Gasolina, Gasóleo e Brent: preços 2005 – Jul. 2010 (I)

Com este post começo uma série de três onde apresentarei uma análise da evolução dos preços dos combustíveis entre 2005 e Julho de 2010:

  • Parte I – o presente texto: apresentação dos dados
  • Parte II – Análise dos dados
  • Parte III – Divagações sobre as "infames gasolineiras"

 

Parte I – apresentação dos dados

Os gráficos seguintes ilustram as variações dos valores do brent, da gasolina sem chumbo 95 octanas e do gasóleo rodoviário, no período de 14 de Janeiro de 2005 a 19 de Julho de 2010.

 

2005 – 2010: Preço do Brent em euros
de 2005 a 19 de Julho de 2010

2005 - 2010: Preço do Brent em euros

2005 – 2010: Preço de Venda ao Público do Gasóleo Rodoviário
de 2005 a 19 de Julho de 2010

2005 - 2010: Preço de Venda ao Público do Gasóleo Rodoviário

 

2005 – 2010: Preço de Venda ao Público da Gasolina 95 octanas
de 2005 a 19 de Julho de 2010

2005 - 2010: Preço de Venda ao Público da Gasolina 95 octanas

 

2005 – 2010: Câmbio Dólar / Euro
de 2005 a 19 de Julho de 2010

2005 - 2010: Câmbio Dólar / Euro

 

2005 – 2010: Evolução dos preços em Portugal, de 2005 a 19 de Julho de 2010
Preços antes impostos (PsT), normalizados para índice 100

2005 - 2010: Evolução dos preços em Portugal

Este último gráfico permite comparar directamente a evolução dos três preços. É um gráfico normalizado para índice 100

Como analisar este gráfico?
Em primeiro lugar, há três aspectos a ter em conta:

  1. os preços mostrados são antes de impostos para que se possa perceber a evolução dos preços por parte das gasolineiras;
  2. os gráficos são feitos para serem de base 100. Isto é, ao valor máximo de cada uma das grandezas é dado o valor de 100 e os outros valores são calculados por uma regra de 3 simples. Assim, as 3 grandezas têm a mesma escala e podemos compara-las mais facilmente;
  3. da minha análise (também corroborada pelo estudo da AdC), concluí que as gasolineiras demoram 1 semana a reflectir  os preços do brent no PVP. Assim, na mesma linha vertical estão os preços da gasolina e gasóleo para a semana n e o preço do brent para a semana (n-1).

Na situação ideal, as 3 linhas andariam sempre paralelas mas na realidade isso não acontece. Tomemos o exemplo brent-gasóleo (linha amarela e linha roxa). Quando a distância entre estas duas linhas diminui significa que passamos a pagar menos pelos combustíveis do que pagaríamos se o aumento fosse proporcional à variação do preço do brent. Por outro lado, quando essa distância aumenta, passamos a pagar mais.

 

No próximo texto aprofundarei a análise dos dados aqui apresentados.

 

Fontes:

Fonte brent: EIA
Fonte câmbios: oanda.com
Fonte preços PT: DGEG
Processamento: Jorge Fliscorno para o Fliscorno e para o Aventar

 

Uma nota sobre a fonte dos dados  de PVP em Portugal

editado

Desde Março de 2008 que tenho usado os dados de PVP (Preço de Venda ao Público) disponibilizados no site da DGEG em convenientes ficheiros Excel. Nesta última actualização descobri que passaram a apresentar os dados usando pivot tables, o que se torna pouco prático para consulta. Mas pior é que  entre 08-03-2010 e 28-06-2010 não há dados disponíveis! Mais, os dados anteriormente publicados (e que eu tinha para mim guardado) referentes ao período de 01-01-2010 até 08-03-2010 também não estão disponíveis neste novo Excel.

Para colmatar estes buracos nos dados a analisar foi preciso recorrer a quatro fontes diferentes de dados para os PVP! O que acarreta o risco de estes conterem imprecisões decorrentes de diferentes forma de tratamento na sua origem.

Acresce que, no presente momento, o site http://www.precoscombustiveis.dgge.pt/,  se encontra indisponível.

Informe
i a DGEG sobre estes factos; vamos ver que feedback é dado.

