Comentário de Ricardo Gonçalves (deputado)

Exma(o). Sr(a).
São-me atribuídas afirmações que, no essencial, nunca proferi. São, por isso, falsas e injustas. Limitei-me a constatar o facto de que os políticos têm os maiores cortes nos vencimentos. Não critiquei esse facto, nem me queixei da situação.
Sei muito bem as dificuldades e as angústias pelas quais os portugueses estão a passar. Disse – e mantenho – que os políticos devem dar o exemplo em todos os aspectos, devendo ser os primeiros a assumir as medidas de austeridade. Terão que se adaptar à crise, nem que para tal seja necessário abrir a cantina da Assembleia da República, à noite, para que lá coma quem quiser. Não vejo nisso nenhum problema, pois é um espaço gerido por uma empresa privada, sendo um sítio digno e aprovado pela ASAE. Em vários parlamentos da Europa a cantina está aberta ao jantar, sem que os opinadores lá da terra se escandalizem. Já foram tomadas medidas como cortarem os cafés e os chás que sempre eram servidos durante as reuniões das comissões.
Mas tudo bem! Cabe aos políticos darem o exemplo.
Há muitos anos que eu alerto para a situação difícil a que o país podia chegar. Hoje é necessário coragem e coesão para enfrentarmos a realidade.
Nunca foi o dinheiro que me moveu na política, como facilmente posso demonstrar pelo meu património móvel e imóvel.
Não concebo (nem tal pode ser permissível) que se trunquem declarações, nem que se inventem situações, como foi o caso de alguns órgãos de Comunicação Social terem afirmado que várias pessoas abandonaram a sala do congresso da saúde quando falei sobre os cortes nos vencimentos da Função Pública e dos políticos. É uma mentira. E tal é facilmente demonstrável.
Lamento terem mentido propositadamente, distorcendo grosseiramente tudo o que eu disse e inventando malevolamente frases que eu não proferi em local algum, pondo em causa a minha honra e dignidade pessoal.
Grato pela atenção dispensada,
Lisboa, 14 de Outubro de 2010

O deputado
Ricardo Gonçalves

PS: É muito interessante constatar que a alguns órgãos de comunicação social não interessa informar que os cidadãos, que estão a desempenhar temporariamente o lugar de políticos a tempo inteiro, deixaram – e bem – de receber a subvenção vitalícia, deixaram de receber o subsídio de reintegração, sofreram um corte, o tal simbólico, de 5% no mês de Maio, agora sofrem, tal como os restantes trabalhadores públicos, o corte de 9 ou 10%, para além do incremento da taxa de descontos para a CGA, ADSE e IRS. Há órgãos de comunicação social que falam nos salários sem esclarecer que se tratam de valores brutos aos quais incidem os cortes previstos, os impostos directos e as taxas a que obrigatoriamente estão sujeitos.
Não é o meu caso pessoal – que interessa, – mas eu não me queixo. Nunca foi o dinheiro que me moveu na política e percebo perfeitamente a indignação de muitos portugueses que hoje atravessam dificuldades. Mas ninguém me pode impedir de dizer a verdade sem sofrer deturpações. Na actual democracia toda a gente pode falar, reclamar e protestar, à excepção dos que exercem missões políticas. No tempo do Estado Novo era ao contrário: só podiam falar os políticos da situação e o povo era obrigado a calar.
Viva a democracia!

Comentário publicado neste post

Comments

  1. Pedro says:

    Protesto.
    Aqui só se prova que a voz é minha, mas não se vê que é o meu corpo a proferi-las. É interessante constatar que a alguns órgãos de informação social não interessa saber se alguém usou a minha voz em vez de mim. No tempo do Estado Novo era ao contrário: sem corpo presente não havia voz. Silenciava-se e pronto, o povo era obrigado a calar.
    Viva a Democracia

  2. Nightwish says:

    Ó homem, o problema é afirmar isso comparando-o com o que sofrem as pessoas que ganham mal e vão passar a ganhar pior, vão ter emprego cada vez mais precário, pagam cada vez mais taxas e impostos…
    Compara a situação consigo, que ainda vai poupar dinheiro ao fim do mês, é de quem anda desfasado da realidade dos cidadãos e não serve para os representar. Em abono da verdade, a maneira como fala sempre o põe acima de 90% dos que lá estão, mas não chega.

