A próxima vez que ouvir um banqueiro, um gestor de topo, um economista de trazer por casa que sempre comeu da mão de banqueiros e gestores de topo, o gajo da CIP que ainda é pior que o anterior, ou o da CAP, ou esse tal de Carreira cujo apelido diz tudo, ou outro ex-ministro das finanças, ou o actual, ou o próximo, ou o primeiro-ministro, ou o segundo que ainda está na oposição,
a próxima vez que uma destas imitações de um padre na hora de punir em confissão a beata que acaba de sair da sua cama com 30 avé-marias, e 5 padre-nossos pelo sexo oral, repetir à exaustão, como se não soubesse que mente, que engana, que sabe muito bem que está a mentir, que pretende deliberadamente aproveitar a sua crise para proveito seu e dos seus,
a próxima vez que ouvir que a crise se resolve com poupanças, que a crise é culpa de ganharmos (nós, nunca eles) excessivamente e de produzirmos pouco, e a dívida, a dívida que é deles mas agora é de todos, e nem sequer é grande coisa como dívida mas virou o adamastor com que se mandam os meninos para a cama fugindo das águas revoltas que nos abrem novos mares,
da próxima vez, juro, vou retomar a leitura de um velho barbudo e mal comportado, de seu nome Karl Heinrich Marx, leitura interrompida vai para anos que ando com preguiça para mudar o mundo e quanto mais interpretá-lo, e em plena contradição aparente repescar de um outro cidadão oitocentista a frase
A Propriedade é o Roubo
e depois não digam que não vos avisei, quando levardes com o espectro que paira de novo sobre a Europa e desta vez muito mais mundo.
desliga a tevelisão, o rádio, não abras a internet a não ser para jogar o farmville , não leias os jornais, tenta sair à rua o menos possível, e mesmo assim, acho bem colocares o livro na tua mesinha de cabeçeira.
João, que também és José, já agora acompanha a leitura a ouvir o conselho do Zeca:
Bem escolhida!