Rediculo

Uma das coisas que mais gosto no nosso país são os diferentes sotaques e como nos identificam.
Não acho mal que eu diga “vermalho”, outros “vermêlho” e mais alguns “encarnado”, até acho muito bem. Acho que faz parte da nossa identidade.

Claro que há, ou deverá haver, um português normativo, aquele que é o português bem falado, de coimbra como costumavam dizer, que poderá servir de referência mas isso não deve levar à anulação (até certa medida) das especificidades regionais.

Já ter um orgão público a optar por “oficializar” uma dessas especificidades regionais, para além de ridiculo parece-me um abuso.
Alguns exemplos do prontuário sonoro da rtp:
Palavra / transcrição
Ministro /mënistru
Visita /vësita/
Vizinho /vëzinhu/
E o que é mais fantástico é que se formos ouvir o som exemplificativo eles substituem mesmo o “i” pelo “e”.
Mas nem tudo está perdido, reparei que ainda não mudaram “treze” por “treuze”.

Comments

  1. xico says:

    No português “bem falado”, ensinava-se em livros escolares de antigamente, que vizinho, visita e ministro se deviam pronunciar vezinho, vesita e menistro.
    Foi assim que aprendi e é assim que digo.
    Não eram regionalismos, mas era a norma.
    Procure livros antigos e verá.

  2. obrigado pela correcção. em conformidade passarei também a dizer taxe em vez de taxi

  3. mjrijo says:

    Eu não sou de Coimbra e sendo assim a minha pronúncia será tudo menos a correcta. Devo então aprender, em conformidade com os livros antigos também a dizer friu e riu Tejo..ou será o Têjo? Por outro lado, eu ainda não sei ao certo o que é uma carcaça…na minha terra diz-se pão, sendo que podemos pedir pão de milho (broa), pão de trigo, de centeio, mistura…Também já ouvi chamar-lhe molete.
    Acho graça saber como se chama cada coisa em cada região… por exemplo, ir ao campo buscar umas trouxitas, recordam-me tempos de infância. Ouvir o meu pai dizer que lhe doem os artelhos, obriga-me a uma explicação aos meus filhos onde são os ditos.
    Agora, essa de ser norma o menistro, a vesita e o vezinho, nunca aprendi. Andei noutras escolas de certeza…mas isto é viver e aprender até morrer. Ainda bem que somos todos diferentes senão a vida era uma monotonia.

  4. Ricardo Santos Pinto says:

    E ainda há o Filipe, que eles insistem em transformar em Felipe, mesmo que seja mesmo Filipe.

  5. Em Coimbra diz-se Mnistro, bzita e bizinho.
    Ve-zi-nho, assim soletrado, é princípio de cena de bordoada.

  6. xico says:

    Não pretendo dar lições a ninguém. Simplesmente limitei-me a chamar a atenção que a pronúncia adoptada pela RTP não é nenhuma modernice. Era assim ensinado em tempos da outra senhora (que eu já não sou novo). Modernice é a pronunciação do r gutural. O r aprendia-se que devia ser “rolado”, nunca gutural. Virou modo porque nunca foi regionalismo em parte alguma.
    Os regionalismos mudam. Lisboa perdeu muito do seu sotaque. Basta ouvirem os fadistas antigos e verão a diferença do seu sotaque para o de hoje, principalmente a forma como se acentuava a última sílaba.
    Não sei se gostava de ver uma norma na RTP. Temos o caso da BBC e da Sky News. é enfandonho ver como os locutores se esforçam por vezes para falar de acordo com a norma que a BBC impõe. O mesmo já não acontece com a Sky.
    Falem como vos aprouver, falem bem ou mal, mas falem!

Trackbacks

  1. […] Mas pergunto: estarão a comentar o post, ou apenas o pequeno excerto do meu comentário ao post de outrém, cujo link está no texto e que apenas tem umas impressões minhas a armar ao engraçado e que […]

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