. Decidido início de um vasto programa de reabilitação urbana, que não se limite às “fachadas João Soares/7ªcolina”. Atrai investimento, propicia trabalho a dezenas de milhar, reabilita os centros urbanos num “país de turismo”, salva inúmeras pequenas empresas e mantém capitais em Portugal.
    5. Definitivo cancelamento do TGV, da terceira ponte, da terceira auto-estrada para o Porto (ou do Porto para Lisboa), etc.
    6. Definitiva abertura ao arrendamento social, de todo o parque imobiliário das Câmaras municipais. A CML é a pior senhoria da capital e os seus prédios estão nas piores condições que se possa imaginar.
    7. Proibição absoluta do sistema de contentores de Alcântara.
    8. Declaração imediata de interesse público pelos futuros terrenos do aeroporto,vedando desde já a possibilidade da construção de Cacéms “de luxo”, vulgo condomínios à BES, etc.
    9. Devolução imediata dos numerosos edifícios roubados em 8 de Outubro de 1910 e que desde aí se encontram votados ao mais completo abandono. Devem ser colocados ao serviço da comunidade e não vítimas dos apetites do desastroso “espírito de regime” que por aí vai-se “irreflectidamente apropriando” do resto das nossas tristes vidas.

  8. Dizia,
    2. … gabinete independente e multidisciplinar que decida…

  9. Luis Moreira says:

    Nuno, aí está uma proposta que assino por baixo. Já viste a antiga fábrica cervejeira no Chile, cervejaria Império. Ficou a cervejaria (uma loja) e o resto um imendo terreno na av. Almirante Reis já a ser preparado para mais um monstro de betão. Conheço aquela fábrca há 50 anos.Esteve ali ,passando de mãos em mãos até enriquecer uns quantos.

  10. Amadeu says:

    Nuno, acerca de “1. Proibição imediata de demolição de edifícios anteriores a 1950”

    – Não muita coisa má anterior a 1950 ?

    – Por outro lado se os gajos das cavernas já pensassem assim, teríamos que viver praí em Sintra porque o centro de Lisboa seria ocupado por grutas e cabanas

  11. Nuno Castelo-Branco says:

    Amadeu, há que começar por algum lado. O problema é que não existem critérios e a preferência pela demolição é notória. Nada se respeita, desde o parque habitacional, até à antiga indústria (acima, o Luís aponta o caso da Portugália).
    É certo que nem toda a construção anterior a 1950 é boa, mas por aquilo que depreendo, nesse caso então a Alfama podia vir toda abaixo, dada a insalubridade, ruas tortuosas, construção deficiente, etc. Existe um perímetro urbano que é grosso modo delimitado pela CRIL. Para já nem sequer falarmos do património existente e semi-arruinado de Belas, Benfica, Lumiar, Sacavém e zona da auto-estrada de Cascais, há que proteger o núcleo da capital (o mesmo para as outras cidades do país). Não se pode simplesmente deixar os Taveiras construir onde lhes apetecer. Veja como está o Saldanha. Compare Lisboa com Praga, por exemplo…

  12. Amadeu says:

    Concordo em absoluto consigo. O Saldanha é uma vergonha, a Portugália, os milhares de prédios abandonados em ruína, tudo à espera dos négocios nebulosos dos muitos Névoas (o coiso da Braga Parques).

    Mas é preciso senso e dinheiro. As pessoas não vivem em museus, há as prioridades.

    Há anos, passei com um amigo ingles na Av de Ceuta e em frente ao Casal Ventoso ele exclamou: Beautifull. Very typical.

  13. Nuno Castelo-Branco says:

    “Beautiful… Very typical”…, o que ele diria se o tivesse levado à Quinta do Mocho! :))))

    Dinheiro deve haver, porque as obras farónicas custarão muito mais do que a reabilitação urbana.

    • Luís Moreira says:

      Nuno, é sempre “very typical” para quem não mora lá…

  14. Frederico Mendes Paula says:

    Cada vez mais a requalificação urbana é entendida como um processo integrado, ou arrisca-se a ser uma simples operação de cosmética ou pior ainda, a dar cobertura á expulsão dos residentes das zonas antigas para promover operações especulativas que subam o standard da area. Os edifícios acabam por não ser recuperados, mas são todos demolidos excepto as fachadas. Perdem-se os sistemas construtivos e as tipologias antigas. Nos casos mais gritantes tudo é demolido e reconstruído a fingir que é antigo. Uma operação integrada intervém a todos os níveis _ recuperação do edificado, requalificação do espaço público, dinamização das actividades de proximidade, como o comércio, criação de equipamentos, resolução dos problemas da mobilidade e sobretudo promoção de emprego para os residentes. Á reabilitação física deve corresponder uma reabilitação social.

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