  3. Pois é sr. deputado, quanto custa uma refeição na assembleia da república? Que tal abrir tal refeitório aos restantes funcionários públicos que lá queiram ir comer também.

  4. Não deve viver neste país sr. deputado, há muita gente que não pode falar neste país, aliás há cada vez mais e tudo isto por causa dos nossos políticos.

  5. Eduardo says:

    “Terão que se adaptar à crise, nem que para tal (…) abrir a cantina (…). Não vejo nisso nenhum problema, pois é um espaço gerido por uma empresa privada, (…) sítio digno e aprovado pela ASAE”

    Claramente, este ilustre deputado não se deu conta do ridículo em que, bocado a bocado se coloca por acto próprio, sem a ajuda dos blogues ou da imprensa. Será que este ilustre provinciano que o deputado não percebe que a escandaleira não é a cantina estar ou não aberta, ser ou não digna, estar aprovada ou não pela ASAE????
    Expliquem lá a este senhor que o ridículo é apenas vir um gajo que ganha mil contos por mês – de um serviço voluntário pago por todos os contribuintes – pedir, por aparentes dificuldades económicas, a abertura de uma cantina com preço social.
    Por ter um salário tão ridículo, precisará este sr deputado de ser levado à Sopa dos Pobres??
    E, senhor deputado, por falar em dinheiros públicos e no desperdício que, afinal, parece que o preocupa, que tem o sr a dizer acerca dsa viagens em autocarros pagos pela autarquia de Cabeceiras de Basto em apoio à candidatura de António Costa à CM Lisboa nas anteriores eleições autárquicas??
    O senhor nada disse porquê?? Porque o ilustre democrata Joaquim Barreto, eterno presidente do PS Braga e da CM Cabeceiras é o seu líder partidário e guia espiritual, sendo que o sr. foi o criador da delegaçao PS Melgaço? Há que respeitar os líderes, certo??

    Ora, ganhe vergonha na cara. Seja coerente. Demita-se, vá dar aulas com um salário de professor e deixe de ser picuínhas.

  6. eu até fiquei um bocado emocionado com esta resposta. Este senhor tem valores demasiado elevados. Levo-lhe, por isso, em vez de um, dois pacotes de bolachas de água e sal dos azuis e brancos.

  7. Estive a ver na tv a intervenção do Sr. deputado e não vi mal nenhum…
    link

  8. Senhor Deputado,
    O senhor é um ignorante! Não se é deputado, mas sim está-se deputado. Comparar-se a um funcionário público! O senhor não é funcionário. É membro de um orgão de soberania, eleito e não nomeado.
    Tenha vergonha, demita-se e vá exercer a sua profissão, se é que a tem.
    Deputado não é profissão seu analfabeto, pedindo desculpa a todos quantos não tiveram oportunidade de aprender a ler.
    V. Exa é uma cavalgadura, sem menosprezo para os equídeos.
    Mas ainda bem que se desmascarou. Assim temos a certeza, de que sempre suspeitavamos, de que a esmagadora maioria dos politicos não passam de uns tachistas, arrivistas e canalhas.
    PS (significa post scriptum, não vá confundir…):
    Já agora faca o um favor; divulgue o seiu vencimento antes de “ser” deputado e o cargo que ocupava e a respectiva entidade empregadora. Tenho vergonha, enquanto licenciado em Filosofia, que o senhor se diga licenciado em Filosofia. Tirou o curso na Independente, na Moderna ou na Livre? Ou pelo contrário, foi bafejado pela sorte ao comprar a farinha Maizena?
    Seja homem e demita-se. Já se viu que não tem estatura para o cargo que (temporariamente, não se esqueça) ostenta.

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