O Saldanha em betão


O escabroso, atinge as raias do ridículo. Quando há mais de um ano foram colocados os conhecidos painéis camarários com o já clássico “projecto em avaliação”, pensei que o Saldanha decerto perderia mais um conjunto de edifícios construídos na passagem do séc. XIX para o séc. XX. Pelos vistos, não me enganei.
A somar-se ao abjecto “Monumental novo”, ao suburbano Atrium Saldanha e à ignóbil miséria que é o edifício riscado por Taveira, a Câmara Municipal de Lisboa prepara-se para mais uma intervenção digna de ser classificada como simples banditismo urbanístico. As duas fotos, valem a revolta.
No local destes dois prédios, erguer-se-á uma montanha de betão, feia, do traço mais vulgar que possamos imaginar e que se destina a ser um hotel ao estilo do horrível Sana, na Fontes Pereira de Melo. Pobre Fontes, se soubesse para que serve o seu nome! Mais a poente, no Largo do Rato, voltará à discussão o famoso projecto do “mamarracho da esquina”, obra ao estilo da Organisation Todt, digna das defesas alemãs na Normandia. É a completa, intencional e criminosa descaracterização da Lisboa do liberalismo. Não apresentarem tal feito como contributo à centenária, já é por si, uma originalidade. Ou será esquecimento?
Dinheiro, dinheiro, dinheiro, mais ignorância, mau gosto e estupidez. Que gente…

Comments

  1. Despreocupadamente, Lisboa vai sendo destruída. Sem qualquer pudor.
    Há muito que defendo a única medida que pararia com esta destruição. Simples e drástica, a única forma possível:
    Fim do licenciamento de qualquer obra nova num perímetro (grande) da cidade. Apenas licenciamentos para recuperação de imóveis, sendo que recuperar não seria agarrar fachadas e construir edifícios novos, normalmente com acrescentos envidraçados incomentáveis.

    PS: Mais abaixo, na av. da República, esquina com a Elias Garcia, mais um exemplo da pseudo recuperação de imóveis.

  2. Nuno Castelo-Branco says:

    Caro jes, aqui no Aventar, consulte o tema “Portugal Arruinado”. Já nos referimos a bastantes exemplos deste tipo de rendoso crime. Mais ainda, propusemos uma “ditadura” quanto ao ordenamento e construção na cidade de Lisboa. A não ser confiada a entidades “eleitas”, claro!

  3. Nuno, não vi ainda essa proposta de “ditadura”, mas parece-me ir ao encontro do que penso ser necessário e expus no meu comentário.
    Lamentavelmente, somos poucos a preocuparem-se, o que deixa caminho aberto para toda a espécie de barbaridades.

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