Atendendo a que esta situação (como a de sites regulamente com problemas) não é propriamente novidade, acho de uma fina ironia tanta SIMPLEXização coabitar com tanto amadorismo.

Nota 1: um leitor teve a amabilidade e paciência de me mostrar onde encontrar os dados em falta. Daí o texto riscado.

Nota 2: Hoje, 27.Julho.2010, 0h30m, o site da DGEG com os preços dos combustíveis continua em baixo, agora com o erro seguinte:

Erro por favor reporte esta situação ao administrador do sistema.
Feche a janela do seu navegador e volte a aceder ao Web Site.
Obrigado.
Mensagem de erro: ERROR [HYT00] [Microsoft][ODBC SQL Server Driver]Timeout expired

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Bom trabalho,Jorge.Para ler segunda vez com mais calma.

  2. Análise interessante!

    Notar apenas os seguintes pontos:

    * Convinha utilizar preços constantes para pudermos comparar os preços de hoje com os preços nos outros anos. Eu costumo utilizar os deflactores que pode encontrar aqui. Isto tem o efeito de suavizar os picos – a inflação é o que nos rouba mais, um euro de 2000 equivale em 2009 a 1.2021 euros…;

    * O preço brent não será o benchmark ideal (apesar dos resultados acabarem por não ser muito diferentes) nestes cálculos – sobre energia – eu prefiro utilizar os dados para a média mundial que se encontram aqui – dado que para Portugal compramos petróleo em todo o mundo e o mar do norte está em declínio acentuado;

    * Como estes preços estão em dólares utilizo a tabela do BdP para fazer a conversão ao mês (utilizo a média). A tabela em causa pode-se encontrar aqui (em formato csv, actualizada todos os dias);

    * Eu vou buscar os preços dos combustíveis tb à DGEG, mais propriamente aqui, temos preços até Julho. Eu não uso o Excel, utilizo o OpenOffice (o que talvez explique o seguinte) aparece uma orelha com os dados em bruto “DPCache Dados” onde podemos extrair o que quisermos. Temos os dados desde 1999. – É claro que concordo consigo, os sites do governo podiam ao menos ter todos o mesmo layout e organização – e já agora uma API para extracção de dados comum a todo o governo…

    Este assunto já foi tratado antes aqui no aventar. Nessa altura sugeri a consulta desta excelente análise sobre este assunto. Julgo que do ponto de vista económico está feita de forma honesta – o que nesta área do conhecimento (a economia), só por si, é de louvar…

    Como sempre em Portugal a informação é difícil de obter. Pelo que tenho conseguido saber a maior parte do petróleo não é comprado nos mercados spot, fazendo-se em vez disso contratos sobre os preços futuros. Não consigo aferir até que ponto isso poderá ter influência nos preços finais, sendo certo que os preços dos contratos futuros convergem para o preço spot conforme se chega à data de entrega – assim os preços finais dependem da forma como são feitos e das politicas de negociação destes contratos futuros (pudemos comprar com maior antecedência e maior risco quanto ao preço e maior diferença em relação ao spot, ou mais perto da data de entrega quando a diferença irá ser menor). Talvez isso explique parte da desfasagem. Por outro lado temos de ter em conta o processo de refinação e transporte do petróleo, que vai inevitavelmente introduzir atrasos.

    Em todo o caso parece-me que os preços do combustível acompanham de muito perto o preço da matéria prima.

    Apesar dito tudo, na minha opinião, o mais importante é que o preço dos combustíveis permanece muito abaixo do seu real custo, dever-se-ia considerar o custo ecológico, o custo que representa a degradação da qualidade de vida quando temos de conviver com automóveis, estradas e afins, os custos das guerras necessárias para manter o acesso aos combustíveis e finalmente não se dá o real valor aos combustíveis (em termos de trabalho realizado)… Entrando agora em modo de adivinho, parece-me que nos próximos anos vamos começar a ver esse real custo a vir ao de cima.

    • Capivara says:

      Boa TArde,

      Custos ecológicos? Conviver comestradas? Guerras necessárias ?

      É possível explicar isto?

