País Basco: será desta?

Não é a primeira vez que a ETA declara um cessar-fogo, o que gera compreensível desconfiança. Mas sendo a esperança a última a morrer, e a do povo basco tem resistido a tudo, na mais longa luta pela independência de um país europeu, espero que desta vez seja a valer.

Mesmo sabendo que os falangistas, seja sobre a forma de PP ou de outras mais folclóricas mas não menos herdeiras da mesma força opressora castelhanista (ou melhor dizendo nos dias de hoje, madrilista), precisam desesperadamente da ETA para a sua própria sobrevivência e tudo farão para sabotar um processo de paz, uma solução diplomática para o País Basco seria a melhor das notícias para a nossa península.

De vez em quando, já agora, convinha que os portugueses se lembrassem que somos o único povo que escapou à ocupação das monarquias castelhanas, mais por sorte que por juízo. No século da nossa República, uma solução à irlandesa para os nossos irmãos bascos era ouro sobre azul.

Gernikako Arbola, Hino Nacional do País Basco

Comments

  1. XicoAmora says:

    Os nacionalismos peninsulares, perante a grandeza de Espanha, parecem-me um mal romântico e novecentista que não fazem sentido nos dias de hoje.
    Portugal escapou porque tinha um projecto ultramarino. Afonso Henriques sabia-o. Era a única solução para escapar. Sem vontade anímica para uma aliança verdadeira entre Portugal, Angola e Brasil, seria bom repensar o nosso lugar. O nacionalismo não pode ser visto como se uma religião sagrada fosse.
    Por ironia, em Madrid senti-me acolhido. Em Barcelona e em Bilbau senti-me desprezado. Essa história de Castela e Madrid opressoras, é uma fantasia de romance de cordel.
    Franco não era galego?

  2. O projecto ultramarino do Afonso Henriques deve ter sido o de conquistar para lá do mar da Palha.
    Ó homem, com essa visão da História, como quer que o tratem bem sem ser em Madrid?
    Eu na Ibéria nunca tive razões de queixa…

  3. xico says:

    Evidente que o projecto ultramarino de Afonso Henriques foi um exagero compreensível no pouco espaço que se têm. Portugal nasceu com um projecto de conquista de território para além das disputas condais medievais. Daí a guerra contra a mãe e o virar costas à Galiza. Mas todo o projecto da 1ª dinastia visava esse mundo além, concretizado na 2ª dinastia. Para alguma razão o reforço da marinha e o acolhimento dos templários.
    Mas nada disso interessa. Nacionalismos são a ideia mais reaccionária das esquerdas modernas. Eles foram a causa das últimas guerras da Europa. O desmembramento da Jugoslávia é um disparate pegado e prova bem a enorme estupidez desses nacionalismos.
    Ibéria ou espanha é uma questão de somenos. Eu pessoalmente, para estas coisas, e tendo em conta o espírito universalista e integrador dos romanos, prefiro a Hispania. Mas não vou pôr bombas por causa da Ibéria. ):

  4. Diabo! Então houve projecto para este país!? O levantamento topográfico deve ter sido muito mal feito para ter dado no que deu! Construção em pântano sem fazer drenagem é o que é. 🙂 Isto é tão desgraçado que até o nosso século de ouro apenas teve 30 anos.

    O que interessa no meio disto tudo é a qualidade de vida das pessoas e a respectiva realização enquanto indivíduos e enquanto membros da sociedade.

    O resto são tretas.

    (Xico, deve querer referir-se ao D. Henrique.)

  5. Alfredo says:

    Caro xico, parece-me um bocado forçado afirmar que a primeira dinastia tinha um projecto marítimo. Eu na escola, como sou do tempo da história romantizada, aprendi que o D. Dinis plantou o pinhal de Leiria com o intuito de criar matéria prima para a construção naval. É sabido que não foi D. Dinis que ordenou a plantação nem o objectivo era a matéria prima, mas quando se iniciou a expansão marítima, passado um século, com uma guerra civil pelo meio, com outra dinastia, não se pode dizer que não tenha sido útil.
    E depois repare, na Dinastia Filipina que vantagem trouxe ter um projecto ultramarino já consolidado? Eu penso que nenhuma, antes pelo contrário, pois foram herdados e transpostos para os territórios ultramarinos os conflitos que os espanhóis tinham com holandeses, franceses e ingleses.

    Como nação, actualmente o nosso elemento diferenciador na Península Ibérica é a língua. Em momentos importantes como a Independência, a Dinastia Filipina ou a Restauração não creio que o fosse ou que tivesse a importância que hoje lhe damos. Nesses momentos estavam mais em jogo interesses de poderosos e influentes do que o orgulho nacional. E para o povo, laissez-faire, Maria-vai-com-as-outras, tanto se lhe dava. Como com o projecto de integração europeia ou com o projecto republicano, que está prestes a completar um século. Não estou a pôr em questão os projectos em si, mas sim a apatia do povo.

