A cultura de Marcelo

 

(adão cruz)

Em minha opinião, a cultura faz parte integrante da estrutura do ser humano. Mas entre os diferentes graus de cultura, da sua solidez e profundidade, da sua autenticidade e verdade, da sua sábia natureza intrínseca, pode haver diferenças abismais. A cultura constitui-se através da vida como qualquer um dos mecanismos de adaptação, enriquecendo o conhecimento e o saber nos emaranhados mecanismos fisiológicos e neurobiológicos da criatividade.

A verdadeira cultura, a cultura do saber autêntico, a cultura do percurso, a cultura do ser, transparece, muitas vezes, no homem verdadeiramente culto, de forma natural, no olhar, no fácies, na postura, no ser, na primeira amostra de comunicação. Nada em Marcelo Rebelo de Sousa me faz sentir que ele não é vulgar e que a cultura é o cerne da sua estrutura.

Tudo isto é um pouco como a nossa língua, que, como todos sabemos, não deve ser considerada um mero instrumento de comunicação, mas uma parte inseparável do todo que somos e da riqueza anímica que construímos através da vida. Um bom perfume deve ser sentido como parte integrante da personalidade de uma mulher e não como um cheiro. Uma boa decoração deve ser sentida pelo bom ambiente, pelo conforto e bem-estar que cria e não dar nas vistas apenas pelo estilo, pela forma e configuração dos objectos. Ao contrário do que hoje se vê em todos os lados, a cultura não é um enfeite, uma cosmética, uma roupagem mais ou menos vistosa.

Esta cultura do saber, a verdadeira e profunda cultura, nada tem a ver com a cultura-espectáculo, com a cultura-folclore, com a mais que ridícula cultura política, com a cultura do enciclopedismo superficial dos tagarelas, onde, e esta é a minha opinião, incluo, parcialmente, Marcelo Rebelo de Sousa.

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