  3. Olá Helder, obrigado pelas observações.

    Algumas notas:
    – sobre os preços constantes, é uma abordagem com interesse e numa próxima análise considera-la-ei;
    – quanto a usar o preço do brent, não serei a pessoa mais indicada para opinar sobre isso (a minha formação é eng. electrotécnica) mas supreende-me, já que, ao que sei, o brent é o crude que mais usamos actualmente nas nossas refinarias. De qualquer das formas, estou aberto a sugestões (nota: o link que deixou neste ponto não funciona; se puder deixar de novo, agradecia);
    – também faço a conversão dos preços de dólares para euros. Prefiro o serviço da oanda.com que mantém um histórico diário (faço a média semanal);
    – vou buscar os dados à mesma página da DGEG. Tem os preços até fim 2009, depois tem uma lacuna e depois recomeça em Julho 2010;
    – já conhecia essas análises do Marco António (do Caldeirão da Bolsa) e reconheço que são bem feitas. A certa altura discordámos mas reconheço que ele, na altura, estava certo;

    Sem dúvida que a composição do preço dos refinados não é linear. Concordo que acompanham o preço do crude. Quanto ao preço estar a baixo do preço real, muitas opiniões haverá, seguramente. Neste momento, uns 60 e tal por cento já são impostos… Creio que falta racionalização no uso do automóvel. No entanto, esta análise transcende o âmbito destes três posts. Talvez numa próxima ocasião 😉

  4. Ok, vi no post do José Magalhães o link que faltava:

    http://tonto.eia.doe.gov/dnav/pet/PET_PRI_WCO_K_W.htm

    Os dados que uso também vêm da EIA mas, salvo erro meu, devemos usar o brent.

  5. Aos potenciais interessados, informo que a segunda parte desta sequência sairá na próxima terça-feira de manhã (27.Jul.2010).

  6. A nota que escrevi sobre o brent não é importante para os resultados finais. Só a fiz porque:

    * O mar do norte atingiu o pico de produção por volta do ano 2000 com cerca de 6 milhões de barris por dia, naturalmente que tem estado em declínio desde essa altura. Neste momento o Reino Unido já é um importador líquido de petróleo. Ou seja, o petróleo do mar do norte vai ser cada vez menos importante. (Já agora, estou a lincar um artigo da newsletter da ASPO – vale a pena ler todos os número publicados!)

    * Por outro lado compramos petróleo em montes de sítios (cada um com o seu benchmark próprio), Angola, Irão, Venezuela. Arábia Saudita, Líbia, Emirados Árabes Unidos, Nigéria etc. Onde o petróleo do mar do norte representa apenas uma pequena percentagem.

    Mas mais uma vez, isto não interessa é apenas um pormenor menor.

    Quanto aos dados da DGEG é necessário ir buscar os dados a duas tabelas mas eles estão lá sem lacunas! Acabei de verificar nesta folha. Aqui estão os mesmos dados num formato mais decente…

    O que me assusta nesta história do preço dos combustíveis é que, pela nossa absoluta dependência destes, não vamos conseguir responder às futuras variações de preço. Isto é, tudo indica que já passámos o pico da produção de petróleo. Se isto for verdade vamos ter variações muito bruscas dos preços. A nossa economia não está minimamente preparada para suportar isso. Se o preço do petróleo já reflectisse todos os custos escondidos eu penso que iriamos ter uma economia mais preparada…

    • Luís Moreira says:

      O que li é que após o pico da produção, há neste momento 30 anos de existência económica de petróleo.Quer dizer daqui a 30 anos o petróleo estará substituído por outro combustível.

  7. Ok, imprecisão minha e, além disso, não tinha reparado que na primeira folha do xls, ao escolher o mês, estaria a ver as diversas semanas (estava a usar a folha “Preços Médios comb_2010”. Obrigado pela dica. Terei que confirmar os dados de Março a Julho 2010.

  8. Luís, não quero fazer o “hijack” deste post (que não é sobre o pico do petróleo) pelo que só digo o seguinte: parece-me que estamos cada vez mais a ter uma luta da realidade vs a mão invisível. E o raio da realidade é persistente até mais não!

    Jorge, fico à espera da 2ª parte.

    • Luís Moreira says:

      Eu acrescentei aquele dado porque muda tudo.A partir de agora o desenvolvimento das alternativas já são inevitáveis.

  9. Caros, terei que adiar um pouco a publicação da segunda parte desta série. Coisas de trabalho que vêm primeiro.

    Possivelmente na quarta-feira verá luz.

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