  6. madalena says:

    lá na espanha , acham que os restantes países é que foram oprimidos pelas vascongadas , pela catalunha e por castela. suponho que sabe que franco recolhia impostos em toda a espanha e canalizava-os maioritariamente para investimentos nessas 3 regiões ? e as outras ficavam a ver navios ? ou pensa que essas regiões são as mais industrializadas por milagre de deus nosso senhor , aquele que vem antes da pátria e família ?
    e também não generalize , não é todo o povo vasco , são alguns . que eu saiba o partido independentista nunca ganhou eleições. e não me diga qie há mutio que votam lá que não são vascos puros , que eu digo-lhe para se juntar ao sarkozy.

  7. Não sei essa do Franco, pela simples razão de que é mentira. Não fosse a Catalunha no séc. XVII já o país mais desenvolvido e estratégico da Península e a Madalena era espanhola…
    E os nacionalistas bascos só perderam as últimas eleições Madalena. Pesquise um bocadinho sobre as coisas antes de escrever disparates, está bem? sempre se poupa ao ridículo.

  8. madalena says:

    o eleitorado etarra, representado por HE , nunca ganhou eleições , pois não ?
    e , talvez seja mais um disparate , mas partidos nacionalistas não são necessáriamente independentistas , acho eu. podem apenas querer melhorar os governos autonómicos.

  9. Deve querer dizer HB. O PNV, tal como todos os partidos nacionalistas do planeta terra, defende a sua nação, e não se confunde com um partido regionalista. Não é por ser de centro-direita que deixa de ser nacionalista.
    A forma de se libertarem do jugo espanholista é que varia de partido para partido, e ainda bem.

  10. xico says:

    Caro Alfredo,
    Já me retratei do exagero sobre “um projecto” marítimo de Afonso Henriques. Mas esse rei virou costas a Galiza, voltou-se para o Sul e percebeu que as nossas planícies eram o mar, o Atlântico. De acordo com o site da marinha, esta é a força armada mais antiga da Europa e foi iniciada por Afonso Henrique, tendo sido travadas batalhas navais na altura. D. Dinis incrementou a marinha e serviu-se do pinhal para isso. Se pensavam ou não nas Descobertas, não sei, mas os templários estavam cá, e as viagens marítimas feitas por aventureiros ao longo do Atlântico já eram feitas e conhecidas. Ao que julgo saber já havia notícia das ilhas atlânticas. Portugal só faz sentido, a meu ver, no contexto Atlântico. Deveríamos repensar Portugal na Europa, da qual nunca quis fazer parte antes do liberalismo. O contexto hispânico ou ibérico parece-me uma solução. Não compreendo, por mais que tente, nacionalismos serôdios como o dos bascos, dos catalães e dos galegos. Parecem-me birras tribais que não fazem sentido. Veja-se o caso da Alemanha. Foram grandes depois que se juntaram. Hoje todos precisamos deles. O império austro-húngaro era próspero e pacífico. Hoje poderá vir a ser próspero, mas as suas fronteiras e os seus equilíbrios são periclitantes.

  11. Alfredo says:

    Caro xico, se reparar bem eu não me referi ao seu exagero (o termo é seu) sobre o D. Afonso Henriques, que acredito ter sido um lapso, e não ponho em causa a importância comercial e militar do mar antes do período das descobertas.

    O que contesto é que haja uma relação de causa e efeito entre um pretenso projecto de expansão marítima e a fundação da nacionalidade. Mesmo depois do território continental estar fixado havia a corrente que defendia que a expansão se deveria fazer através de incursões militares no norte de África.

    A independência resulta das zanguinhas de D. Afonso Henriques com a mãe e com os primos, mas principalmente do interesse de uns poucos, porque se calhar os tachos concedidos pelo D. Afonso Henriques eram melhores, divago eu. O povo foi tido ou achado? Não me parece… Por isso gostei da expressão do João José “mais por sorte que por juízo”.

    Há até autores que defendem que com a reconquista houve um retrocesso social pelo facto de as populações passaram a estar debaixo da pata da igreja. Em termos de ciência e tecnologia é certo que houve, mas a História é sempre contada pelos vencedores.

    Mas agora passado quase um milénio, com uma identidade nacional formada, não será um pouco utópico repensar Portugal num contexto ibérico?

  12. XicoAmora says:

    Muito haveria a dizer dessa pata da Igreja. É também uma questão de moda e por vezes muito mal contada. Mas adiante. A ocupação islâmica tinha uma vantagem, no contexto social, pois possuia uma população letrada e viajada. Viajava-se com regularidade de Lisboa à Síria.
    Mas será utópica repensar Portugal num contexto ibérico? Mas se estamos a repensar num contexto europeu?

  13. Alfredo says:

    Portugal no contexto europeu… sempre senti arrepios na espinha ao ler no diário da república leis do género “transpõe para o ordenamento jurídico português directiva comunitária xpto blá blá”, transformou-se em medo ao ver notícias do género “Portugal condenado por atraso na transposição de directivas blá blá xpto “, passou a pânico depois de saber que “União quer saber dos orçamentos antes da aprovação parlamentar”.

    Entretanto, mais uma uma vez, que digo eu, como sempre, o povo não foi tido nem achado. Porreiro, pá.

    Só é pena a nem União Europeia nem nenhum laureado com o prémio de ciências económicas virem dizer que 230 deputados são excessivos para isto.

    • anton says:

      paz e liberdade .
      Mas cuidado algun dia todo aquele que procura acaba por encontrar,esta e alei da natureza

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