Uma obra heróica: Luísa Correia


Jamais fui apresentado à Luísa Correia, mas conheço, agradecido, a sua obsessão por nos mostrar aquilo que por muito que tentemos à vista desarmada, não conseguimos lobrigar. Todos os dias pelas ruas deambulamos quase cabisbaixos e não colhemos qualquer benefício do ambiente quase miraculoso em que vivemos. Perspectivas desconhecidas, uma quase indecente beleza que une pedras, plantas e animais, a luminosidade proporcionada por uma paleta de cores que se torna indescritível a cada foto que passa. Não há lugar para qualquer manipulação técnica, ou retoque de postal destinado ao turista. Na obra da Luísa, tudo é autêntico e sem subterfúgios, pois a autora apercebe-se do real valor que os construtores da cidade, talvez na sua maioria inconscientes da sua contribuição para um legado que nos une, foram ao longo de séculos acrescentando à nossa riqueza arquitectónica.

O Nocturno é um blogue de uma categoria dificilmente igualável, amesquinhando ou reduzindo a pó, tudo aquilo que possamos escrever acerca das aterradoras notícias que vão pingando em constantes chuviscos molha-tolos, anunciando a inevitável tempestade final que se aproxima a cada dia que passa.

Dia após dia e mercê do exaustivo trabalho da Luísa, deparamos com uma visão imperial bem diferente da regra europeia de amplas e arrebicadas avenidas, destinadas ao cerimonial que impunha o auto-satisfeito respeito interno e o temor no visitante que logo ao seu país regressava. Aqui, neste centro geográfico do Ocidente, existe essa grandeza despreocupada com convenções, denotando-se a liberdade dos edificadores e um caos organizado que nos deu afinal, a dimensão humana que outras capitais de igualmente extintos impérios, definitivamente não possuem.

A Luísa é uma benemérita e artista do maior valor, em nada ofuscada pelas obras a nós deixadas por outros amantes de Lisboa, que como Botelho ou Maluda, ofereceram sempre beleza, fazendo-nos esquecer o desleixo, a ruína, o negócio torpe e a infâmia iconoclasta de quem se alça a gestor da cidade.

Esqueçam a crise por umas horas e visitem o Nocturno. É um Museu quase desconhecido.

Comments

  1. “Aqui, neste centro geográfico do Ocidente, existe essa grandeza despreocupada com convenções, denotando-se a liberdade dos edificadores e um caos organizado que nos deu afinal, a dimensão humana que outras capitais de igualmente extintos impérios, definitivamente não possuem.”
    Melhor é quase impossível dizer, Nuno! … digo “quase” porque devia ser Universal o slogan: Lisboa é um Luxo Humano – usufrui.

    Ui … ui … tanta coisa que tenho para te contar 😉 desde o Urbanismo Sueco ao Racismo Intelectual face a nós. … Este teu texto trouxe-me “amparo” … foi tão bom ver reflectidos os meus Olhares mas tuas frases-chave sobre LX…

    • Ricardo Santos Pinto says:

      Minha querida, é pena que não nos queiras contar a todos nós. 🙂

  2. F-se!… Ricardo … nem te passa pela imaginação!! … É quase dramático. … Para teres uma Ideia!!! da idiotice sueca … eles ficam em estado de transe quando o Zlatan Joga … o CR7 não passa de um jogadorzinho … os Jornalistas Ý o mundo é q andam distraídos … Ou seja: ainda o desprezam mais do q em PT. ( mas por razões futebolísticas )… Y isto é ainda o lado simpático.

    Y sim … sou capaz de escrever umas coisas sobre o Racismo Intelectual … tratam-te como se fosse um analfabeto funcional vitalício… claro, q sempre com 1 sorriso esmaltado …

    Já agora: cuspir no chão é desporto nacional …

  3. Glória, fiquei curioso. Quem é o Zlatan? Um mitra de Sbrenica ou um talibã de quem eles morrem de medo em Gotemburgo?

    Olha, queres um bom argumento para os chatear? Lembra-lhes que o sr. Olof Palme – sim, aquele do sorriso imbecil -era um dos grandes financiadores de terroristas em todo o mundo, especialmente da Frelimo. Eles queriam os transportes e madeiras de Moçambique e conseguiram. Assim, não se admirem por Palme ter levado um tiro, desfechado por um terrorista. Talvez a bala tenha sido paga pelos contribuintes suecos. Bem feito!

  4. Nuno, os meus renovados agradecimentos. 🙂

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